GREVE DOS CAMINHONEIROS, UMA TORRE DE BABEL OU O SAMBA DO CRIOULO DOIDO?

"Este é o samba do crioulo doido. A história de um compositor que durante muitos anos obedeceu o regulamento, e só fez samba sobre a história do Brasil. Até que endoidou de vez... (Sérgio Porto)".

O movimento que parou o pais, causando desabastecimento, filas intermináveis e uma sensação de "nó na garganta" do povo brasileiro, apresenta-se como fato político, difícil de ser conceituado e até mesmo de ser entendido.

A exemplo da Babel bíblica, desde o início da paralisação, percebemos que havia uma imensa dificuldade de comunicação tanto internamente ao movimento, quanto em relação à mídia e até mesmo perante nos diversos seguimentos políticos, ora apoiando o movimento, ora refutando-o veementemente.

Já sustentamos em artigo anterior que não se trata de greve, pois referido instituto somente se caracterizaria por ato coletivo de empregado contra o empregador; até porque, extra-oficialmente o protesto foi encabeçado, ou ao menos, encorpado pelas transportadoras, que a rigor não pode fazer greve, pois, a lei proíbe greve de empregador, ou lockout, ou locaute.

Entretanto, foi no mínimo curioso, ver nas mesmas trincheiras do protesto movimentos políticos antagônicos, bem como ícones políticos opostos como os Senadores Roberto Requião, Lindenberg Farias e o presidenciável Deputado Bolsonaro, fazendo coro com os caminhoneiros e simpatizantes aos gritos de "fora Temer".

Por outro lado, a pauta recebida pelo governo, e mais ainda, as medidas deferidas no sentido de "não oneração da folha de pagamento", somente poderiam interessar às transportadoras e não aos caminhoneiros autônomos.

Como assim? O locaute é proibido, mas a principal reivindicação acolhida beneficia as empresas transportadoras e não os autônomos.

Diante desse imbróglio todo, quem sofre é o povo perante uma paralisação total, que não se sabe nem se terminou, deixou de ser greve, virou protesto, se é legal ou não, mas que causou e continua causando desabastecimento de produtos essenciais, filas intermináveis e uma única certeza, a de que quem vai pagar essa conta é o Povo.

O Brasil é mesmo de endoidar qualquer um!

"Oô, oô, oô, o trem tá atrasado ou já passou?"

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 01/06/2018
Reeditado em 01/06/2018
Código do texto: T6352503
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