HISTÓRIA DA AUTONOMIA DE SÃO CAETANO DO SUL

No início do século XX, o que é hoje conhecido como São Caetano do Sul, era apenas um subdistrito da cidade de Santo André. O movimento pró-emancipação foi formado por inúmeros indivíduos (95 pessoas), entre eles homens e mulheres, os quais não estavam satisfeitos com os efeitos da má gestão da região da qual faziam parte.

Um pouco antes da autonomia, no dia 28 de julho, teve início a divulgação do Jornal de São Caetano, que foi um importante veículo das reivindicações em favor das melhorias locais e do ideal autonomista. Dois anos depois, no dia 24 de outubro, ocorreu a realização do plebiscito que concedeu a autonomia político-administrativa a São Caetano.

Explicando com mais detalhes como se desenrolou esse processo, a luta pela autonomia do pequeno subdistrito foi organizada contra os chapas-pretas, pessoas que tentaram impedir que a região se tornasse um município independente e próspero.

Há 71 anos, no mês de outubro, São Caetano do Sul conseguiu se emancipar de Santo André através de um movimento que teve apoio de todos os setores da sociedade. Vale enfatizar que as instituições mais influentes da pequena cidade também estavam presentes para ajudar nesse processo tão árduo e às vezes tão desencorajador!

É importante observar que antes de São Caetano do Sul conquistar sua autonomia, havia uma grande preocupação dos moradores com os rumos que a administração do até então 2º subdistrito de Santo André estava tomando, pois a população da cidade estava crescendo desordenadamente e, além do mais, os loteamentos estavam esgotando os espaços de um pequeno território de aproximadamente 15 quilômetros quadrados.

Com o crescimento da população, outros problemas mais sérios emergiram. De fato, nessa época surgiram algumas necessidades, como por exemplo, a falta de hospitais, de pavimentação, de água, de esgotos e de escolas. Além dessas necessidades, havia também o desejo dos moradores de que fosse edificado um jardim arborizado, um jardim onde os mesmos pudessem usufruir alguns momentos de lazer e de diversão.

Enquanto esses problemas se agravavam, consolidava-se um movimento a favor da autonomia, encabeçada por estudantes que não só pretendiam editar um jornalzinho, mas também queriam mobilizar pessoas importantes da sociedade, pessoas influentes que pudessem dar condições financeiras em favor da emancipação do pequeno subdistrito.

Vale ressaltar que na época essa região que ainda sonhava se tornar uma cidade próspera, era oprimida pela administração de uma cidade grande que submetia os seus moradores a uma condição precária; que não demonstrava qualquer interesse em melhorar a situação lastimável da população.

Mário Porfírio Rodrigues, Walter Thomé, Luís Rodrigues Neves, Ítalo Dal’Mas e Ettore Dal’Mas, na época ainda estudantes de contabilidade, foram os principais líderes do movimento e de uma luta que só poderia ganhar força através de dinheiro e de influências.

A saída para resolverem esse impasse foi a publicação de um jornalzinho para São Caetano do Sul, uma ideia interessante, cujo objetivo era colocar em planos os seus ideais de emancipação. Outras ideias foram cogitadas, como campanhas, promoções, lista de colaboradores financeiros, festas, livros de outros autores e tudo o que pudesse gerar lucro.

No entanto, outra ideia, por fim, prevaleceu: a de procurar os grandes clubes da cidade (o Esporte, o Comercial, o Lázio e o Cruzada), a fim de exibir no jornal o noticiário sobre as suas atividades, tais como jogos de futebol, festas e reuniões. Então, o passo inicial para a realização dessa empreitada ambiciosa se deu quando montaram um boneco muito bem elaborado, cujo intento era mostrá-lo aos diretores dos quatro clubes como forma de divulgar as suas atividades.

O resultado desse projeto foi a aprovação dada pelos dirigentes dos clubes. Embora houvesse aplausos e apoio dos dirigentes, os jovens não conseguiram obter o mais importante: dinheiro para impulsionar o andamento do projeto.

