Deus não está morto: Por que a Causa do Universo é o Deus Pessoal?

Em muitos debates sobre Religião e Ateísmo, é comum se deparar com uma questão intrigante que nos faz refletir sobre conceitos filosóficos e questões de linguagem: por que a Força que criou o Universo tem de ser o Deus descrito pela religião cristã?

Muitas pessoas que acreditam em Deus postulam a crença , recorrendo à razão para fundamentar essa Cosmovisão, seja através de argumentos cosmológicos ( baseados no mundo e sua origem) sejam em argumentos morais e antropológicos ( baseado no homem e em suas experiências morais, religiosas, simbólicas e sócio-culturais).

O grande problema posto pelos ateístas é o abismo conceitual que existe entre Um Ser Criador e toda a crença judaico-cristã.

Todavia, os argumentos cosmológicos que fundamentam a Cosmovisão Judaico-cristã se apropriam de premissas e concepções filosóficas, uma vez que a Religião não se sustenta apenas na FÉ, mas também na RAZÃO.

As concepções de Aristóteles em MetafísicaXII tiveram lugar no Ocidente cristão ao fornecer base epistêmica não só para a Ciência, mas também para a Religião, em três das “cinco vias” de Tomás de Aquino, defendendo a ideia de que a cognição humana chega à Verdade através do pensamento e da experiência. Por isso, talvez, o psicanalista Eric Fromm, em seu livro A Arte de Amar, afirmou que Ciência e Religião se baseiam na mesma premissa epistêmica básica.

Teólogos argumentavam- e defendem- a existência de Deus a partir de dados evidentes – ou proposições evidentemente verdadeiras e por todos – sobre a realidade. Por isso, foram criadas variantes do Argumento Cosmológico e uma delas é bastante interessante pois livra o argumento de suposições físicas antiquadas, sendo assim resumido por W. P. Alston (1998):

(i) O universo físico é temporalmente finito ou infinito;

(ii) Se finito, o começo da existência do universo deve ter sido devido a alguma causa;

(iii) Se infinito, deve haver alguma causa cuja atividade é responsável pela existência deste universo, e não de outro ou nenhum (em que (ii) e (iii) acusam o “princípio de razão suficiente”);

(iv) Mesmo se a causa da existência do universo deve a sua existência a alguma outra, um regresso infinito de tais causas (fora do universo espaço-temporal) é impossível;

(v) Logo, o universo como um todo deve a sua existência a uma causa primeira incausada, que, de sua natureza, existe necessariamente.

i- O universo como um todo deve a sua existência a

uma causa primeira incausada, que, de sua natureza, existe necessariamente.

O argumento termina com a conclusão de que existe uma Causa, uma Razão Necessária para a existência do ciclo causal contingente. Logo, nos remete a ideia de que na Realidade, existem duas naturezas distintas : de um lado, o Eterno, o Infinito, o Necessário, Imutável; de outro lado, o Contingente, Finito, mutável.

Sabemos que no Universo houve e há transformações na matéria, no espaço e no tempo. Essa mutabilidade é necessária ou contingente? Se ocorreu, estava inscrita na na cadeia de possibilidades de eventos, e aquilo que por definição pode ocorrer pode também não ocorrer. Logo, a existência do Universo físico não é Necessária.

Se este raciocínio estiver correto, poderemos dar continuidade ao argumento cosmológico a fim de chegar na conclusão de que a Causa é um Ser Pessoal, isto é , Deus é pessoa.

As premissas e conclusões seguem desse modo:

i- O universo como um todo deve a sua existência a

uma causa primeira incausada, que, de sua natureza, existe necessariamente.

ii – O universo como um todo não é necessário, isto é, não precisa

existir.

iii -O universo existe.

iv- O que não é necessário existe por uma causa

volitiva( livre) e intencional.

Logo, a causa do universo é de natureza intencional e livre.

I- Existem dois tipos de explicação causal : científica ( em termos de causa física) e pessoal ( em termo de motivos e propósitos de seres pessoais)

II-O primeiro estado do universo ( toda realidade física) não pode ter uma explicação científica uma vez que não havia nada antes dele

( ou , uma vez temporalmente infinito, não há nada nele que seja razão suficiente para existir em vez de não existir.

III- A causa ou razão para a existência do universo ( realidade física) não é física.

Logo, a causa é uma pessoa.

I- A causa do universo é uma pessoa.

II- Uma pessoa que cria o universo tem para com ele propósitos.

III- No universo, há uma relação pessoal intríseca - entre a pessoa necessária (criadora) e a pessoa contigente ( ser humano).

III. I De modo que, na natureza viva : vontade , propósitos e intencionalidade existe apenas no ser humano .

III. II De modo que, na realidade, o ser humano constrói meios de ligar-se a pessoa criadora por meio do fenômeno religioso.

Logo, a pessoa criadora do universo tem propósitos com o ser humano.

Se as premissas estiverem corretas, bem como as conclusões, os teístas têm fundamentos ao se apropriar dos argumentos cosmológicos na defesa da racionalidade da fé cristã. Afinal, a causa primeira é uma pessoa .

Vanessa Patrícia
Enviado por Vanessa Patrícia em 03/07/2015
Reeditado em 08/10/2016
Código do texto: T5298242
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