Cortina Preta

No Brasil, há uma extensa diversidade cultural. Essa diversidade não é somente referente à religião, política, dança, etc; a música também entra nesse contexto, marcando a identidade de um povo e havendo relevante variedade de gêneros musicais.

A música popular é aquela ouvida em todos os cantos do país, sendo acessível ao público em geral. Em contrapartida, há estilos musicais que são predominantes apenas em algumas regiões específicas, sendo desconhecidas em outras; pois cada modelo musical tem sua história, seu ambiente e suas características. Por exemplo, no Sul do Brasil, tem-se a música gauchesca; no Rio de Janeiro, o funk. Todavia, o funk está sendo cada vez mais escutado no Sul também.

A música faz parte íntegra do meio social de cada localidade, influenciando na vida das pessoas: nas crenças, comportamentos e valores. E aí é que surge uma polêmica: "O Senado Federal passou a discutir um projeto que permite tornar o funk crime."

Isso foi um baque para muitas pessoas. Lembrou o século XX, quando o samba era considerado um crime. Não podem simplesmente arrancar algo que é crônico, comum, natural, familiar; vai muito além de “proibir”. O funk está enraizado nas pessoas, naquela terra, nas comunidades, no Rio de Janeiro. Abrange suas origens, modo de vida e cotidiano; assim como a música gauchesca está nas veias do povo do Sul, no sangue gaúcho.

O funk é a liberdade de expressão de um povo, sendo importante para o fortalecimento cultural do país. É fato que há letras impróprias, apologia ao sexo, à violência, às drogas; mas não pode-se generalizar. A solução não é considerar o funk crime, isso só iria piorar as coisas. É necessário que os governantes controlem e organizem a situação. O funk não deve ser banido, mas sim os indivíduos que fazem dele o “bicho de sete cabeças” que está hoje. Quem quiser ouvir funk deve andar na linha e não abusar da sociedade.

O funk é alegria, euforia. Um ritmo que contagia sob uma cortina preta que desumanos colocaram. Se essa cortina for retirada, o funk voltará a ser visto com bons olhos e valorizado pelos cidadãos; mas para a cortina cair, as coisas terão que mudar radicalmente.

Antonio Carlos Valentini
Enviado por Antonio Carlos Valentini em 07/10/2017
Reeditado em 17/10/2017
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