Gêneros e sua aplicação em sala de aula
TODO GÊNERO: contexto e sua demanda, o destinatário e a finalidade.
O gênero privilegia a natureza funcional e interativa da linguagem, já o tipo textual se preocupa com o aspecto formal e estrutural.Enquanto os tipos textuais são poucos, os gêneros são inúmeros, devido à enorme diversidade das atividades enunciativo-discursivas das esferas sociais."
CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DE TEXTOS NO ENSINO DE JOVENS
E ADULTOS - LEAL, Telma Ferraz – UFPE
GT: Alfabetização, Leitura e Escrita /n.10
Agência Financiadora: FACEPE
Língua Portuguesa
Módulo 5 – Gêneros textuais
1. Condições de produção: um tema em debate
2. Condições de produção de textos na escola
Dessa forma, Schneuwly e Dolz (1999) defendem que:
Toda introdução de um gênero na escola é o resultado de uma decisão
didática que visa a objetivos precisos de aprendizagem que são sempre de dois tipos: trata-se de aprender a dominar o gênero, primeiramente, para melhor conhecê-lo, melhor produzi-lo na escola e fora dela, e, em segundo lugar, para desenvolver capacidades que ultrapassam o gênero e que são transferíveis para outros gêneros (p.10).
Mussalim (2001), ao apresentar um breve histórico da análise do discurso, reflete sobre o conceito de sujeito, apontando que há, entre alguns teóricos dessa abordagem, a posição de que
O sujeito, apesar da possibilidade de desempenhar diferentes papéis,
não é totalmente livre; ele sofre as coerções da formação discursiva do interior da qual enuncia, já que esta é regulada por uma formação
ideológica. Em outras palavras, o sujeito do discurso ocupa um lugar de onde enuncia, e é este lugar, entendido como a representação de traços de determinado lugar social (o lugar do professor, do político, do publicitário, por exemplo), que determina o que ele pode ou não dizer a partir dali. Ou seja, este sujeito, ocupando o lugar que ocupa no interior de uma formação social, é dominado por uma determinada formação ideológica que preestabelece as possibilidades de sentido de seu discurso (p.133)
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j B PEREIRA - a partir de outros autores e fontes da SEE
Letramento é umas das práticas de leitura e capacidade escritora e revisora de textos no contexto da alfabetização e culturação do aluno como alavanca de sua formação à cidadania e inserção na sociedade e no mundo do trabalho. São modos de interação e mobilidade social.
A circulação de textos de todo gênero na sociedade implica acesso aos bens de consumo e de informação, tecnologia e comunicação. A recepção dos texto dialeticamente dialogam com os modos de sua produção social.
Textos expressão no seu contexto a sua força e efeitos de sentido à medida que revelam ou promovem a competência linguística dos usuários de uma dada língua.
O centro da vida é o compartilhamento de sentidos da oralidade e a vida social e a escolarização priorizam a centralidade dos textos e imagens no cotidiano. A sala de aula tem como eixo dinâmico e vital de sua pedagogia o mundo dos texto e o textos do mundo. O texto é sintagmático, sintático, semanticamente imagético, fluir de intertextos: nenhum texto se fecha em si, antes se abre a horizontes hermenêuticos maiores e microssignificativos.
Por isso, é verbal, não verbal, adverbal como próximo da imagem e da virtualidade das provocações ideológicas e da sensualidade das imagens e das tecnologias virtuais. Esses universos dizem ser paralelos, mas na verdade se interagem e coabitam a vida humana em diferentes perspectivas, segundo as demandas das sociedades e seus intercâmbios hibridizantes.
As situações sociocomunicativas são fortes momentos de aplicabilidade dos gêneros afins e díspares. E a relação com a vida e suas demandas podem ser a motivação para aplicar os textos na sala de aula. O trabalho em grupo e a produção individual são facetas de momentos complementares para gestar o entendimento prático dos textos e seus gêneros sociais e literários, conforme as propostas do currículo e do livro didático, com temas e interesses dos alunos e pesquisa dos professores. A leitura do textos deles na turma, circulação dos textos entre grupos, correção na lousa, debate dos temas com participação dos alunos.
Vamos estudar um pouco o conceito de gênero?
"Gênero textual é um nome que se dá às diferentes formas de linguagem que circulam socialmente, sejam elas orais ou escritas e informais ou formais. Sempre que nos manifestamos linguisticamente o fazemos por meio de textos. Segundo Bakhtin (2010, p.261) um gênero se caracteriza por três elementos: conteúdo temático, estilo e construção composicional."
Começa nas pequenas produções de um bilhete, cartaz e histórias à produção de artigo de opinião e crônicas.
"Os gêneros textuais: narrativa, conto, romance, novela, relato, Curriculum vitae, notícia, reportagem, debate, seminário, palestra, entrevista, artigo de opinião, texto de opinião, discurso de acusação, discurso de defesa, receita, ata, regulamento, instruções de uso, editorial, discurso político, letra de música, lei, entre outros. São textos que circulam no mundo, que têm uma função específica, para um público específico e com características próprias."
