# Kalúnia 116 - Empreiteiras subornam políticos desde Jânio Quadros///Dez sintomas da pobreza de um jornalista X

Um jornal de boatos confirmados

Antes da Lava Jato

Zulcy Borges, jornalista diplomado

A empreiteira Camargo Corrêa gastou mais de US$ 300 milhões, ou R$ 1,2 bilhão, em subornos e propinas de políticos que incluíram os então governadores do estado de São Paulo: Paulo Maluf, hoje deputado-federal do PP; Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury Filho, segundo entrevista do ex-diretor financeiro da empresa, João Paulo dos Santos, ao jornalista Claudio Dantas, publicada pela revista Isto É, de 11 de março deste ano. O administrador João Paulo dos Santos foi diretor financeiro – segundo maior cargo da empreiteira até 1993.

João Paulo disse ainda que negociou um caixa 2 de 23% de comissão (pagamentos sem comprovação para fugir do imposto de renda) sobre obras públicas do governo federal com o empresário morto Paulo Cesar Farias – o PC Farias – representante à época do presidente Fernando Collor - hoje senador. O caixa 2 acabou recusado pela Camargo Corrêa devido ao seu custo elevado.

Sem doleiros

A prática, agora descoberta pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, consistia no superfaturamento de planilhas de obras públicas. Foi o que aconteceu na construção pela Camargo Corrêa da barragem do Lago Paranoá, em Brasília – SF, na hidrelétrica de Itaipu e na ponte Rio-Niterói, entre muitas outras. O túnel do Joquei Clube de São Paulo-Capital, construído na gestão do então prefeito Janio Quadros foi superfaturado em US$ 50 milhões, ou R$ 200 milhões, disse o administrador. Ele ainda falou que os pagamentos de propinas eram pessoais ao governador Paulo Maluf. “Ele gostava de receber diretamente”, disse João Paulo dos Santos,”foi assim desde o tempo do regime militar. Tinhas as ORTNs (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional) ao portador. Negociava-se no mercado. Essas ORTNs eram aceitas em qualquer lugar. A inflação era diária. Sobrava caixa 2. Eu tinha uma sala cheia dessas ORTNs. A gente levava para ele diretamente. O Maluf tinha uma poltrona com fundo falso, jogava dentro, e sentava de novo.”

O ex-diretor financeiro da Camargo Corrêa chegou a procurar o Ministério Público de São Paulo para denunciar o esquema mas os crimes já haviam prescrito. A Isto É ele garantiu que as propinas começaram com o governador Orestes Quércia, no valor de US$ 1,55 milhão, ou R$ 6,2 milhões por mês, continuando no governo Fleury. Uma explicação para o propinoduto da Camargo Corrêa ter ficado deconhecido antes da Lava-Jato foi que o esquema não tinha doleiros, como admitiu o próprio ex-diretor. Os depósitos dos subornos aconteciam em contas na Suíça, como as descobertas agora do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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Dez sintomas da pobreza de um jornalista

Escrito por Duda Rangel (*), do Comunique-se

1-Ir à pauta de busão para embolsar a grana do táxi.

2-Fazer anotações na mão para economizar folhas do bloquinho.

3-Ir a uma coletiva chata só para garantir o almoço do dia.

4-Esfregar a caneta velha entre as mãos para soltar a tinta ressecada.

5-Passar a madrugada à base de café requentado escrevendo frilas que pagam mal pra cacete.

6-Aproveitar a entrevista com uma dermatologista famosa para perguntar qual o melhor tratamento para olheiras de jornalistas que passam a madrugada à base de café requentado escrevendo frilas que pagam mal pra cacete.

7-Decorar a casa só com presentinhos de assessor.

8-Perguntar ao entrevistado qual a operadora do celular dele para escolher o melhor chip e gastar menos no pré-pago.

9-Vender tudo que é tranqueira no MercadoLivre para conseguir comprar uma máquina fotográfica no MercadoLivre.

10-Usar a mesma calça jeans e o mesmo All Star há anos.

duda(*) Personagem criado pelos gêmeos Anderson e Emerson Couto, o jornalista Duda Rangel é autor do blog Desilusões Perdidas e da fan page Jornalismo com bom humor. O blog originou o livro A vida de jornalista como ela é, à venda pela web aqui.

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Zulcy Borges - editor e jornalista diplomado
Enviado por Saskia Bitencourt em 21/10/2015
Reeditado em 29/10/2015
Código do texto: T5422382
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