O VAZIO NO BANCO DE TRÁS

O melhor de uma carona para o motorista é gostar do caroneiro. Os três amigos praticamente todos os dias se reúnem num ambiente bem familiar para muitas pessoas, mas neste caso, não é somente familiar é uma viagem que se fosse mais longa, ainda seria pequena.

De dentro do carro, na volta para casa, depois de horas de estudos, os três aproveitam os fatos da noite para comentarem com bom humor cada detalhe observado. É um autor, uma obra, um texto, uma fala, um professor, um outro colega, qualquer coisa que pode expressar uma crítica bem humorada e sem maldade. Rir de si mesmos é o que mais fazem. E riem sem piedade tornando a viagem uma praça de alegria.

O rádio toca um música, o locutor faz um comentário, a propaganda, o participante do programa, enfim, há riso em tudo. O motorista sempre atento, não perde a piada e quanto mais ri, menos pressa tem de chegar. No banco dianteiro direito um figurão. Para ele não tem tempo nem hora ruim o que existe são projetos de vida e sonhos de um dia concretizá-los. O menino de 21 anos de idade é a prova viva de que por mais díficil que seja viver a alegria de enfrentar cada obstáculo é o que dá sentido a vida, é o que a faz ficar interessante e perene.

A lembrança de uma apresentação de trabalho não tão bem sucedida ou até mesmo bem sucedida, já é mais um motivo para que a viagem se torne outra vez o prazer de voltar para casa em tão boa companhia. No banco de traz, uma pecinha de 18 anos, tão criativo e inteligente, sugere humor a cada palavra que profere. Sem preconceito e sem maldade no coração, traduz em suas falas a euforia do estado de alma que lhe patrocina a vida que leva. Falar de coisas sérias é uma animação a qual conduz seu bom discurso.

Há dias, porém, que por mais divertido que seja a viagem parece que falta uma peça importante para que a engrenagem seja completa naqueles poucos minutos de duração em nosso retorno para casa. Apesar do bom humor estar sempre presente em todas as viagens de volta o vazio no banco de trás é um prelúdio que não queremos dar, mesmo que seja apenas nas quintas-feiras.

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 08/05/2018
Reeditado em 08/05/2018
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