Em meio a força e a fragilidade
Ao mesmo instante em que uma gigantesca parcela da população se cura de uma enfermidade muito cruel, outra parte inicia uma longa batalha contra a mesma; O Câncer.Enquanto tudo isso ocorre, os sadios se esbaldam em farras, bebidas, mulheres, homens, vaidades, drogas, carros, e muita ostentação.
Claramente a descoberta de um câncer afeta não somente o individuo, mas todo o meio onde se encontra inserido, principalmente a família; além de afetar drasticamente sua rotina. Inúmeras são as alterações provenientes do câncer, de repente tudo que era fácil, recebe barreiras ou imposições; já não é possível correr como antes, a respiração falha; a exaustão se aproxima rapidamente. Muitos perdem a audição, o paladar, o olfato, a visão, já não conseguem se locomover sozinhos, alguns perdem a vontade pela vida, ao mesmo tempo em que lutam segundo á segundo para reconquistar a mesma.
Enquanto os pacientes evidenciam sua força, os ''saudáveis'' tomam para si aspectos causados pelo câncer. Se calam diante á perguntas que poderiam alterar a visão de muitos, não ouvem os insultos midiáticos, não enxergam num sorriso, o disfarce da tristeza; não correm em busca da tão falada felicidade, não degustam os diversos sabores da vida, e se mostram em incontáveis vezes afadigados pela rotina.
Ao me deparar algumas vezes com a seguinte frase '' o câncer não me fragilizou, me fortaleceu",coloquei-me á pensar; talvez essa seja a grande ironia do câncer.
Aos que saíram vitoriosos desta batalha, levanto-me e vos aplaudo; aos que guerrilharam e não restiram, faço um pedido aos familiares: Continuem lutando com a mesma força e fé com que seu ente querido lutava.
Contudo peço que reflitam:
Em cada dia, hora e segundo nossos pacientes em todo mundo lutavam e lutam com um sorriso e a fé que saíram vitoriosos.
Será plausível a desculpa de que vivemos imersos em sociedades rotineiras, para não ouvirmos, enxergarmos, degustarmos, sentirmos os cheiros e as sensações em que a vida nos presenteia em todos os momentos.
Em meio a tanta força representada por uma parcela da população, seria plausível sermos fracos?