"O TRABALHO DIGNIFICA O HOMEM"; "MAS PAULIFICA O TRABALHADOR!".

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Rio de Janeiro, Quinta-feira, 1 de Novembro de 2018

E contando a minha entrada na vida profissional, logo em tenra idade, indo trabalhar num serviço ligado à fotografia, lembro do aprendizado por qual passei, durante quase uns quatro anos de minha vida. Isso já para o final da década de sessenta, do século anterior ao que estamos vivendo.

Umas das atribuições que adquiri nesse serviço foi preparar os reveladores que os dois profissionais fotógrafos usavam em seus dia a dia. Havia a necessidade de se fazer dois tipos de reveladores, o do papel fotográfico, as fotos reveladas, e também o dos filmes usados nas máquinas fotográficas, que dariam o final nas fotos em papel.

Ambos os profissionais faziam a mesma coisa. Tanto na parte de filmes quanto na de papel fotográfico. E a incumbência de fazer os reveladores era minha. E eu usava uma balança específica para tal. Ela proporcionava pesar as substâncias químicas em frações reduzidas, para serem misturadas à água, em quantidades medidas, dando, então, o resultado dos reveladores.

E lembro ainda de algumas substâncias. Eram usados os produtos Metol, Fenidona, Hidroquinona, Sulfito, Hiposulfito, Ácido acético, dentre outros que o tempo não me permitem mais lembrar. E deviam ser observados certos graus de temperatura para seus usos, já como reveladores.

O interessante era que esses processos de revelação deveriam ser efetuados num quarto escuro, onde apenas uma lâmpada vermelha podia ser acesa durante o manejo na elaboração das fotografias. Já os filmes podiam ficar sob uma luz verde. Mas nada tão intenso, apenas para permitir a quebra da escuridão total.

E quando um dos dois profissionais patrões terminava sua tarefa, eu assumia a seguinte, que era a de colocar as fotografias para lavagem em água corrente, e/ou pendurar os filmes já revelados para secagem numa linha onde eles eram colocados. Como também, dependendo da urgência na entrega das fotografias, era usado o processo de secagem numa máquina ali disponível para isso.

Hoje em dia tudo é muito diferente de antes. Praticamente não se trabalha mais com nenhuma substância química. Também os equipamentos são todos digitais, facilitando os manuseios, manutenções e execuções daqueles processos pelos quais os profissionais antigos passavam e passaram.

Mas eu não me tornei um fotógrafo profissional. Em 1970, logo no início, meu irmão mais novo que trabalhava no escritório de uma construtora de piscinas, conseguiu uma vaga para mim no Departamento Pessoal, e lá fui eu enveredar por outra área profissional, na qual atuei por quase dezessete anos, tornando-me um baita profissional dessa área, com sólidos conhecimentos em legislações trabalhista e previdenciária.

E antes que me esqueça, havia um processo de descoloração e coloração automáticos, nas fotos que seriam coloridas manualmente por profissionais dessa área. Chamava-se sépia. Naquela época era de cor amarronzada, mas hoje as máquinas digitais usam esse mesmo processo com outras cores mais, a azul é uma delas. E as substâncias usadas produziam um odor pra lá de fétido, insuportável de respirar. Felizmente esse processo só era usado por nós muito esporadicamente.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 01/11/2018
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