Avante Favela! A guerra recomeçou.
Na zona da morte a matemática dos corpos não importa muito. Mesmo vendo corpos, eles, medindo-se por eles mesmos, dizem que aqueles que tombaram por supostos homens da lei mereceram. O que dizer? Sei que muitos tem à dizer sobre isso e até defendem o direito de matar, mas, que ponto de visão sai de si para calcular a exatidão do outro senão a soberba?
Nesse sentido podemos até tolerar comportamentos estapafúrdios de um cidadão não educado, afinal, não teve a instrução para agir, porém, devemos tolerar isso do estado e daqueles que deveriam zelar pelas boas leis e cuidar dos seus? Particularmente não achei que viveria tanto para experimentar uma situação tão estranha como a maré de pseudointelectuais em torno de si. E digo "pseudos" já que esses humanídeos não honram o que dizem.
Não podem honrar. Não parece certo desejar ou querer ver o que façam com o outro o que não desejamos que façam conosco, a não ser que a humanidade se trate disso, selvageria ao extremo. Talvez seja esse o caso, de que nunca saímos realmente da idade da pedra.
É simples: se lê, lerá. Se pinta, pintará. Se exercita a mente, mentirá. Não por ela mesma, mas, pela capacidade do juízo trair-se a si enquanto inaugura a "verdade" do comportamento. São muito ingênuos. Fico pensando como uma pessoa estudou e ganha para dizer bobagens enquanto representa o estado?
De qualquer modo é hora do avante. E não digo isso por causa dos últimos acontecimentos que fatalizaram vítimas em nosso país, mas, porque não podemos mais recuar nem um passo. Os privilégios estão levando os endinheirados à perversa cegueira. É inadmissível que aceitemos tamanha ignorância ou quem sabe inocência de quem tem obrigação de ser agora por todos e não consegue se curar de si.
Todavia o cálculo é simples. Eles, aqueles que dizem que favelado é maquina de acordo do crime estão certos, pois, de fato é preciso acordos para sobreviver num mundo hostil, entretanto, perguntar-se-á que tipo de acordos fazem os outros no mundo civilizado para sobreviver? Digo os outros o Judiciário, a grande Mídia e os grandes empresários do novo mundo? Será que também não fazem acordo com o crime? Ao menos o velho dizer que não é comigo já é fechar o olho e consequentemente criminoso.
Só de pensar me tremo todo, pois, grande parte da bibliografia que permeia a educação daqueles que pensam na solução dos outros em si é doméstica e limitada. E digo isso com a precisão do ethos (hábito) que leva a cultura na ação da humanidade. Se o ethos do pobre está voltado para certo agir, seu agir não poderá ser diferente do seu costume e desse modo, o povo é um reflexo do seu hábito.
Se educado tal, agirá de tal modo, porém, há aqueles ignorantes que ignoram o hábito do povo e pregam que toda humanidade é igual e deve agir de um modo "certo". E por mais que suas necessidades sejam distintas, aqueles que lutam contra si mesmo criminalizam aqueles que se abandonaram e por aí vai.
Nesse conflito do ethos eis que a guerra recomeçou. E no topo, a favela precisa ter ciência que o discurso é regido por um comportamento dominante num grupo que porventura, leva anos para mudar de direção, e nesse sentido, é preciso dizer antes aos filhos dos "ais" que a experiência da existência não é coisa de laboratório apenas. É necessário começar o bea-bá bem aos poucos.
Experiência é ter ciência. É experimentar a partir dos sentidos e comparar com outras experiências empíricas. Ao que não terá solução única para os problemas culturais, permite refletir as experiências como diferentes, pelo mesmo modo que não tem como produzir comportamento sempre iguais, mas, prováveis em algum sentido.
Esse sonho cristão de uniformidade cultural não é só alimentado por eles no Ocidente, mas, por todos aqueles não enxergam o simples caminho da linguagem quando monta suas premissas para argumentar em favor de seus interesses.
Portanto vamos ficar atento aos argumentos e refutá-los na medida que merecem, pois, pela sua pseudo sabedoria de conhecer o que só é possível pelo corpo presente, desembocam numa estarrecedora ignorância onde deliberam sobre o corpo do outro pelo risco de ficar só em si. Assim, emergindo como protótipo de moleques, conduzem as leis com um martelo fixado na tirania da verdade, e por onde extraem fatos, formalizam comportamento pelo lucro de serem por si, cerceadores do limite humano. Desse modo, poderíamos compará-los a máquinas, donde se repetem sob o medo de ser arriscar filosoficamente.