27 anos do maravilhoso console Super Nintendo.
Lembro-me de quando esse bagulho era uns 800$ conto no mercado. Quem tinha um era privilegiado. Mais privilegiado ainda quando tinham bons cartuchos. Mas para quem não tinha condições de comprar um, sobrava então os fliperamas; na época de 90, as casas de jogos bombavam, viviam lotadas, era muito divertido. Com sete anos já frequentava tais ambientes. Era uma vida difícil, pois éramos pobres, a ausência de pai contemplava as dificuldades, mas foi graças aos vídeo games que houve alegria e divertimento nesse período. A vontade de jogar era tanta que todo dinheiro que conseguia já tinha destino certo, kkkkk. Até o troco do pão já estava comprometido. Infelizmente, nessa época, também aprendi a roubar. Sim! Não nego. Todos que me conhecem sabem que sou sincero. Foi o início de uma vida de divertimentos e traumas, pequenos furtos e muitas outras desvantagens sociais devido a extrema carência. E tudo porque eu queria jogar video game, sentir o controle de Super Nintendo nas mãos, esticar a ponta dos dedos dos pés para enxergar à tela dos arcades... deixar à imaginação fluir e me perder nela. Tudo teria se resolvido se eu tivesse um vídeo game em casa, e com certeza eu não teria aprendido metade das coisas ruins que hoje infelizmente carrego nas costas e na consciência. Mas não culpo ninguém, afinal de contas, éramos pobres, mal tínhamos condições pagar o aluguel, de obter o alimento. Bem, na verdade, se for para apontar um culpado, seria eu, que escolheu tal caminho, e meu pai, mas não quero focar nisso.
Quantas vezes também minha mãe vivia atrás de mim nos fliperamas. Inclusive ela já chegou a fechar alguns, porque funcionavam sem alvará de licença. Kkkkkk. Mas não adiantava! A peregrinação era tanta que às vezes eu chegava atravessar a cidade só para jogar e também para não correr o risco de ser flagrado por ela. A vida louca começou desde pequeno.
Logo aos dez anos eu já era considerado bom. Fazia coisas que muitas crianças mais velhas, ou mesmo adultos, não conseguiam. Cheguei a surpreender muitos donos de fliperamas devido as minhas habilidades, e com doze anos, já tinha conseguido meu primeiro emprego em uma área relacionada (quem aí lembra do Gugu Vídeo Game, abaixo do colégio Dona Yayá?). Posso dizer que sou um dos poucos gamers que conheceu todos os fliperamas de Catalão, ou pelo menos quase todos (Japa, Gugu, fliper da rua do córrego, Vandeval, fliper do morrim das três cruzes, fliper do marca tempo, fliper do Pontal, seu Antônio, fliper da vó do Waltim, fliper do Barroso, fliper da praça redonda, Dona Maria, Toinzim, Tiago, Ricardo, Sueidi, finado Godzilla, Porcão... todos são memoráveis; talvez eu tenha me esquecido de algum, mas se vier na memória, edito este post e o menciono ). Melhor ainda era a época das barraquinhas, onde chegavam arcades de Goiânia. Até hoje mantenho contato com o japonês que tinha o maior estoque de arcades que já vi até hoje (ele está no ramo há mais de trinta anos). Meu era top demais. Passava o dia e a noite somente nestes lugares; às vezes, sem nem um tostão no bolso, mas gostava de ficar ali, vendo o movimento constante, azarando os players pra poder jogar, kkkk.
Apesar da vida difícil, tudo era contemplado com games e futebol, minhas diversões da época. Sinto saudades, apesar das dificuldades vividas. Em trinta anos de vida, nunca me senti tão nostálgico como agora. Só quem viveu aquela época pra saber. Vejo as crianças e adolescentes do mundo de hoje, reclamando por tão pouco, se perdendo em mundos cada vez mais perigosos e sem voltas; decidindo trilhar caminhos de ego e ambição, muito por vezes apenas por fazer, por querer se mostrar ou por querer obter as coisas fáceis demais, quando na minha época de infância e adolescência, tudo o que eu queria era um Super Nintendo, coisa que foi demorar para mim ter. Mais especificamente com 16 anos fui obter o meu primeiro (roubado, por sinal).
Felizmente as coisas mudam! Hoje tenho uma vasta coleção de consoles, do mais antigo ao mais atual. Tenho vários emuladores e posso ter todos os vídeo games existentes em um único computador, montado e configurado por mim mesmo, da minha maneira. Só que infelizmente à diversão já não é a mesma (mesmo porque à época é outra), mas por respeito e quesitos de história, a chama destes clássicos jamais irão se extinguir, pelo menos não para mim.
Um salve há todos que viveram essa maravilhosa época retrô.