Revolução - texto sendo editado
Como não gosto de pessoas donas da verdade! Mas essa afirmação também parte do princípio de que eu estou certo e elas erradas! Então eu também sou assim. É, não podemos mesmo julgar os outros. Agora tentei amenizar para ficar novamente com a razão. Que triste constatar que somos todos iguais. Bom, isso também é uma confissão de quero ser melhor que as outras pessoas. Mas espera aí, tenho mesmo que ser pior? Receio que não exatamente isso. O que preciso é entender que a diferença de quem quer que seja não precisa ser parâmetro para eu me julgar melhor ou pior.
Enfim, somos mesmo iguais na diferença. Na crença e na descrença que vença a verdade de cada um. A minha verdade serve mesmo para mim. Mas talvez isso também sirva de base para a intolerância. Com tanta dificuldade para nos entendermos criou-se o Estado. E isso protegeu a propriedade. Essa extensão de si que o ser humano usa para se afirmar e se proteger da pobreza de ser mais um. Justamente o que eu dizia de não se querer ser igual.
Todo homem quer se destacar, fugir do anonimato. Todo mundo quer ser agradável para ser agradado. E nessa subserviência de fazer algo para receber muito mais do que oferecemos, criamos o comércio. O tal negócio de comprar mais barato e vender o mais caro possível. Se possível colocando gente em situação mais emergencial que a nossa para vender o que compramos pelo melhor preço, por um preço ainda mais lucrativo.
Na prática, saímos da selva, mas ela não saiu de nós. O mais forte continua se alimentando do mais fraco. A diferença aqui é que o mais forte não come a presa, apenas a explora. É como quando os pastores tiram dos carneiros apenas a lã. Contudo, que novidade há nisso? Nenhuma. Apenas estou tentando entender porque raios não gosto de pessoas donas da verdade!
Se relembrarmos que somos todos assim, voltamos à criação do Estado que tende a proteger-nos uns dos outros... o tanto que isso é possível. Com essa coisa de civilização, a maioria de nós também se protege por essa relação de trabalho que a gente mesmo critica. Nem todos sabemos gerir uma empresa. Mesmo assim, precisamos sobreviver. Desse modo, cada qual oferece o recurso que tem. E muitos de nós não temos mais que a força de trabalho. E havemos de ser gratos pela compra desse nosso produto.
Agora, que também não sejamos julgados por valorizarmos o único bem que podemos oferecer. E se “alguém” precisa cumprir esse papel de tornar-nos mais iguais nas diferenças que todos têm, esse “alguém” é o Estado em sua função de promover a ordem e o bem estar social. É ele quem deve minimizar a desigualdade que a parte animal do ser humano nos proporciona. Ele deve assimilar as diferenças com justiça. E sabem o que é pior? Essa é a única promessa que se faz no programa eleitoral.
Todas aquelas imagens e sons emocionantes que acompanham cenas de líderes tão amáveis quanto Cristo, querem nos convencer que finalmente chegou nossa vez. Contudo, já não somos mais tão inocentes. Sabemos o lugar que esse Estado nos reserva. Basta saber se a mudança que a gente quer é para já. Basta descobrir se é esta a geração que vai controlar o Estado, com a força da maioria que a natureza nos reservou.