O ÚLTIMO BAILE DA ILHA FISCAL

O ÚLTIMO BAILE DA ILHA FISCAL

"(...) D. Pedro II, ao entrar no salão do baile, desequilibrou-se e levou um tombo. Foi amparado por dois jornalistas. Ao recompor-se, exclamou: "O monarca escorregou, mas a monarquia não caiu!"

Em um momento de profunda crise econômica e política dançou-se o último baile do império, guarnecidos por farto menu e regados por vinhos finos, champagne e cerveja.

A festa suntuosa e a esbórnia com o dinheiro público consumiu aproximadamente dez por cento do orçamento da Província do Rio de Janeiro, duzentos e cinquenta contos de réis.

A pomposa festa foi celebrada no dia 09/11/1889 e tinha por propósito mostrar força e poder e, assim, intimidar os reclames republicanos, todavia, gerou efeito contrário, e a insensibilidade da nobreza derrocou-se com a proclamação da República, uma semana depois.

Em dias atuais, não menos críticos, de profunda crise moral e ética no meio político e administrativo, a população vê, estarrecida, a cúpula do Poder Judiciário prostituir-se perante maganos do Executivo a fim de transvestir a verba injusta, imoral e sórdida do auxílio-moradia como aumento salarial, tornando o seu pagamento definitivo, incorporado ao subsídio, atrelado à aposentadoria e garantidor de privilégios.

Com o aumento de 16% sancionado pelo Presidente Michel Temer aos Ministros do STF, o salário destes 11 ministros sobiu para R$ 39.300,00, trazendo de talabarte os salários de todos os membros do Judiciário, Ministério Público, Advocacias Públicas, etc., etc., num "oba oba", inconsequente e temerário, em um momento de profunda crise econômica, fiscal e previdenciária.

O pior é que nada impede que os juízes ainda busquem pela via judicial (deles mesmos) que o auxílio-moradia volte a ser pago, o que lhes entregará, portanto, o melhor de dois mundos, ganhem o aumento escuso que refletirá em sua aposentadoria e tornem a receber o malfadado auxílio-moradia pela via judicial.

Diante disso, somos obrigados a concluir que o baile não acabou, ... só mudou o figurino, monarquia ou república, ... quem tropeçou eu não sei, mas quem caiu foi sempre o povo!

Já se pode até ouvir a banda tocando os acordes da próxima música: a reforma da Previdência!

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 29/11/2018
Reeditado em 29/11/2018
Código do texto: T6514942
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