A Confissão de Jó

Eis-me aqui aniquilado pelas intempéries da vida, subjugado pelo bem e o mal. Órfão, companheiro do abandono. Como desfecho de coisa alguma fui feito, olhei para o lado e perfilava com o pó, era ombreado com a solidão, com manchas de pele e espírito. Desci ao nível mais baixo, fui repudiado, amaldiçoado e convidado a amaldiçoar, tive fome, febre, tive frio. Da carcaça velha e vivida corria o sangue impuro e mal cheiroso, fui evitado, equiparado a um aborto vivo. O gênio do mal dilacerou minha carne, meus dias e minha honra, tirou minha semente, pisou-me, o sepulcro me aguardava. Em meio ao caos e a balbúrdia a providência me alcançou, fui apresentado à onipotência e com ternura fui instruído a cerca do todo e de mim. Minha insignificância foi evidenciada pela condição humana, fluída fronteira entre o poder e a submissão. Com aura celeste e brio descomunal, metamorfoseado fora o ser. Antes lançado no esquecimento, agora vívido, ávido e com opulência em dobro; (Marc Raider, 2017)

Marc Raider
Enviado por Marc Raider em 17/01/2018
Reeditado em 18/01/2018
Código do texto: T6229137
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.