A Redação

Sobre minha mesa, diante de meus olhos,
uma folha de papel sem ideias, em branco,
me desafia a pensar no que escrever.
O tempo corre, preciso terminar a redação que ainda nem iniciei.
O tema é livre, pelo menos isso, mas o tempo não.
Minha mente vazia se apavora com o desafio.
O tempo passa e nada surge.
O coração acelera, me desespero.
Meu mundo é pequeno, umas poucas linhas bastariam.
O desafio entretanto é muito maior, do tamanho de uma página.
São trinta seis linhas, uma grande distância para uma mente vazia.
Suo frio, vejo ao meu lado uma página inteira já escrita, tão rápido, como isso é possível?
Surge então uma inspiração, a defesa feita na partida de futebol que ontem joguei.
Por um momento relaxo e lembro o que fiz, voei com um salto e espalmei a bola, salvei o gol, foi por um triz.
Um gol certo que certo deixou de ser, num ato de puro reflexo que agora preciso descrever.
Me desligo e penso, que momento de glória e de tanta emoção,
Volto a minha atenção para aquela página, o tempo corre e ainda está vazia.
Mais uma vez, numa ação de puro reflexo, como a defesa que fiz, inicio um desenho da bola sendo espalmada naquele momento feliz.
Já me acalmo enquanto meia página facilmente preencho.
Se imagens são mais do que palavras, agora então falta pouco para concluir.
Como que espalmando a bola escrevo assim:
"Nessa manhã joguei futebol como goleiro, fiz uma bela defesa que garantiu a vitória do meu time. Como a defesa não foi fotografada fiz o desenho."
Pronto, acho que já escrevi o suficiente, tem um início, tem um meio e tem um fim e é uma bela estória.
Assinei e entreguei para professora
"A sorte sempre acompanha o bom goleiro", como o dito popular sempre falou.
Soube então, no dia seguinte que meu desenho a professora adorou.

English version, see "The Wording", T5715748
Roberto Morand
Enviado por Roberto Morand em 01/08/2016
Reeditado em 05/08/2016
Código do texto: T5715748
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