"O CATADOR DE PIRILAMPOS..."
 
Da túnica rasgada em que como assombração corria atrás dos pirilampos nas ruas que pouca luz tinha, como louco a caçá-los em buscar incansavelmente dos faróis sem bateria, luzes perambulantes no meio das ruas quando passava em baixo da luz dos postes ainda que fracas perdiam o rumo serpenteando iam de calçada a calçada e ele como cão atrás da caça não parava...
Sempre a correr a pegá-los uma festa quando conseguia...e estes sofriam em suas mãos que apertavam-nos para que ambos com sua pequena força saltassem na palma de sua mão que conseguindo nunca demostrou cansaço e sim feliz demonstrando ter conquistado não se importava com a roupa que rasgada pois passar cerca era costume e tornara tão fácil...enxergava os arames no escuro e como gato saltava vez ou outra com os pés machucados muitas vezes sangrando e seu prazer era pegar vagalumes; perguntando o que havia acontecido sorrindo dizia; Nada!
Na fúria de conquista prazer de ao menos consegui-los para depois soltar, ainda que a lua não tivesse vindo, melhor para notar os pirilampos a distância...não se abatia pela escuridão, ainda que dissessem sobre uma assombração, saci Pererê, também não o assustava muito acreditava em Deus, todos os domingos na missa das nove horas, lá estava o Tocaia nome de que todos carinhosamente o chamavam pois não sentava-se nos bancos da igreja, ficava atrás de um pilar e  olhava o padre prestando atenção mas não mostrava seu corpo olhava e escondia o rosto...realmente de tocaia.
O tempo passava e tocaia também já mocinho tinha vergonha em expressar seu amor a Vanderlusa, linda menina que após seus pais falecerem quando numa tromba d’água passara a morar com os tios Zezé e dona Tina.
Sempre tristonha pois fazia-lhe falta o carinho de seus pais que com seus irmãos partiram para o outro mundo sentindo-se juntamente aos tios, mas à sós, o que a levava-a igreja fazendo-os conhecidos e ele apaixonado.
Calor voltara a reinar e com ele voltam os pirilampos Tocaia na certeza estaria a caçá-los.
Numa noite quando passava por uma mina uma cobra o picou e levado ao seu Luiz benzedor conseguiu salvá-lo e aí então pegou medo em correr pelos prados em busca dos vagalumes.
O tio de Vanderlusa tinha um sítio e precisando de um serviçal convidou-o para ir trabalhar com ele e Tocaia empolgou-se pois na certa encontraria sua amada que o silêncio dominara.
Foi concreta a maneira de pensar pois foi mandado ao curral em que do mesmo cuidava sozinho e Vanderlusa só vinha ajuda-lo a levar o trato dos animais na cocheira o que os tornara bem vistos e sucedidos com seus trabalhos.
Passam-se os dias e amadurecendo aquele amor em que pela colega já há muito, falece o seu Zé do leite que aposentado permanecia no sítio pois não seria justo despedi-lo indo pagar aluguel sendo que desde que comprado o sítio lá já morava.
Já moço convidado pelo seu Zezé e dona Tina se não aceitaria vir morar no sítio em que tinha o privilégio de criar galinhas, porcos inclusive pelo aceite deram-no um garrote muito bem tratado, espelho daquele sítio.
Feliz sem felicidade, trocando ideia, batendo papo, pedira a mão de Vanderlusa em que sentia por ele algo que não sabia explicar e apenas sentir e ele, sabia sentir explicar, porém tinha medo de se enjeitado.
Seu Zezé e dona Tina que já eram de seus cinquenta anos essa faixa mais ou menos que por motivo desconhecido não puderam ter filhos e como filho tomou-o com enorme carinho.
Casam-se tem um lindo herdeiro Sindelfonso o qual era paparicado pelo seu Zezé dona Tina mais que pelos próprios pais.
O menino cresce forma-se e chegando do Colégio de férias, convidado pelo seu Zezé e dona Tina seus padrinhos do batismo a irem à cidade vizinha ...foram em meio a estrada um acidente caminhão desgovernado ganhou pista contrária indo bater na caminhonete amarela do seu Zezé e dona Tina que faleceram no local e Sindelfonso o único sobrevivente.
Convocado pelo Senhor Juiz daquela Comarca após longa investigação e notando único afilhado então passa a propriedade em nome de Sindelfonso que herdara por ternura entregando aos seus pais em que dá túnica que ganhara quando menino de seu pai aprendiz de catador de vagalumes hoje devolve-lhe o sítio por gratidão.
 
Barrinha 20 de novembro de 2018
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antonioisraelbruno
Enviado por antonioisraelbruno em 20/11/2018
Reeditado em 21/11/2018
Código do texto: T6507643
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