Realismo: a verdade explícita
Como afirmou Machado de Assis: "É melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir." Se no Romantismo colocava-se maquiagem na realidade, no Realismo a registrava realmente como era.
O Realismo teve sua origem na França. Num clima de muitas mudanças no pensamento humano, foi publicado, em 1857, o romance Madame Bovary, de Flaubert. Refletiu sobre a impossibilidade da concretização das fantasias sentimentais. Foi uma renovação no campo literário. No Brasil, teve início com a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em 1881.
O Realismo demonstrava sede de objetividade, respondendo aos métodos científicos vigentes na época. Buscava a sobriedade e o rigor analítico. Revelava uma visão crítica e denunciadora da hipocrisia e dos valores da classe burguesa: problemas sociais, vícios, corrupção. Uma preocupação revolucionária, com atitude de apreciação e combate.
Os personagens de Machado de Assis eram frutos da observação; tipos concretos e vivos. Negava a emoção nestes, a não ser para caracterizar a falsidade e a alienação deles. O Brasil pintado por Machado de Assis não passava de um país de corruptos culturalmente subdesenvolvidos.
O que valia, para o realista, era o presente. Havia uma forte preocupação do mesmo com a concepção materialista do homem e o predomínio do determinismo biológico e social. O Realismo não procurava a verdade subjetiva, tampouco a verdade fantasiada. Procurava a verdade social; visto que o homem, como indivíduo, era o centro das preocupações.
O Realismo foi muito importante para "acordar" o ser humano; pois este estava em um "sono profundo", se desprendendo à realidade e vivendo num sonho – ou pesadelo – considerado implausível pelos realistas.
Portanto, abriu os olhos dos indivíduos sobre os assuntos que permeavam a sociedade, tais como: casamento, amizade, relações humanas, fracasso, egoísmo, interesse, adultério, vaidade, parasitismo social e crise nas instituições (na Igreja, no Estado e, até mesmo, na família).