A história curta das cartas a querida G

Talvez a curiosidade de muitos em querer descobrir quem é a Querida G, pois bem vou tentar decifrar quem ela foi e quem ela se tornou, voltamos a meados de 2013, onde um homem que vivia para agradar sua segunda mulher ao qual deixou sua própria vida de lado para vê-la feliz, vê-se num abismo por saber que seu relacionamento acabara por conta vários mal entendidos e também pela ignorância da própria, a vida deste homem virou de ponta cabeça a ponto de pensar besteiras com a própria vida, imagine só, quem não ficaria, ele a encontrou no pior momento da vida dela, se separando de um ex marido com quem viveu por cinco anos e nunca havia sido homem o suficiente para a tratar como mulher, e ele a encontrou e a tratou como rainha, fez por ela o que o ex nunca havia feito.

Mas não é dessa idiota que quero falar, porém é desse momento em diante que nossa história começa, imaginem um homem perdido, sozinho, com toda ingratidão que alguém poderia receber, foram seis meses de completa solidão, não existia um motivo lógico para muitas coisas, mas parar de pensar era inevitável, mais um natal, mais um ano novo, e parecia que tudo deveria continuar assim, com emprego novo, ao qual arrumara no fim do ano, decidiu que não iria mais correr atras do que não valeria a pena, pois por tanto se importar havia até perdido emprego anterior ao qual já estava a quatro anos, tentando colocar um chão aos seus pés foi que ele não desistiu, inicio de um novo ano, sem planos definidos, ainda com a solidão como companhia, decide fazer seu cadastro em alguns sites de relacionamento, e uns dias depois, recebe uma mensagem de uma mulher linda, ao qual, usaremos apenas a sigla G, mesma utilizada nas cartas, encantado com aquela pessoa foto, porém com receio por conta de muitos fakes, a conversa a cada dia parecia mais aconchegante e acolhedora, ela, também separada, com uma filha, morando com seus pais no interior de Minas, pra ele, um anjo que apesar de uma longa distancia entre os dois, parecia estar próxima, ele, separado, sem filhos, não por opção, mas por conta de problemas ocasionados na sua infância que o impossibilitaram, morador de Santa Catarina.

Essa nova história começa a partir de fevereiro de 2014, quando a distância não impediu o encontro, passaram-se alguns tempos, ele descobriu o amor por ela, parecia que ele havia ressuscitado, voltado dos mortos, a expressão de felicidade era total, e que se dane o mundo, foram cartas e mais cartas, a inspiração era uma coisa que não saia de seu interior, apesar dela não ser muito de escrever cartas, ele não reclamava, mas não deixava de ser fiel a escrever todos os dias, pois o que faltava ao lado dele, ele completava escrevendo para ela, passou seu aniversário, triste por querer estar ao lado dela e poder ter um pouco do calor do abraço e do afago ao qual sentia falta, pensou várias vezes ir para Minas, mas suas condições financeiras não eram das melhores, e não podia contar com ninguém que o ajudasse, nem sua família, mesmo muito triste, não deixou seu amor apagar, foi fiel ao extremo em seus sentimentos, nunca a deixou por nada que para os outros seria normal.

Por um tempo fez o que pode para juntar dinheiro, e assim poder ir encontrar seu amor, mas depois de longas conversas, decidiram que ela viria ao encontro dele primeiro, que ele mostraria tudo o que Santa Catarina podia mostrar, ou uma parte disso, de coisas bonitas e que valiam a pena ao lado de quem se ama.

Chegamos em Outubro, mês em que algumas coisas pareciam mais claras, entre elas a felicidade dele por saber que aquela mulher que ele só via através de uma tela de computador se tornaria real, e suas mãos poderia tocar o rosto de sorriso singelo e covinhas apaixonantes, abraçar não aquele somente aquele corpo, mas aquela alma de criança levada, querendo também ser feliz.

Chegado o grande dia, nervoso e ansioso para ir buscá-la no aeroporto, parecia que as horas ficaram mais lentas, os relógios mais preguiçosos, naquele dia ele havia pedido folga do serviço na parte da noite, empresa ao qual ele prestava serviços na parte da manhã e da noite, quando chegou exatamente as 22:00 horas ele saiu de casa em direção ao aeroporto que ficava ao lado oposto de onde morava, mais ou menos, cortando caminho uns 20 minutos de carro, quando chegou, a primeira coisa que fez foi ir a lanchonete e pedir um café e um salgadinho, pois não sabia que horas ela iria chegar devido as pontes aéreas daquele voo.

Meia noite e meia, aterriza a ultima aeronave vinda com passageiros de Minas gerais, desce uma mulher linda, ele, completamente nervoso, feliz e sem saber o que dizer naquele primeiro encontro, vai ao ponto de desembarque para aguardar sua amada, quando ela aparece com suas bagagens seu coração queria explodir de felicidade, ele a abraça forte, como se ela nunca tivesse saído do seu lado, ou tivesse ido fazer uma viagem e estivesse voltando para casa, noite maravilhosa, com certeza ele queria aquele momento todos os dias da vida dele, pois sonhava todas as noites com isso.

