Circo dos horrores no Congresso

CIRCO DOS HORRORES NO CONGRESSO
Miguel Carqueija


Primeiramente devo dizer que alguns dos deputados, no dia de hoje, até que se portaram de forma digna. Quero destacar o Delegado Waldir, do PR (Partido da República), deputado por Goiás, que pediu “cadeia e algema para Temer, Aécio e Lula”, o que me parece ser a posição mais justa e imparcial.
Como se podia esperar, de uma Câmara em boa parte comprada com benesses pelo Diário Oficial, Temer saiu ganhando, mesmo que a idade avançada ao que parece já esteja cobrando seus impostos (será por mera coincidência que ele adoeceu no dia da votação?); todavia não posso deixar de observar a pouca coerência daqueles e daquelas que votaram em seu favor.
Muitos sequer justificaram o seu “sim” ao relatório que pedia o arquivamento da denúncia. Isso ainda achei melhor do que a justificativa pela “governabilidade” e “estabilidade” do país, pela recuperação econômica, coisas assim. Que estabilidade? Alguém em sã consciência pode dizer que o país está estável? Ou que o povo está satisfeito? A rejeição a Temer consta ser de mais de 90%, mais ou menos a aprovação de Itamar Franco ao terminar seu mandato-tampão. Estamos diante do anti-Itamar.
Diz uma expressão meio óbvia que “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. O que estava em julgamento é se Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco podiam ser julgados no Supremo por gravíssimas acusações feitas pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que em má hora terminou seu mandato. Declarar que isso não podia ser feito porque iria desestabilizar o país (que já está desestabilizado) e prejudicar a nossa economia (que já está esculhambada) é sair pela tangente. Blindar a corrupção é que não pode melhorar a situação do país, melhora só a situação dos corruptos. O país é o povo. Eu dou razão á grande Marina Silva, que declarou no programa do Jô Soares que Temer devia ter sido afastado junto com Dilma Rousseff. Afinal a chapa incluía os dois. E já se sabe que Temer, ao contrário de Itamar Franco, não estava isento.

Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2017.