Cadê o porco?
Tive uma ótima infância,fui muito sapeca,mas meus primos Cláudio e Claudinei eram dois terroristas! Eles moravam em Ribeirão Pires e vinham passar as férias aqui em Bauru. Meus bisavós espanhóis,Vô Chico e Vó Tereza tinham uma chácara e naquele domingo fomos todos pra lá.
Era dia de matar porcos e fazer garapa. Eu,minha irmã Silvana,o Dinei e o Cláudio,saímos em expedição pela chácara. Aí o Dinei falou:
-Vamos salvar o porco!
E eu:
- Como? O tio Orvilhe já está até de avental! (Tio Orvilhe era el matador)
Ele respondeu:
- Fica quieta sua troxa!Vem comigo!
Fomos pro chiqueiro,nós quatro, Dinei com aquele cabelo de tigela,Cláudio com o calção esgarçado e o rego aparecendo, Silvana com os olhos enormes e arrumando briga comigo,e eu, gordinha ,cabelo curtinho,parecia um menino.
Chegamos lá e vimos o porco! Enorme,nem conseguia levantar! Dinei nem aí,falou:
_Cássia,abre a porta e sai da frente!
Eu abri e saí bem rápido e ele pegou um galho de laranjeira cheio de espinhos e espetou o bumbum do porco! O coitado deu um pulo e levantou e aí nós fomos por trás e começamos a empurrar...
Atravessamos o pomar e a horta empurrando o porco, chegamos numa descida que ia dar no rio,desembestamos os quatro e o porco,depois rolamos e caímos no rio! O porco gritava assustado,agarramos ele e levamos pro raso. Brincamos ,sonhamos! Imaginamos estar na ÁFRICA e que o porco era um hipopótamo! E o porco gostou,deitou e deixou a gente fazer carinho,até brincar de cavalinho! Isso até a chata da Silvana levar uma mordida dele e subir correndo pra contar o paradeiro do coitado aos adultos.
Dali a pouco apareceu todo mundo no barranco,meu tio Nico que era surdo e muito bravo,gritou:
_Palito!(ele me chamava assim) Traz esse porco pra ca agora!!!!
Ai meu Deus! Pensei eu,como? É muito pesado....
Apareceu El Matador de avental e seus apetrechos e nós crianças abrimos o maior berreiro tentando impedir a morte de nosso hipopótamo. Mas não teve jeito mesmo,o tio Nico desceu com o chicote e tivemos que correr e nos esconder debaixo das camas!
E mataram nosso porco na beira do rio.