Animais têm alma?
ANIMAIS TÊM ALMA?
Miguel Carqueija
Essa questão costuma ser neglicenciada e por conta dessa negligência ocorrem muitos maltratos (alguns inomináveis) a estes seres.
Os animais, pelo menos os superiores, possuem senso lúdico. Prestem atenção nos cachorros: eles brincam entre si ou com os donos, e com crianças. Ora, é impossível ter senso lúdico sem ter alma. Pedras e cadeiras não possuem senso lúdico.
Tive amizade com um professo de Grego que era excelente pessoa. Um homem já idoso quando o conheci, já foi para o Além há décadas. Era católico, e um bom católico.
Uma vez toquei nesse assunto com ele, afirmando que maltratar animais era pecado. Ele achava que não. Sei que não havia maldade em seu modo de pensar: apenas ele não tinha com animais a empatia que outras pessoas têm e, por não pensar no assunto, deve ter estranhado a minha proposição. Mas eu mostrei um exemplo hipotético extremo: imaginemos um indivíduo que, por sadismo, pega um esquilinho ou qualquer bicho indefeso e o esfole vivo, divertindo-se com o sofrimento do pobrezinho. Deus não irá ver isso como pecado?
Talvez um tanto embaraçado o Professor Marques respondeu que não chegava a ser um pecado mortal. Mas, por que? Só se admite pecado mortal contra seres humanos? Eu não concordei com isso, argumentando que o que se passa na cabeça de um sádico durante a prática de seus atos infames só pode ser pecado mortal. E quem maltrata animais é capaz de fazer com seres humanos (tortura inclusive).
De lá para cá elaborei mais um pouco minha argumentação. Posso lembrar que se alguém entra num museu de arte e danifica voluntariamente, por vandalismo, telas e esculturas, está cometendo pecado mortal. E se há pecado mortal em causar dano a objetos inanimados, que dirá a seres vivos que possuem o sentido da dor!
Nós somos ontologicamente superiores aos animais. Todavia esta superioridade não é para ser exercida espezinhando essas criaturas, mas amando-as e protegendo-as.
Em sua maior parte, pelo que observei na vida, os católicos são pessoas sensíveis em relação aos bichos. Encontrei católicos insensíveis, que os desprezam, mas creio que são pequena minoria. São Francisco de Assis não é o único santo ligado aos animais: existem Santo Antônio de Pádua, São Marinho de Lima, Santa Rosa de Lima, São João Bosco (com seu cão misterioso, o Grigio) e muitos outros.
Rio de Janeiro, 24 de maio de 2018.
(foto particular: Utena, falecida em 2016)
interações: Freya, Trovador das Alterosas
ANIMAIS TÊM ALMA?
Miguel Carqueija
Essa questão costuma ser neglicenciada e por conta dessa negligência ocorrem muitos maltratos (alguns inomináveis) a estes seres.
Os animais, pelo menos os superiores, possuem senso lúdico. Prestem atenção nos cachorros: eles brincam entre si ou com os donos, e com crianças. Ora, é impossível ter senso lúdico sem ter alma. Pedras e cadeiras não possuem senso lúdico.
Tive amizade com um professo de Grego que era excelente pessoa. Um homem já idoso quando o conheci, já foi para o Além há décadas. Era católico, e um bom católico.
Uma vez toquei nesse assunto com ele, afirmando que maltratar animais era pecado. Ele achava que não. Sei que não havia maldade em seu modo de pensar: apenas ele não tinha com animais a empatia que outras pessoas têm e, por não pensar no assunto, deve ter estranhado a minha proposição. Mas eu mostrei um exemplo hipotético extremo: imaginemos um indivíduo que, por sadismo, pega um esquilinho ou qualquer bicho indefeso e o esfole vivo, divertindo-se com o sofrimento do pobrezinho. Deus não irá ver isso como pecado?
Talvez um tanto embaraçado o Professor Marques respondeu que não chegava a ser um pecado mortal. Mas, por que? Só se admite pecado mortal contra seres humanos? Eu não concordei com isso, argumentando que o que se passa na cabeça de um sádico durante a prática de seus atos infames só pode ser pecado mortal. E quem maltrata animais é capaz de fazer com seres humanos (tortura inclusive).
De lá para cá elaborei mais um pouco minha argumentação. Posso lembrar que se alguém entra num museu de arte e danifica voluntariamente, por vandalismo, telas e esculturas, está cometendo pecado mortal. E se há pecado mortal em causar dano a objetos inanimados, que dirá a seres vivos que possuem o sentido da dor!
Nós somos ontologicamente superiores aos animais. Todavia esta superioridade não é para ser exercida espezinhando essas criaturas, mas amando-as e protegendo-as.
Em sua maior parte, pelo que observei na vida, os católicos são pessoas sensíveis em relação aos bichos. Encontrei católicos insensíveis, que os desprezam, mas creio que são pequena minoria. São Francisco de Assis não é o único santo ligado aos animais: existem Santo Antônio de Pádua, São Marinho de Lima, Santa Rosa de Lima, São João Bosco (com seu cão misterioso, o Grigio) e muitos outros.
Rio de Janeiro, 24 de maio de 2018.
(foto particular: Utena, falecida em 2016)
interações: Freya, Trovador das Alterosas