Uma difícil decisão – Os sonhos (Capitulo VIII)
Ana Lucia correu e abraçou Angel, que lhe retribuiu o abraço e disse baixinho:
_ Eu sei que você é minha filha! Eu me lembro de sonhar com uma menina tocando o piano. Sempre achei que era Carla, mas ela nunca quis aprender.
Júlia sentiu ciúmes, assim como Carla. Mas a verdade era gritante, pois a semelhança entre as duas era algo desconcertante. Aquele momento harmonioso só foi quebrado pela voz alterada de Carlos.
_ A senhora vai apodrecer na cadeia!
Angel se atirou aos pés do pai e implorou:
_ Por tudo que há de mais sagrado em sua vida, em nome do Pai maior, de nosso irmão Jesus, não faça mais nenhum mal a essa mulher, que me foi mãe carinhosa e zelosa, que muitas vezes dormiu com fome para que não me faltasse nada... Angel ajoelhada aos pés do pai a implorar por Júlia comovia até as pedras mais endurecidas da Terra, pois ela havia sido sua única vitima e se considerava uma abençoada, privilegiada e muito mais rica do que aqueles que se encontravam diante dela. As lágrimas rolavam dos olhos de Angel e de todos os olhos presentes, cada um com seu motivo especial.
E ela lembrando-se de um sonho que tivera com o juiz disse.
_ O senhor se lembra do processo 400286/5, que o senhor tinha que julgar, que já havia uma semana e o senhor não conseguia se decidir, até que na noite de 25 do três o senhor sonhou com seu pai, o senhor lembra-se da recomendação?
O juiz balançou a cabeça com os olhos cheios de lágrimas. E Angel continuou.
_ Ele lhe disse “ponha-se no lugar dessa mulher”. E assim o senhor resolveu o caso na hora.
O Juiz deixou-se cair ao chão de joelhos chorando, pois tudo era verdade. Ana Lucia abraçou o esposo e ambos abraçaram Angel. No chão, ajoelhados, eles choravam sem parar.
_ Eu também sonhei com você. Disse Gio.
_ O senhor foi quem me falou do projeto se lembra? Mas quando o senhor chegou em minha casa para me falar, eu disse que o senhor já havia falado no sonho. O senhor riu e me levou lá, com a minha madrinha, pois mamãe estava trabalhando e me apresentou todo mundo, disse que era meu tio e todos me receberam bem.
_ Verdade!
_ E a namorada que você me arrumou?
_ Não fui eu! Foi o vô. Ele que disse que aquela moça era boa demais.
_ Eu sei! Eu vou casar com ela em breve. Você quer ser nossa dama de honra?
_ Mas eu sou sua dama de honra!! Exclamou Carla.
_ Mas podem ter duas ou até mais, não pode? Eu ficaria muito feliz de entrar com você minha irmã, para homenagearmos nosso tio, claro, se você quiser?
Carla ficou sem voz, pois achava que Angel iria tomar tudo dela, mas ela chamou ela de irmã, ela sempre quis ter uma irmã...
Todos estavam olhando para Carla quando ela disse:
_ Sim!
Júlia sorriu e disse:
_ Filha querida eu sempre vou te amar! E como se algo faltasse, mas entendendo que ambas as crianças estariam amparadas, ela sentiu o coração disparar e falhar ao mesmo tempo. Disse dirigindo-se a Angel.
_ Mãe! Correu Angel ao ver Júlia cair da cadeira. Abraçou-a e chorou.
_ Cuide de sua irmã e me perdoe...
_ Não há o que perdoar, Deus te ama e eu também, fica comigo, não vá agora?
Neste instante Carla entendeu que Julia estava morrendo e seu coração acelerou, então foi se aproximando. Angel segurou a sua mão e disse para Carla:
_ Você acha nossa mãe bonita, não é? E olhando para jovem que estava de pé.
_ Sim! Disse Carla balbuciando e ajoelhando ao lado, mas ela na verdade respondi no automático, pensando na outra mãe Ana Lucia.
Mas aquela resposta bastou para selar a jornada de Júlia, que partia desse mundo em direção ao outro.
Continua....