Agora, abraçados, caminhando para o estacionamento, ele pede para que ela pegue algo no porta malas, e ela, mesmo com receio, atende seu pedido e se depara com um buque de rosas vermelhas, as mais lindas que conseguiu encontrar, menos linda do que aquela flor que ele havia encontrado, embarcaram no carro e foram conversando sobre suas vidas em direção a sua casa, onde passariam os dias ao qual ela prometera, todos os planos que ele havia feito, queria e os realizou naqueles dias, será que no mundo existia homem mais feliz naqueles dias? Até hoje não descobri, mas era evidente nele que estava feliz.

foram passeios, viagens, praias, jantar a beira mar com direito a vinho e uma vista linda da segunda cidade mais antiga do Brasil, mas nada disso importava pra ele, já que seus olhos preferiam estar presos a ela, se ela estava feliz? Não se sabe, mas o momento intenso de cada segundo fazia daqueles dias especiais em si, ele não queria lembrar que ela teria que voltar, preferia a ilusão de que ela nunca mais sairia do seu lado, mas os últimos dias chegaram, e com eles alguns problemas que refletiram em coisas ao qual ele jamais seria capaz de fazer para magoá-la.

Alguns dias antes do retorno dela, uma ligação de uma amiga ao qual ele nem tinha tanta afinidade a fez duvidar de todas as verdades anteriores, aqui se inicia um novo caminho ao calvário, porém ele nunca deixou de acreditar que sua fidelidade poderia ser abalada, tanto é que continuou fiel a ela em sentimentos e vida, não precisava de mais ninguém se ela já havia tomado todo espaço que ele tinha vazio no peito.

No ultimo dia, lágrimas, a dor da despedida, a saudade já sentida, a vontade de prender num abraço e dizer fica, preciso de você!! Ele segurou tanta coisa para ter que deixá-la ir, mas ele também era consciente que ela tinha uma vida, tinha uma filha esperando por ela, só o que ele não sabia, era que seria seu ultimo abraço, acredito que se soubesse teria abraçado mais forte, ou não, nunca vamos saber qual seria o verdeiro sentimento da ultima despedida, pois nunca saberemos quando irá acontecer, ela embarcou levando com ela um pouco dele, ou o melhor quem sabe, mas alguma coisa dele foi com ela, acabou o sorriso, acabou a vontade de voltar pra casa, pois ela estaria vazia.

Ao chegar em Minas, ela manda uma mensagem para ele terminando tudo, e os planos que tinham feito para o natal e ano novo, sua viagem para Minas, ele iria de carro para que pudesse ter disponibilidade de pegá-la com sua filha e ir viajar para onde elas quisessem, planos e mais planos, como papéis picados jogados ao vento, como fica o coração depois disso? Ele nunca falou para ninguém, preferiu o silêncio, o abraço da Vovó que chorava junto sem saber direito porquê daquelas lágrimas, mas pra que contar também, não resolveria nada, apenas ouviria a frase clichê, levanta a cabeça e continua sua vida, então em silêncio com peito destruído foi isso que ele fez, seguiu em frente, mas não arrumou mais ninguém depois dela, preferiu a solidão de uma espera, a querer esquecer o que mais amou.

As cartas? foram muitas, e cada uma delas as lágrimas tinham um gosto diferente, em algumas doce outras amargas como fel, mas nenhuma delas manchou o papel, nenhuma delas G teve a certeza do que ele realmente sentia pois não via letras borradas por causa delas, triste tecnologia que hoje não se borra mais papel, e se borrar acabamos jogando fora e imprimindo em folha nova, isso era o que mais ele sentia, sua ultima carta foi um alento a tanto sentimento, uma vontade de correr sem direção, sem rumo, mas sabia ele que já não tinha rumo certo, então preferiu caminhar ao invés de correr, ele cresceu, se tornou sensato e observador, dela não teve mais noticias, não sabe se ela amou de verdade, não sabe se ela ainda ama ou tenha qualquer tipo de sentimento, a unica coisa que ele sabe é que sua vida se tornou um cotidiano de esperas que talvez nunca aconteça, e quem sabe um dia G descubra que perdeu a beleza da lua, enquanto ficou presa ao céu nublado.

Onde eles estão hoje? Ela em Minas, continuou sua vida, não sei muita coisa dela, então não posso falar do que não sei, ele continua em Joinville, sozinho, de malas prontas para ir onde o destino o mandar, talvez um pouco desacreditado de algumas coisas, triste e solitário como sempre, mas vivendo um dia após o outro, como a maioria.

Essa é uma história curta, mas com uma intensidade que só quem viveu um amor assim sabe as marcas que deixam, por isso eu penso que jamais devo sair da vida de alguém sem deixar marcas o suficiente para que lembrem de mim pelo melhor que eu pude ser, foi isso que ele me ensinou, e é assim que eu vivo.

Vil Becker
Enviado por Vil Becker em 24/10/2015
Código do texto: T5425650
Classificação de conteúdo: seguro