Bolsonaro já começou errando

BOLSONARO JÁ COMEÇOU ERRANDO
Miguel Carqueija

A cerimônia de posse do novo presidente foi muito bonita e, a rigor, inédita, causando entusiasmo diante das novas perspectivas, do novo estilo de governar, tão diferente da baixaria das esquerdas. Tivemos até libras e discurso da esposa do presidente, algo inusitado porém saudável. E Michele também se pronunciou em libras. Bolsonaro emocionou, ao proclamar impávido, que nossa bandeira jamais será vermelha. É isso que faltava dizer.
Todavia, no mesmo dia, em seu primeiro ato oficial, ele decepcionou: ao decretar o novo salário mínimo, que subiu de 954 para 998 reais.
O cálculo original tinha sido de 1006, o que já é irrisório. Temer, que fez um a série de lambanças no final de seu governo, baixou para 998 mas, mesmo deixando tudo pronto, não assinou. Deixou para Bolsonaro assinar, e este se apressou em fazê-lo. Podia ter questionado, mandar revisar. Será possível que não pôde nem acrescentar dois reais para arredondar o valor e chegar aos quatro dígitos? Ou retornar ao valor inicialmente calculado? Isto iria “impactar” o orçamento? Como agora gostam de utilizar este verbo, quando se trata de mesquinharias com o dinheiro do pobre! Na verdade Bolsonaro podia, num gesto de generosidade, ter decretado 1100 reais, uma miséria mas pelo menos já seria um aumento mais significativo. Da maneira como agiu me lembrou o Tio Patinhas, que paga ao Pato Donald na base de 20 centavos por hora.
Presidente Bolsonaro, não queremos jogar lenha na fogueira, não fazemos o jogo da Rede Globo e do PT, mas também não desejamos ser governados pelo Tio Patinhas, até porque nós não somos patos donalds. Seria bem melhor seguir o exemplo de um personagem generoso, não digo o Papai Noel porque já seria exagero, mas o Willy Wonka. Infelizmente, o primeiro ato do presidente foi um ato falho. Experimente algum político sobreviver com 998 reais por mês.

Rio de Janeiro 5 de janeiro de 2019.