Educ-ação!

Outrora dispus-me a participar de uma redação promovida por uma associação da qual, no discurso do concurso, subdividiam-se duas categorias: ensino fundamental e médio e ensino superior. O contexto e intuito, sobretudo, era o incentivo à leitura e a observância mediante os conhecimentos trazidos no decorrer da vida estudantil do aluno o mesmo pudesse resenhar seu entendimento – da qual, particular e fervorosamente, afirmo funcionar -, pois, não obstante eu, quem tampouco leio livros e, ordinariamente, arrisco-me a vociferar palavras distorcidas e soluçantes em entrelinhas virtuais, provei dessa sebosa arapuca que, felizmente, atingiram tais objetivos. Li o tal livro de Robert Kyiosaki, autor do também conhecido, célebre e portentoso “Pai rico, pai pobre” – do qual, li somente o de quadrinhos, tamanha minha antipatia por livros (perdão, educação!, é que lastimo às árvores). O livro, não menos titulado – de maneira sucinta a incitar a curiosidade – por “O poder da educação financeira: lições sobre dinheiro que não se aprendem na escola”, instigou-me a lê-lo (porém, não até o final).

Em suma, o li e, de tal forma, resenhei o texto que segue abaixo:

Educ – ação!

Ser leigo no mundo atual é uma desvantagem quase que inevitável. Não fosse o fato de podermos mudar essa realidade pela simples tomada de iniciativa em promover nossas faculdades pessoais a se disciplinarem; ou seja, buscarmos por conhecimento.

Contudo, além dessa exigência do mundo moderno sobre intelecto, estar social e monetariamente estável também é propulsor de uma boa vivência, e uma vantagem. Não que estes sejam fatores obrigatoriamente necessários, no entanto, é o que o sistema nos propõe.

De toda forma e, apesar de, mesmo educacionalmente bem instruídos, tudo nos remete às práticas corriqueiras sistemáticas. Como bem colocado por Robert no livro “o poder da educação financeira: lições que não se aprendem na escola”, nos condicionamos a esses fatores socioculturais trazidos de épocas remotas que não cabem aos dias atuais, e que, indiscretamente, fazem parte do sistema; pois, com o passar do tempo, foram moldados a se tornar tal.

Os percalços de toda essa problemática que nos introduz involuntariamente em um sistema se dá por alguns fatores citados pelo autor de caráter emergente: as tradicionais lições escolares, as tradicionais dicas financeiras, as tradicionais tomadas de decisão a partir dos agravantes passados; são essas algumas. Como perceptível, o que é tradicional quase sempre é ultrapassado, obsoleto. Ainda que nem sempre possa ser assim considerado, na velocidade em que o mundo e o mercado caminham, manter-se estável é petrificar a melhoria de vida em uma condição de risco.

Ademais, são problemas estes, pois, nas escolas tradicionais, são ensinados ainda aos seus frequentadores como se identificar e portar-se voltados ao mundo comercial na visão de um trabalhador. Não que o mundo já não esteja saturado de bons investidores, dos quais, felizmente, ascenderam sua vida financeira; mas, qualquer um pode – e deve – procurar essa solução: ficar rico. Ficar rico, como prepondera a citação de Robert, não é um problema. O objetivo social do bem comunitário é manter as classes igualitárias, afinal. A educação tradicional nos remete ao treino, à teoria, muito embora a prática seja absolutamente desalinhada a essa margem educacional. É um erro que não está sendo trabalhado. Os educadores devem transpor as ementas. Não deve-se aplicar ementas! Devem demonstrar o que o indivíduo enfrentará na vida cotidiana. Como o mercado é corrupto e fraudulento, como ficar bem financeiramente é necessário e não impossível e, principalmente, – pois – os bons resultados devem ser práticos e não teóricos. Não obstante, compreender que ser bom para si mesmo é mais vantajoso do que ser bom para o outro. É aplicar o seu conhecimento em prol das suas expectativas e não a favor de resultados beneficentes para categorizar-se.

Outro articulador preocupante é a falta de preparação que viemos tomando no decorrer dos tempos desde a mudança de Eras. Conquanto possuímos indústrias, estas são automatizadas. Isso se deve ao fato de estarmos em uma Era tecnológica, onde, quem não se enquadrar nesses tópicos, ficará fora do mercado. Com a ascensão da tecnologia, desempregos surgiram e, sempre, quem não estava preparado, saiu perdendo. Não estar preparado é alienar-se a tradicional ordem de vida. Um coadjuvante para a deterioração da vida social e financeira da população: não se desapegar do modo usual – como citado anteriormente.

Muito embora poucos indivíduos leigos – que desacompanham as mudanças financeiras do mercado e do decorrer dos anos na indústria – mudarão seus hábitos educacionais para manter-se eximidos da tradicional solução financeira, o principal objetivo é educar-se. Tanto financeira quanto pessoalmente. Saber defender os riscos que podem vim à tona em qualquer área da vida passou a ser fundamentalmente necessário quanto proteger-se para sobreviver, a partir do momento em que iniciamos uma civilização e, em séculos, demos continuidade a esta.

