Uma mazela cultural
Mesmo com todas as conquistas das mulheres ao longo dos anos, o machismo continua fortíssimo, levando-nos a questionar se as pessoas hoje estão menos machistas do que no passado. Devemos nos fazer este questionamento principalmente ao constatarmos que homens continuam espancando e matando suas companheiras, ainda se espera que a mulher, mesmo trabalhando, arque com os serviços domésticos e a educação dos filhos e se trata de forma diferenciada os filhos e as filhas. Todos estes fatores só podem nos fazer pensar que o machismo é uma mazela cultural, um verdadeiro atraso que permite a opressão do sexo feminino.
Apesar de falarmos que as mulheres hoje têm mais direitos, precisamos entender que é necessário muito mais do que criar leis como a Maria da Penha ou dizer que o estupro é um crime quando o machismo está fortemente enraizado na sociedade e homens persistem em ver as mulheres como suas propriedades ou objetos que devem se submeter às suas vontades. E as próprias mulheres estão tão contaminadas com essa cultura sexista que levam adiante o problema ao não lutar por seus direitos, discriminar as crianças do sexo feminino e até dizer que uma mulher tem de se comportar devidamente para não ser estuprada. Elas podem até nem perceber atitudes machistas dos seus companheiros, entendendo que são "coisas de homem". Então, tudo bem o homem ser ciumento demais, não querer que ela use determinada roupa, agir grosseiramente porque está apenas sendo homem.
Combater um problema cujas raízes são tão profundas exigirá muito dos que pretendem lutar contra a opressão que as mulheres têm sofrido. Não basta afirmar que as mulheres têm os mesmos direitos e punir exemplarmente os estupradores, espancadores e feminicidas, mas tentar mudar nossas atitudes diariamente, vigiando a forma como criamos nossas filhas e filhos e procurando ensinar às mulheres que elas precisam, mais do que nunca, reconhecer-se como seres dignos e com iguais direitos que os homens.