O paradoxo do atual ensino de filosofia
O ensino de filosofia atualmente é uma questão em xeque e bastante comentada por intelectuais da área da educação, com ênfase principalmente no ensino médio, onde a grande maioria dos alunos não se interessa por aspectos relevantes como sociedade, arte, cultura, politica, atitude reflexiva e/ou qualquer espécie de conhecimento que não traga benefícios aparentemente imediatos. Dessa forma, a filosofia é vista com certo receio — para não dizer com grande aversão — por uma proporção considerável dos jovens estudantes: não valorizam a filosofia, não a compreendem, não querem conhecê-la.
Todavia, é interessante notar que os principais aspectos abordados pela filosofia são, justamente, as grandes questões levantadas ou problematizadas pelos jovens, como, por exemplo, a liberdade, o preconceito, as relações de poder em suas mais diversas facetas, questões de fundo ético, estético ou psicológico, entre outras importantes temáticas. Se isso for verdade, onde se encontra a cisma entre filosofia e jovens estudantes? Em que momento e por que houve essa negação do valor da filosofia pelos alunos? Se os problemas levantados pela filosofia são também os problemas dos estudantes, por que esse desencontro?
Sinceramente, não posso dizer o real motivo dessa ruptura. Entretanto posso dizer que o problema não se encontra nos alunos nem, muito menos, na filosofia; com efeito, um aluno para interessar-se por algo precisa, de certa maneira, conhecê-lo, e a filosofia tem seu valor na medida em que é compreendida. Assim, parece-me que nem o aluno nem a filosofia são culpados por tal distanciamento. Entendo, ao contrário, que tanto a filosofia se interessa pelas questões do estudante como o estudante se interessa pelas questões da filosofia.