DESCRIÇÃO FOTOGRÁFICA
Descrição fotográfica.
Esta foto que o nosso confrade Josef Tock registrou por ocasião de sua viagem à Amazônia, fotografando uma família de crianças indígenas, transportada numa canoa, às margens do rio, me fez recordar de um Cruzeiro que fizemos partindo de Belém para Manaus, percorrendo os Rios, Negro e Solimões, desaguando no Rio Amazonas.
O Comandante no Navio nos preveniu de encontrarmos no trajeto famílias de indígenas abordando o navio pedindo mantimentos e utensílios domésticos para suas sobrevivências.
Assim fizeram os turistas levando pilhas e lanternas, cadernos, lápis, medicamentos, curativos, roupas, chinelos, balas, bolachas, pó de café e açúcar, molho de tomate e macarrão, tudo ensacado em plásticos transparentes, muito bem fechados, que arremessávamos do tombadilho para o rio. Aquelas crianças em botes precários remavam em direção ao navio, parecendo formiga na comparação com o casco do navio. Adultos em canoas maiores, socorriam seus filhos, que já haviam pegado aquelas dádivas, sem se preocuparem com aqueles que nada conseguiram recolher das águas.
Nossa visão pelos andares do navio, avistávamos por cima das copas das árvores as clareiras onde ficavam as suas casas em palafitas e as Igrejas de Culto Protestante, com suas antenas parabólicas e geradores de energia que serviam a comunidade.
As famílias sempre numerosas cultivavam a mandioca e produzia a farinha, sua moeda de troca com as vendas da cidade. Outras plantações eram de consumo exclusivo da família, comum entre todos, sem o risco da carência ou da fartura no seu sustento.
Foi uma recordação inesquecível da nossa viagem em 2005, por ocasião do Ciro de Nazaré, e da nossa experiência vivenciada em Manaus num hotel construído sobre as copas das árvores, convivendo com um enorme clã de saguis que invadiam os quartos roubando tudo que estivesse aos seus alcances.
A crise que assola o país acabou com a exploração hoteleira na selva, ficando as instalações abandonadas, a mercê da massa falida dos seus comerciantes. Os cruzeiros turísticos deixaram de navegar pela Amazônia, deixando seus índios ao redor do Rio Amazonas desamparados da benemerência dos turistas.
Assim sabemos com quantos paus se faz uma canoa!
Chico Luz