Por que "sexta-feira negra"?

POR QUE “SEXTA-FEIRA NEGRA”?
Miguel Carqueija


Aqui no Brasil surgem de repente modismos geralmente de origem “made in USA”, que são impostos à nossa cultura sem nenhuma resistência, pode-se dizer; é uma submissão cultural que desafia compreensão. É o caso do “halloween” ou dia das bruxas, que não faz parte da nossa cultura e do qual eu tinha um vago conhecimento em criança, por conta de histórias em quadrinhos e filmes norte-americanos. Agora, de uns anos para cá, virou moda em nosso país. Isso apesar de ser comemorado em plena primavera e, convenhamos, vestido de bruxa esquenta muito. Outro modismo vêm a ser os filmes de super-heróis, tipo arrasa-quarteirão, pois embora não tenham enredo nem arte, seguindo um padrão clicherizado à Hollywood, parece que são hoje em dia o que mais se “badala” em matéria de cinema. Talvez por falta de novas ideias resolveram que agora os super-heróis da Marvel e da DC têm de brigar entre si, como no recente “Batman versus Superman”.
Agora temos o modismo da “black friday” ainda por cima em inglês mesmo, embora no começo ainda se falasse “sexta-feira negra”. Aliás os estrangeirismo, na informática e outras áreas, são outro modismo que nos domina sem que se esboce reação.
Mas por que essa sexta-feira em que supostamente os preços caem de modo arrasador, tem que ser “negra”? Não sou fanático religioso mas essa expressão me causa má impressão, parece feitiçaria, bruxedo. Ou satanismo. Não estou afirmando que seja, mas não encontro razão para o mau gosto desse nome. E já não basta a sexta-feira 13 com sua superstição de azar? O que irão dizer quando a sexta-feita negra cair dia 13?
Essa data não me atrai, pois leva as pessoas a lotarem os mercados, a comprarem excessivamente, além de ensejar fraudes (anunciarem redução de preços que não houve). Eu não tenho tempo para perder em supermercados e detesto filas quilométricas de gente com carrinhos abarrotados. Vários carrinhos para a mesma família. Tempo é dinheiro e quanto tempo não se perde? Por isso prefiro nesse dia, se precisar, ir numa padaria pagar mais caros o pão e a manteiga, a me arriscar num supermercado.

Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2017.