Apesar de tantas dificuldades, os jovens continuaram na luta, pois estavam firmes nos seus propósitos. Ademais, estavam profundamente descontentes com o espírito de engano e de demagogia que pairava sobre a cidade. Em época de eleições, o que percebiam era apenas um jogo de interesses (um dia, por exemplo, a prefeitura mandou encher as ruas com paralelepípedos e depois, quando a época de eleição havia terminado, mandaram recolher os materiais). Enquanto isso, a população sofria com a ausência de condições dignas para viver.

É imprescindível salientar, como bem afirmou recentemente Mário Porfírio Rodrigues numa reunião promovida pela fundação pró-memória, que todo o movimento pró-autonomia de São Caetano do Sul estava centralizado num jornal de grande impacto e de ótima divulgação, onde constavam 95 autonomistas que lutavam em prol da existência de uma nova cidade (um jornal que hoje já não existe mais).

Mesmo com tantas reações contrárias, que tentavam desacreditar no talento dos jovens estudantes (muitos os acusaram de comunistas com o objetivo de enfraquecer a credibilidade do movimento), o jornal cada vez mais ganhava força, de modo que conquistava o coração de pessoas influentes da sociedade. E os resultados não paravam de ser favoráveis a eles, como o recebimento de diversas adesões vindas de homens tão importantes!

A criação do primeiro bloco do hospital da cidade e, em seguida, a autonomia que deu a São Caetano do Sul o nome de município, como bem disse Luís Rodrigues Neves (um dos fundadores do jornal da cidade), foram os grandes triunfos dos líderes pró-emancipação, triunfos esses obtidos graças à perseverança e à perspectiva visionária de tais pessoas que lutaram em prol do movimento; sem deixar de considerar as inúmeras tentativas permeadas por erros e acertos. No entanto, vale lembrar que tais conquistas também foram fomentadas graças à ajuda do povo e graças ao auxílio das indústrias mais promissoras da época.

Luís Rodrigues Neves afirma também que ao lado de Walter Thomé e Mário Rodrigues, fundou o jornal de São Caetano do Sul na ânsia de fazer algo pela cidade. Mas como não havia dinheiro, tinha urgência de que o jornal pudesse atingir a sensibilidade da população, uma população alimentada pela esperança de uma cidade próspera e autônoma. Até que um dia, com o apoio dado pelo governador Ademar Pereira Barros, o sonho de uma cidade emancipada se transforma em realidade. A mobilização produziu 5197 assinaturas que foram enviadas à assembleia legislativa, na qual foi solicitado um plebiscito. E em 1948, através de muita união e luta, Santo André perde parte de sua jurisdição, tendo então que reconhecer a autonomia de São Caetano do Sul.

É fascinante pensar na alegria e na emoção daqueles jovens estudantes, segurando o jornal de São Caetano do Sul, o jornal de uma cidade recém-emancipada. Foi, sem dúvidas, um grande sonho realizado, um sonho que parecia que nunca iria se concretizar, até porque uma grande quantidade de dívidas e de compromissos foram assumidos numa época onde só havia oposições e, ainda, aquela ausência de interesse por parte de muitas pessoas que só se importavam em manter um jugo pesado sobre o pequeno distrito.

Hoje, após esse marcante acontecimento impulsionado pelo anseio emancipatório de uma parcela da sociedade, São Caetano do Sul é uma das cidades mais prósperas do ABC, com um dos melhores índices de desenvolvimento humano entre as cidades de São Paulo e do Brasil. De 1948 até 2019, a menor cidade do ABC foi capaz de desenvolver uma grande vocação para a indústria, bem como para o comércio. Além do mais, é uma cidade que tem se desenvolvido nos serviços da educação e da saúde, o que faz de São Caetano do Sul uma cidade com ótima qualidade e expectativa de vida.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 30/09/2017
Reeditado em 22/10/2019
Código do texto: T6129291
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