Uma difícil decisão – Um novo começo (Capitulo IX)

Após a comoção, o enterro, era chegado o momento de legalizar as coisas, para preservar a família e a própria memória da falecida, o juiz foi aconselhado por um amigo para reconhecer a paternidade da menina Angel numa adoção legal.

Angel concordou com a proposta, mas exigiu que Carla também concordasse e que eles permitissem a ela continuar com o projeto de ajuda para as crianças: o reforço escolar.

Carla não se opôs, pois para toda a sociedade ela continuava sendo a filha legítima e Angel a adotiva.

Angel era diferente e não dava muito valor ao dinheiro e as posses, dizia que tudo deveria servir a Deus, no atendimento aos nossos irmãos.

Angel conquistava prêmios em humanidade e era reconhecida por sua generosidade, Carla era a filha que administrava os bens que fazia as fazendas e outras posses da família progredirem.

Angel doava muito de si mesma, de seu tempo, de suas horas de lazer, ela tinha ideias e fazia as coisas acontecerem.

Nunca invejou a posição da irmã. Era simples e sincera, não tinha medo das pessoas, nem das coisas, dizia sempre que estava de passagem.

Carla foi passar um fim de semana em companhia da irmã e quando brigou com um homem este puxou uma arma e Angel quando viu pulou na frente levando dois tiros. Ao cair no chão sendo abraçada pela irmã, sorriu e disse:

_ Salvei sua vida de novo! Faça valer a pena.

A partir daquele dia muitas coisas mudaram na vida de Carla, do juiz e de Ana Lucia, aquela luzinha havia se apagado para este mundo e se tornou luminosa no outro.

Para muitos isso era uma injustiça, mas a Justiça Divina jamais falha ou erra o alvo, aquela que hoje ficava para receber os afagos dos pais, a fortuna adquirida, que era a herdeira natural por todas as circunstâncias da vida, era a legítima herdeira perante as leis divinas.

Num passado distante a irmã movida pelo ciúme fez um acordo com a sogra de sua irmã pelos laços da consanguinidade. A sogra envenenou e a irmã herdou os bens, o desgosto matou os pais, a sogra enlouqueceu diante do sofrimento do filho, mas a noite do tumulo alcançou a todos.

Angel era a irmã que tramou; a sogra era Júlia; os pais eram Ana Lucia e Carlos; Carla era a filha assassinada pelo próprio sangue; o amor é o tio que encontrou no amor parental a sublimidade, que deve existir nas relações.

Todos unidos em solidário encontro de reajuste e benção.

Ninguém fere a lei divina

Onde julga haver injustiça

Há reparação e misericórdia

Onde julga haver dor

Há na verdade sublime oportunidade

Na vida material há um verbo a ser conjugado

Amar, amar e amar...

Para todo o sempre!

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No gesto sublime de Angel ela conquistou em definitivo a redenção de seus crimes, Júlia que suportou a ausência, a ofensa, a miséria e a dor, reparou assim muito de seus erros passados.

A lei Divina nunca falha ou erra, mas nós humanos somos convidados diariamente pela mesma lei ao exercício sublime da fraternidade, da solidariedade e do amor, pois é dever de todos nós amenizarmos as dores de nossos irmãos.