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Visto que abordei, indexei e mesclei minha opinião (des)alienada ou não sobre tal leitura, hoje, venho desmistificá-la perante o conhecimento atual que carrego sobre tal assunto. Conquanto somente os pormenores da minha percepção foram se fragmentando, afim de amadurecer e enrijecer-se, saliento alguns erros pessoais.

Salvo o intuito do concurso, minha atual e (ir)relevante opinião, não se diz respeito à riqueza material. É obsoleto, talvez ultrapassado, ingênuo, achincalhador, brejeiro, ou seja lá qual for o adjetivo mais adequado para tal observância; contudo, ser rico é relativo.

Sim, relativo. Para qual o objetivo da redação se encaixa, indubitavelmente, ser rico é apoderar-se de bens materiais. E a riqueza pessoal? Também está ali. Onde dispus-me a salientar nada mais que os valores pessoais da tomada imune perante a redoma alienável que nos circunda. Também é sinônimo de riqueza apoderar-se de conhecimento. Como também não pode-se dizer sinônimo de riqueza estar efetivamente em ascensão na bolsa de valores mais valorosa. A perda se dá em uma fração de milésimos de segundos sobre quem não domina a própria educação. Pois, já é do conhecimento alheio que quem eclode de modo justo financeiramente, perante a disciplina e almejo, anula a variante possível quantidade de derrotas futuras pelo simples fato de saber como começar novamente. Não digo que exime-se da perda. Digo que exime-se do fracasso total. E a vida não acompanha essa carreira do sistema financeiro. É o sistema que se adaptou a essa peculiaridade da vida, só observar. Enxergar além do que se vê. Como já dizia Saramago “se puderes olhar vê; se puderes ver, repara”.

Repara então no sistema carcerário atual da nação brasileira. Eu quem não gosto de ler, torno-me crítica vulnerável desse sistema, no entanto, posso afirmar que não corroboro com o fato de frequentar a faculdade. Isso mesmo, não concordo. Não gosto.

Ao meu viés, e não somente viés, digo, com base na minha tão leiga e vaga experiência – só estou aqui para dispor minha opinião, não afim de promulgá-la -, aprendo com o que me cativa, não com o que implica em me adequar a uma ementa. Não adapto-me a ementas. Não gosto de seguir uma rotina. Não deve-se ter rotina, já diziam os estudiosos neurologistas sobre o melhor desempenho do cérebro em atividades não corriqueiras, e então? Rotina mesmo assim? Todo ano aquela ementa inflexível e amotinadora? Errar não é cometer algo impassível de opção senão o acerto. Errar é ser homo sapiens desprovido de inteligência, perdurando pétrea a atrozmente salientando a mesma tecla, em discorridos anos, de distintas eras, de diferentes momentos econômicos e sociais, sem absorver e desmaranhar esse detalhe.

Somos lapidados em decorridos anos letivos afim de sairmos efetivamente diagnosticados capazes de atuar no mercado de trabalho através de um papel, elaborado por alguém que nem ao menos nos questionou sobre conhecimentos eventualmente particulares além do usualmente indexado na ementa? É isso mesmo? Que incentivo recebo em promover meu conhecimento sobre astronomia se nenhuma faculdade, a não ser a especificadamente direcionada a isso, me questionaria ou desenvolveria minha aptidão sidérea? E se, eventualmente, reconhecesse minha possibilidade em começar tal curso, onde mesmo eu encontraria alguma? É. Isso foi só um exemplo, totalmente irrelevante, talvez. No entanto, questionam-nos de o porquê hoje em dia não se reconhecem mais pesquisadores, cientistas, filósofos. Pois bem, essa é resposta. Na verdade, não nos questionam. Simplesmente aplicam-nos um método educacional, que podemos facilmente encontrar no navegador mais usual do mundo. Tudo mecanizou-se. E se não houver um retrocesso disso, não haverá um progresso também.

Porque uma pessoa tornava-se filósofo-médico-cientista-arquiteto e, sobretudo, eficiente nas suas atividades nos tempos primordiais? Porque o estímulo, além de pessoal, não era lapidado, nem podado, nem dolentemente moderado. Fazia-se o que se cativava, o mistério instigava. E quanto mais se esclarece sobre algo, mais algo surge para se esclarecer. Hoje, é diferente, contanto, no momento que poderíamos desbravar sobre algo, fuzilam-nos de questões sobre as quais nem mesmo temos interesse, e diz-se de interesse trivial e essencial.

Não eximo-nos da culpa da procrastinação. Da culpa do desinteresse. Da culpa do acômodo. Mas culpo-os por quem não merece essa culpa.

Talvez por isso não sabe-se a origem da vida ainda.. não sobra-nos o tempo para, do nosso jeito, descobrir.