solidão
Coisas da adolescência.
Hoje nos meus setenta e quatro anos, arrumando meus pertences, encontrei um caderninho de anotações e fui obrigada a retornar àqueles momentos de solidão e incertezas que nos atacam nestas épocas. Estes versos mal rimados fizeram-me sorrir.
Só
Estou só
O radio toca, vários tipos de musicas,
Lentas, embalos e forrós.
A cada espaço, uma canção.
Umas falam de amor, outras, pura fantasia.
Sonhos.
Sozinha. Sozinha?
Moveis a minha volta, sua luz, através as vidraças,
Invadindo a sala.
Todo o recinto esquenta tudo se ilumina.
As plantas se, o vento mesmo fraca as embalam.
Sopram também, aliviando o ambiente, invadindo o meu lar.
Tenho o som, as cadeiras, os moveis, as plantas,
Tenho o sol, a brisa, o vento que sopra,
Tenho meu coração cheio de amor.
Amor para mim, amor para dar.
A sala parece vazia, mas aqui estou,
Para enxertar.
Neste registro de coisas da adolescência, fez-me perceber que valeu apena este momento de fuga de uma possível depressão. Porque seria que uma criatura com dez irmãos se sentiria tão só?
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