CONHEÇA-SE
Perdemos tempo fazendo coisas que não têm valor e deixamos de lado a tarefa mais atraente que podemos realizar – a de conhecermos a nós mesmos.
É só a agente ver que, nas redes sociais, passamos mais tempo clicando no perfil dos outros do que no nosso. Gastamos bilhões e bilhões de segundos a conhecermos os outros e se quer temos noção de quem realmente somos. Pergunte a você mesmo: quem sou eu? Lhe digo que despenderás pensamentos tentando encontrar alguma resposta e se enervarás por não conseguir. Não desanime, isso acontece para todos.
Nos preocupamos em sabermos das novidades da vida dos outros. Procuramos cada erro deles para sairmos criticando ou simplesmente nos deixamos derreter pela forma sábia deles de viver. Repara que até então, só uma coisa se gasta. Tempo.
Gaste tempo consigo mesmo. Não estou pedindo que você seja alguém solitário. Não, não é isso. Estou sugerindo que você se admire ainda mais. Que você se aprecie e se dê uma salva de palmas. Sim, uma salva de palmas a você mesmo. De você para você.
Quando fui mais jovem, me costumava criticar por cometer erros que eu desprezava. Ficava irado comigo mesmo. Levava tempo para me perdoar, perdoar a si mesmo é um dos actos mais lindos. Com o passar do tempo, enquanto atingia a maturidade, me fui apercebendo que se tivesse de me conhecer, teria de passar pelos meus próprios erros. Teria de identifica-los e aprecia-los com bom senso. Então comecei a sorrir dos meus erros – entenda nas entrelinhas – e a vencê-los gradualmente.
Numa conversa com um jovem, amigo do meu primo Henriques Matapalo, me revelou que ficava paralisado no tempo quando tivesse de se perguntar qual, afinal de contas, seria o seu talento. Simplesmente me disse que era impossível responder àquela questão. Educadamente lhe ofereci um brinde de palavras e lhe disse que aquilo acontecia porque ele não se conhecia. Ele sorriu e consegui observar a tamanha indignação nos olhos dele.
É preciso nos conhecermos para nos vencermos. Abra o caderno da sua vida e comece a folhar as páginas que sempre as viste fechadas. Entre nos becos do seu eu que sempre tiveste medo de passar por canta da tamanha escuridão. Abra as portas que sempre tiveste dificuldade por conta a ferrugem. Acenda as luzes da sua alma. Estenda-te um tapete vermelho e de cabeça erguida, desfile sobre ele com espírito nas alturas. Conheça-se.