Raça Humana
Observamos claramente a presença da multiplicidade de raças no cenário brasileiro. Afinal, o que é nosso Brasil senão o filho legítimo da mistura? Estando nós cobertos por uma cultura enraizada na mestiçagem, nosso selo internacional se adianta ao dizer “A casa de todas as raças”. Mas chão fosse esse que a desigualdade racial não pisasse então. Convenhamos que, se de perto observado, esse selo se limita apenas ao envelope, que a encomenda é outra e que o racismo está em todos os lugares, sem exceção. A diferença é que o preconceito brasileiro é uma facada que se dá pelas costas.
Pessoas sendo psicologicamente agredidas, condenadas e privadas de oportunidades injustamente estão aí para quem quer que queira tirar a prova. Em fevereiro de 2014 o ator Vinícius de Souza, que é negro, foi acusado por uma mulher de tê-la assaltado e com a acusação ficou preso por alguns dias até a descoberta do que, na verdade, não se passou de um vergonhoso engano por parte da vítima, que em sua defesa afirmou não ter agido de “má fé” e sim por impulso. Tenha ela agido ou não uma dúvida pairou no ar: Esse impulso teria tido as mesmas dimensões com um rapaz branco? Infelizmente, é fato que algumas pessoas possam facilmente associar negros com “bandidagem”, muito embora a cor da pele não seja argumento concreto para determinar qualquer coisa sobre alguém.
A escravidão deixou marcas que atrasaram o fortalecimento de algumas bases e daí nasceu a desigualdade ainda maior que hoje se desdobra. Sabemos que o conceito de racismo não se restringe somente contra negros, mas contra as raças em geral. Contudo, os afrodescendentes acabam se tornando referência principal no assunto por conta da herança histórica envolvida. Conhecemos o fim da escravidão, mas a história continuou após a lei Áurea. E nunca se questionou o que sucedeu aos ex escravos? Sabe-se ao menos o que eles passaram? Que tiveram que ocupar as periferias da cidade e não conseguiam emprego? Relatos afirmam que alguns alforriados chegaram a voltar para seus antigos “donos” ainda na esperança de melhores condições de sobrevivência. As oportunidades nunca foram as mesmas e a necessidade cotas raciais hoje ilustra essa realidade.
Posto isso, podemos concluir que o racismo faz parte sim de nossa sociedade, que embora o ideal proposto por Morgan Freeman fosse simplesmente esquecê-lo, há forças, ainda que sutis, querendo lembrá-lo, mesmo isso já sendo um crime inafiançável. Coloquemos então uma boa dose da nossa publicidade em ação favorável. Oficinas e palestras nas nossas escolas e trabalhos. E cabe ao governo e as ONGs criarem mais projetos que insiram maiores oportunidades nas periferias. A fim de que dos direitos humanos, que afirmam que somos todos iguais, ninguém se esqueça.