PATRIOTISMO OU NACIONALISMO?
“Só o egoísmo tem pátria. A fraternidade não a tem!”. (Alphonse de Lamartine).
Os gregos discerniam sete tipos de amor, ou, pelo menos, sete graus diferentes em que o amor transita até chegar a um estágio supremo do Amor Ágape, que se caracteriza por um sentido universal, sublime, sacrificial e altruísta.
O Amor Ágape é maior que o amor dos pais para com os filhos (storge), é mais resistente que o amor entre irmãos e amigos (philia), também é muito mais forte que o amor/paixão, erótico, desejo (eros) e, ainda, mais objetivo e realizador que o amor conveniente, que os gregos chamavam de "pragma", de onde decorre a palavra pragmático.
Ágape seria o amor de Deus para com a humanidade, incondicional, reflexo do bem, sinônimo de bondade e compaixão, a exemplo da entrega de Jesus, o Cristo, em prol da humanidade, sendo conhecida a afirmação de João 15:13: "ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos".
A confusão entre patriotismo e nacionalismo segue um caminho semelhante, posto que, em muitos aspectos se confundem e são tomados como termos sinônimos, mas essa confusão é apenas aparente e os seus atributos podem gerar efeitos opostos no mundo exterior.
O patriotismo se define como um sentimento de amor à Pátria, um sentimento complexo que se compõe de um certo desinteresse de buscar reciprocidade, pois não visa a interesses pessoais, é puro, capaz de renúncia, inclusive da própria vida; mas é real, dedicado, não ufanista e não delirante.
Trata-se de um sentimento que permanece, sejam nos momentos de glória ou de humilhação; trata-se de um sentimento maduro, que não julga sua pátria maior que as outras, mais poderosa ou detentora de todas as capacidades científicas ou artísticas, pois o patriota enxerga no estrangeiro uma oportunidade de aprendizado autoconhecimento e crescimento.
Já o nacionalismo se manifesta como uma forma extremada de patriotismo, que por vezes ultrapassa os ditames da razão e do bom senso, gera consigo sentimentos de xenofobia e chauvinismo e normalmente exsurge em momentos de crise política, econômica e social.
Um exemplo patente de nacionalismo exacerbado e de consequências avassaladoras ocorreu com a Alemanha nazista e a malfadada doutrina da "raça ariana" propagada por Hitler e seus asseclas, que trouxe a tiracolo uma guerra de abrangência mundial, campos de concentração, fome, dor e a morte de aproximadamente 47 milhões de pessoas.
Em nosso país, vivemos hoje uma confusão de sentimentos quanto aos destinos da nossa Pátria, movimentos extremistas surgem e se enraízam perante as camadas da sociedade, sejam de direita ou de esquerda, não importa, são prejudiciais quando pregam o ultranacionalismo (nazismo, fascismo ou comunismo), ou o no caso do Brasil o integralismo.
Precisamos aprender com a história e, em tempos de globalização, perceber que a situação da fome na Venezuela, nosso vizinho, e dos demais países em colapso no mundo, como a Síria, o Afeganistão, Sudão, Guiné-Bissau, Somália e outros, nos dizem respeito sim, pois, pertencemos todos a uma aldeia global que se chama "Humanidade"!
Precisamos desenvolver o patriotismo, amar a nossa cultura, nossa língua, nossas raízes; mas precisamos antes, desenvolver o amor ágape, pois o egoísmo tem pátria, mas a fraternidade é universal.