Gêneros Discursivos, conforme Bakhtin (2003), são enunciados relativamente estáveis elaborados em cada esfera (lugar social), caracterizados em três dimensões constitutivas: temáticos, força composicional com sua finalidade social, estético-expressivo(lexical, frasal e gramatical).
Características estruturais/condições de produção
A produção textual implica a representações do produtor sobre o mundo. Os gêneros textuais têm as características estruturais de determinado texto (sua feitura).as condições sociais de produção e recepção, para refletir sobre sua adequação e funcionalidade.
O texto se dá dentro de um contexto de produção – local, momento de produção, emissor, receptor, instituição onde se dá a interação, o papel social dos interlocutores, objetivos a ser materializado.
"Dolz e Schneuwly (2004, p.102) sugerem um agrupamento para os gêneros, considerando a capacidade de linguagem dominante e o domínio social de comunicação. No entanto, deixam claro, que não é aplicar esse agrupamento a todos os gêneros textuais."
Segundo Schneuwly e Dolz (2004), "uma sequência didática é um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito".
Schneuwly e Dolz (1999) apontam que quando os gêneros textuais são
trazidos para a escola, há um desdobramento, pois são gêneros para aprender
e gêneros para comunicar e que a entrada dos gêneros decorre de um
conjunto de decisões do professor que leva em consideração que “a
aprendizagem que conduz à interiorização das significações de uma prática
social implica levar em conta as características desta prática e as aptidões e
capacidades iniciais do aprendiz”. É necessário, portanto, que se discuta as
práticas escolares de produção de textos, nos diferentes níveis de ensino, a fim
de melhor instrumentalizar o professor, auxiliando-o no processo de ensino de
produção de textos.
Alguns procedimentos para construção de uma sequência didática que trabalhe um gênero textual:
1.desenvolver aspectos da oralidade e escrita;
2.concepção de ensino de acordo com o Currículo;
3.centrar o estudo na dimensão textual da expressão oral e escrita;
4.oferecer materiais ricos e diversificados, orais e escritos, para ampliação do repertório e inspiração de futuras produções;
5.favorecer o trabalho por projetos na escola e integrados com a comunidade.
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1. situação da aprendizagem
2. produção textual inicial
3. diferentes modelos
4. produção textual final
http://efp-ava.cursos.educacao.sp.gov.br/Frame/Component/CoursePlayer?enrollmentid=1174953
Fonte: DOLZ E SCHNEUWLY, Gêneros Orais e Escritos na Escola. 2004, p. 83.
http://efp-ava.cursos.educacao.sp.gov.br/Frame/Component/CoursePlayer?enrollmentid=1174953
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Aborde o conceito de gênero conforme Bakhtin (2010, p.261) e Dolz e Schneuwly (2004, p.102).
Qual é o objetivo da escola ao trabalhar com o texto? Por que é importante estudar gênero?
O Currículo de Língua Portuguesa trabalha com o texto?
Condições de produção de textos escritos no Ensino de Jovens e Adultos
Condições de produção de textos na escola e concepções do professor: um exemplo
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Escreva uma carta com o esquema proposto abaixo:
objetivava-se convidar os colegas faltosos a voltar para a escola (finalidade social). Assim, foram delimitados o gênero textual (carta), o destinatário (colegas faltosos) e a finalidade (convidar os colegas a voltar para a escola).
Hoje, nós vamos construir uma carta para os nossos colegas faltosos.
A professora dirige-se ao quadro para colocar as orientações. Pergunta aos alunos enquanto escreve:
P – O que é que deve ter numa carta?
Quadro:
Cidade, (P – Qual é a data de hoje?) 28 de julho de 2011.
(P – Deixem uma linha.)
Saudação – vocativo
(P – Deixem uma linha e escrevam a carta.)
P – Lembrem-se de que vocês vão escrever uma carta chamando seus colegas para voltarem para a escola.
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Com o objetivo de organizar o seu diálogo, leve em conta as seguintes questões:
a. Qual será a saudação inicial de cada uma das personagens?
b. Qual é o pedido e de que sabores serão as pizzas?
c. Quantos serão os refrigerantes para oito pessoas?
d. Qual será o pedido de sobremesas variadas para oito pessoas?
e. Como será o pedido de nota fiscal para que a cliente seja reembolsada por sua empresa?
f. Qual o valor total informado pelo atendente?
g. Como será o pedido de troco, já que as notas são todas de alto valor?
h. Quais serão as saudações finais?
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Bibliografia
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ed. Trad. Maria
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BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 262. (tradução: Paulo Bezerra).
LEAL, T. F. Condições de produção de textos no ensino de jovens e adultos.Disponível em: http://efp-ava.cursos.educacao.sp.gov.br/Resource/1124223,207/Assets/Portugues/pdf/por_m05t16.pdf Link externo acesso em 20/07/2009.
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ROJO, R. & G. S. CORDEIRO (2004) Apresentação: gêneros orais e escritos como objetos de ensino: modo de pensar, modo de fazer. In: SCHNEUWLY, B. & J. ; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004, pp. 7-20.
SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.