Considerações sobre o racismo
Discorrer sobre o problema do racismo no Brasil e suas origens é realmente um tema relevante e envolvente, que infelizmente traz a constatação de que ainda hoje sofremos devido a erros de pensamentos difundidos em nosso passado recente.
As teorias raciais surgidas a partir do final do século XVIII e meados do século XIX, tinham como principal objetivo afirmar de forma científica, a supremacia da chamada raça branca, ou seja, dos europeus, sobre os demais povos da humanidade. Utilizando-se da ciência como principal subterfúgio, pensadores europeus divulgavam suas ideias racistas baseadas em estudos de historiadores, sociólogos e antropólogos, como justificativa para o imperialismo europeu.
Aproveitando-se da Teoria da Evolução de Charles Darwin, nomes influentes do meio científico, desenvolveram a ideia de que a única raça potencialmente evoluída seria a “raça branca”, todos os demais povos estariam ainda em fase de subdesenvolvimento, sendo assim, foi aceita também a teoria da degeneração da raça, quando houvesse miscigenação entre elas. Paralelamente surgiu também a teoria de branqueamento, através da mistura entre os ´povos, através de três a quatro gerações, haveria esperança de “salvar” aquela raça, pois supostamente o gene do reprodutor branco prevaleceria por ser mais forte, e pouco a pouco, o gene “fraco” desapareceria.
No Brasil, estas ideias foram muito bem recebidas, principalmente pela elite, que as difundia através de jornais da época.
O incentivo a que o Brasil recebesse imigrantes italianos e alemães, e a ampla difusão da ideia de que o racismo não existia no Brasil, influenciando os imigrantes a casarem-se com brasileiros, forçando assim o branqueamento da população, tudo fazia parte de um processo pensado pela elite brasileira.
Sílvio Romero (1851-1914), principal expoente do branqueamento, em “Cantos Populares do Brasil” (1883), nos passa uma idéia da agregação das raças, característica do Brasil:
“A obra de transformação das raças entre nós ainda está mui longe de ser completa e de ter dado todos os seus resultados. Ainda existem os três povos distintos em face um dos outros; ainda existem brancos, índios e negros puros. Só nos séculos que se nos hão de seguir a assimilação se completará”.
Neste momento, portanto, o autor acredita na viabilidade de um futuro onde, através da mestiçagem, o sangue de negros e índios viesse a desaparecer por completo da sociedade, mesmo que, para isso, fosse preciso esperar por três ou quatro séculos.
O historiador russo Léon Poliakov, ao analisar o mito ariano sob uma ótica de longa duração[2], percebeu que as bases do arianismo já se encontravam na Europa desde a Idade Média. O autor destaca a importância dos“mitos de origem” nas sociedades européias, que, no século XIX, combinado com as teorias raciais, ditas científicas, deram a sustentação ideológica para o surgimento do mito ariano, que, mais tarde, estaria no cerne do discurso hitlerista.
Fonte de pesquisa:
Racismo e teorias raciais no século XIX:Principais noções e balanço historiográfico - http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=313