A relação da escola, da violência dentro dela e da família
Em 2011, uma estudante de 19 anos matou uma colega com um estilete, em frente à escola, na cidade de São Gonçalo dos Campos, Bahia. Já em 2013, na cidade potiguar de José da Penha, outra estudante, desta vez de 16 anos, morreu, também a golpes de estilete, dentro do colégio onde estudava. Mais recentemente, em Suzano, São Paulo, 8 pessoas morreram em um ataque causado por dois ex-alunos. Todos esses são casos de violência que aconteceram em escolas.
Os dados acima mostram apenas uma pequena parte do quotidiano escolar, pois, segundo uma pesquisa realizada pelas Nações Unidas em 14 capitais brasileiras, há uma tendência à naturalização de alguns gestos de violência, como brigas, furtos e mesmo agressões verbais, o que ajuda a agravar ainda mais o problema.
Dentre os diversos porquês para explicar esses casos de agressões e mortes dentro dos colégios está a falta da cultura de respeito à escola e ao ambiente escolar. Enquanto no Japão, os próprios alunos são responsáveis não só pela limpeza, mas também pela conservação das salas de aula, no Brasil, colégios que ousaram fazer estudantes repararem estragos causados por eles mesmos são acusados de “maus-tratos” ou mesmo “trabalho infantil”. Outro motivo que merece destaque é a transferência de responsabilidade dos pais para os professores, não sendo raro os progenitores designarem a missão de “educar” seus filhos aos docentes.
Portanto, é necessária essa mudança de visão de que a escola “é apenas um depósito de gente”; um lugar onde os pais podem deixar seus filhos enquanto vão trabalhar. A população deve entender que ela não é armazém, nem muito menos o lugar onde as crianças e os adolescentes aprenderão a respeitar ao próximo e mesmo o ambiente onde vivem, sendo os responsáveis por transmitir tais valores seus progenitores. Assim, o respeito pela escola e pelo ambiente escolar junto à função de educar cumprida pelos pais — e, por tabela, tendo as crianças e os adolescentes atendidas em suas necessidades mais fundamentais — farão não só com que essa violência caia como, do mesmo modo, o rendimento dos estudantes melhore.