Reflexão sobre o posse de armas no Brasil
Reflexão sobre o posse de armas
Embora a posse de arma não seja somente para homens, a maioria das pessoas que desejam possuir uma arma são homens. Em quais contextos seria necessário uma arma? Violência, assalto, hobby? Tomando o contexto brasileiro, o que se tem dito por ai é que a arma seria para defesa, obviamente em casos de extrema necessidade. Porém a posse não dá o direito do cidadão utilizá-la na rua, apenas tê-la em casa, descarregada dentro de um cofre com senha. Quais são os grandes riscos que temos em casa que seria necessário utilizar uma arma? Assaltos?
Dados apontam que no Brasil, assaltos a mão armada em residencias ocorrem em menor quantidade que a violência doméstica por exemplo. Podemos observar também que a arma não garante a defesa, conforme observado nos vários exemplos noticiados, ainda que se tenha o treinamento adequado não é garantia de sucesso, pois como dito antes, a arma deve estar dentro de um cofre, com senha...
A partir dessa linha de raciocínio, pode-se concluir que a posse é eficaz para quem busca uma arma como um hobby para a prática em lugares apropriados ou como artigo de colecionador, diferentemente do que é dito em debates sobre o tema, onde é tida como resolução dos problemas de violência. Se usada para outro fim, senão o que concluído como eficaz, a arma pode na verdade aumentar os problemas de violência.
No Brasil o número de vítimas de violência doméstica aumenta a cada ano, sendo em sua maioria cometido por homens contra mulheres, o que pode ser classificado como feminicídio - quando o crime é ligado ao gênero. Penso que, se a maioria das pessoas que querem ter uma arma em casa são homens e a maioria das pessoas que cometem violência doméstica são homens, porque estamos dando a possibilidade desses homens se armarem? De quem eles querem se defender? De suas mulheres?
"Ah, mas mulheres podem se armar também". Mais um ponto a se pensar, então a arma que vinha para a defesa pessoal contra bandidos e agressores, agora é para se defender dos maridos igualmente armados?
Por que queremos nos defender das pessoas que - supostamente- escolhemos conviver?
É necessário um debate muito mais aprofundado sobre o tema, muitas áreas devem ser avaliadas, muitas pessoas devem ser ouvidas e acima de tudo, precisamos de um modelo de educação que vise proporcionar às pessoas a liberdade e o respeito entre si e suas individualidades e não mais o medo do diferente e o desprezo entre seus semelhantes.