PASSANDO CARONA NO TREM
Quinta-feira, 4 de Outubro de 2018
A garotada de hoje em dia nem imagina as brincadeiras que tínhamos nos anos sessenta, por exemplo. E para quem morasse em bairros distantes do centro de uma cidade ou numa delas do interior do país, as opções eram muitas.
Quando fui morar no bairro de Anchieta em 1964, aquela região era ainda bastante verdejante. Isto implica dizer que os lugares livres, só cobertos por vegetações, eram muitos e diversos, nos proporcionando a muitas brincadeiras e diversões.
Dentre brincar no meio de um matagal, percorrendo as trilhas que ali
haviam, amarrando cipós nos caminhos para que alguns caíssem quando passassem na corrida, era uma das mais divertidas. Até mesmo montar arapucas com varas de guaximba para capturar passarinhos.
A guaximba era uma planta que dava no meio do terreno, crescia talvez até um metro de altura e produzia um caule fino, com mais ou menos um centímetro de diâmetro, o que facilitava a montagem dessas armadilhas.
Dentre os pássaros que haviam naquelas redondezas, podia-se ver pardais, rolinhas, sabiás, coleiros, assanhaços, dentre mais alguns. Os canoros eram engaiolados e até vendidos a quem os quisesse. Já as rolinhas, serviam de petiscos. Eram fritos e serviam de tira-gosto. Naquela época não havia proibição nesses atos.
O exercício de soltar pipa era um dos mais realizados. E como espaços abertos eram muitos, tal diversão tomava o tempo da gurizada. E foram muitas as vezes que eu e outros colegas colocamos cacos de vidros na linha férrea, para que o trem ao passar sobre eles, moía-os, servindo ao preparo do que chamavam de cortante ou cerol.
E por falar em trens, não foram poucas as vezes que eu e muitos colegas passávamos carona na estação e andávamos de graça nesse transporte. Naquela época os trens eram de um estado lastimoso.
Mas a partir de uma certo tempo, a ferrovia lançou um trem novo, que na época era considerado moderno, o qual a população deu o nome de "Vanderlei Cardoso". Porque era um trem bonito, tal qual o artista. Mas havia uma outra conotação empregada também, que colocava em dúvida a masculinidade daquele cantor. Coisa explorativa, só.