Uma difícil decisão – O fotógrafo (Capitulo V)
Gio chegou ao local, onde Angel ensinava matemática e português para as crianças do lixão e também ajudava nas tarefas. Parou na porta admirando aquela jovem menina de quase quinze anos e então pode ver sua irmã nela e toda a sua beleza, era uma alma nobre.
Voltou no tempo e reviu o dia que encontrou Angel pela primeira vez. Ele estava fazendo fotos no lixão das pessoas e das belezas escondidas naquele lugar de tristeza e dor.
De longe uma menina de oito anos olhava para ele, ela destoava de tudo, tinha os olhos mais meigo e doce que ele já havia visto. Estava limpa, cabelos arrumados e vestido muito simples. Ela sorriu para mim.
Fui ao encontro dela, sorri, cumprimentei-a e me surpreendi com a educação e as maneiras então fizeram lhe uma pergunta.
_ Posso tirar umas fotos sua?
_ Um momento, por favor! Vou perguntar a minha mãe.
E correu para dentro de barraco simples, mas aparentemente limpo. Voltou de lá, acompanhada por Júlia, que me olhava desconfiado.
_ Bom dia! Posso tirar umas fotos de sua filha?
_ Bom dia! Por que quer tirar fotos dela?
_ Por quê?... Balbuciei. Olhando para a menina.
_ Então?
_ Eu achei a menina muito linda e trabalho para um jornal...
_ Não! Não quero minha filha aparecendo em jornais,... tem muita gente ruim no mundo... Não!
Compreendi a preocupação.
_ Tudo bem! A gente não precisa de foto para se lembrar de como a gente é. E ficou olhando para a rua debaixo onde o carrinho de cachorro quente parou.
_ Você gostaria de ter uma foto, menina?
_ Sim senhor! Uma foto de mamãe e eu.
_ O que você está olhando?
_ O cachorro quente, nunca comi, mas todos dizem que é uma delicia.
_ Você quer um? Pensei em barganhar, mas alguma coisa me impediu.
_ Sim, mas não podemos comprar. Precisamos economizar o dinheiro para comprar o remédio de mamãe.
Aquilo me comoveu na hora. Fiz um sinal e chamei o moço, que veio seguindo por várias crianças.
Comprei o cachorro quente e na hora que eu fui dar para ela, ela olhou para a mãe que estava com lagrimas nos olhos, mas assentiu com a cabeça.
Então ela pegou, mas antes que mordesse olhou as crianças em volta, correu para dentro e voltou com um prato e uma faca, me agradecer, olhou para o céu e dividiu em vários pedacinhos, deu o primeiro e maior para sua mãe e distribuiu os outros pedacinhos entre as crianças e separou um pedacinho para mim também.
Comeu o seu pedacinho, eu peguei o meu e fiquei com a garganta estrangulada e os meus olhos vazavam, pois homem não chora.
A mãe disse feliz ao ver como eu estava. Enquanto a menina corria com as crianças rindo, felizes.
_ Essa é minha filha! Meu pequeno anjo. Obrigada.
_ Como ela se chama?
_ Angel! Disse a mãe sorrindo.
_ E a senhora?
_ Júlia.
Ela era realmente um anjo. Fiquei ali observando Angel brincar e nem vi o tempo passar. Quando voltei a mim, já estava escuro. Foi quando fiquei mais uma vez comovido com ela.
_ O senhor vai embora?
_ Sim!
_ Mãe! Vamos leva-lo até a entrada? Disse ela com preocupação.
_ Moço, espere um pouco, vou encostar a porta do meu barraco.
_ Eu sei o caminho senhora...
_ Nós vamos levar você para que ninguém te faça mal, pois já está de noite. Disse aquele projeto de gente.
_ Por que alguém me faria mal?
_ Porque as pessoas tem medo de estranhos.
_ Você não tem?
_ Não! Porque todos somos irmãos.
Ela falou com tamanha sinceridade que me comoveu até a alma. Assim que começamos a caminhar eu vi homens armados saindo da escuridão.
_ Agora pode ir para casa em segurança! Disse Júlia.
_ Meu nome é Gio! Estiquei a mão e cumprimentei as duas, que sorriram.
Fui embora e não consegui dormir, aquela criança me lembrava de alguém, mas não me ligava quem era até hoje.
Ela era uma cópia em miniatura de minha irmã. Papai dizia que ficaríamos pobres se dependesse do coração de Ana Lucia.
Continua...