Uma difícil decisão – O piano (Capitulo VII)

Angel aponta para o piano no canto da sala e pergunta:

_ Posso?

_ Sim! Responde Ana Lucia.

E diante de todos, ela vai até o piano e levanta o forro, abre um compartimento secreto e retira minúscula chave, que usa para abrir a tampa, puxa o banco, senta-se e começa a dedilhar sobre as teclas.

_ Vou tocar uma musica, que o velho me ensinou. E dedilha uma pequena melodia de minar.

Ana Lucia e Gio se abraçam, pois aquela musica era tocada todas as noites pelo pai deles antes que ele os mandasse para suas camas. Com a recomendação de falarem com Deus antes de fecharem os olhos.

_ Quem ensinou essa musica para você? Perguntou Gio.

_ Foi o velho, ele me traz aqui, ele me ensinou a abrir o compartimento e me ensinou a tocar, ele me levou a Paris há dois anos atrás e lá eu encontrei vocês, a senhora, o senhor, seu esposo e sua filha. Ele me disse que no escritório tem um quadro atrás da mesa de quando ele usava bigode.

Carlos e Carla ouviam ao relato da jovem perplexos. Então ele chama todos para o escritório.

_ Esse é o homem em teu sonho, menina?

_ Sim, senhor! Mas ele não usa mais o bigode e está mais magro.

_ Por que ele trouxe você aqui?

_ Para me ensinar piano, pois eu não fui selecionada no projeto da ONG Esperança. E ele me levou a Paris para ver as grandes obras de artes, eu estava com vocês quando a filha de vocês (apontando para Carla) disse que “Monalisa nunca poderia ter sido considerada uma bela mulher com aquele sorriso sem graça, mas já que vocês achavam ela bonita jamais poderiam reclamar do sorriso dela” e todos vocês riram da inteligência dela.

_ Meu Deus! Quem é você? Disse Carla. Mãe você contou isso para alguém? Pai? Tio?

_ Não! Foi a responda unânime.

Todos estavam passados com o fato, pois era tudo verdade. Marilda se benzia, pois morria de medo de coisa do outro mundo. Dona Cecília arrepiava sem parar e Julia tinha a certeza de que Angel sempre esteve junto com os seus.

_ Eu sou Angel! Moro na entrada do lixão em uma casa de três peças, com banheiro, dou aula no centro comunitário para as crianças carentes, eu ajudo elas com as tarefas e as vezes tio Gio leva bolos e pães para todos lá. Eu estudo, estou terminando o segundo grau, vou prestar vestibular numa universidade publica e vou ajudar minha mãe...

_ Ela não é sua mãe! Ela é um monstro. Disse Carla.

_ Não! Ela apenas fez uma escolha difícil, ela quis salvar sua vida, achou que você precisava de cuidados e fez o que julgou certo. Deu para você novas oportunidades... E olhando para Julia continuou... E nunca me tirou nenhuma, eu sempre fui feliz, nunca me faltou nada, tenho madrinha, teto, oportunidades de fazer o bem todos os dias e agora percebo que nem longe de vocês estive, pois sempre sonhei com vocês. Quando era criança vinha aqui brincar de boneca, você ficou tão feliz quando ganhou a casinha, que até me deixou entrar. Lembra-se disso menina?

_ Você era a menina dos meus sonhos? Disse Carla caindo para trás.

Continua...