O título de prontidão
Passeando por palavras na busca de uma rima para alguma poesia, me deparo às vezes com alguma palavra que não vou utilizar naquele momento, mas o encanto é imediato e imagino-a participando de alguma poesia minha no futuro. Ela, por seu magnetismo com certeza merecerá um lugar de destaque. Tenho quase certeza que minha potencial poesia terá ela como medula espinhal do desenrolar dos meus devaneios. Se ela fosse uma tela de powerpoint de algum promotor de justiça do Paraná, ela ocuparia o centro.
Para não perder aquela pedra preciosa, que uma vez lapidada terá brilho e valor, eu a coloco como título de uma página em branco do Word e salvo numa pasta que batizei de “Forno”. Ela fica lá me esperando, esperando pelo estalo, pelo meu tempo. Ela me aguarda ansiosa. Eu sei - é culpa minha: eu lhe prometi uma linda poesia – ela está lá em stand by ou na minha querida língua portuguesa: “de prontidão”. Mal sabe ela que o coração de um poeta não tem dono e antes de me lembrar dela já me apaixonei por outras que ganharão seu arquivo e uma folha inteira em branco cheia de promessas esperando que algum dia eu as cumpra.
Hoje visitando o forno e sem uma idéia para uma poesia, senti como me olharam: era como uma matilha toda “pidona”, rabos abanando, esperando um biscoito, um passeio, um carinho. Como considerei que minha inspiração não estava à altura delas (hoje não conseguiria escrever uma para “Sublime”, por exemplo) resolvi simplesmente contar esta curiosidade.
Talvez, como é comum quando escrevo, eu veja outro caminho que me pareça mais interessante e então abandono o que estou, para seguir um mais florido, misterioso, intenso simples ou outro adjetivo que me puxe para outras veredas. A liberdade é contra o foco ou a favor do foco no sentido de que me faz seguir o caminho que é mais nítido para meus sensores do coração.
“Sensores” é legal – pode ser usada num trocadilho com censor que me tolhe as palavras que o coração grita, por convenções sociais, ou limitações pessoais. – Então como diria o saudoso Velho Guerreiro: “Vai para o forno ou não vai?” - ou algo parecido hehehe.