Pequena abordagem sobre literatura no Brasil.
A literatura faz parte do patrimônio cultural de uma nação. A de origem brasileira teve a sua consolidação no século XIX, quando se registraram quatro movimentos literários, mencionados a seguir: Romantismo, Realismo, Parnasianismo e Simbolismo. Dentre os autores que, na passagem do século, anteciparam o Modernismo, podemos citar como principais: Monteiro Lobato, Euclides da Cunha e Lima Barreto.
- Romantismo
O romantismo foi um dos mais importantes movimentos literários do Ocidente e, particularmente no Brasil,significou uma etapa decisiva na formação de nossa literatura e vida cultural.
O Romantismo mostrou-se um movimento rico, com múltiplos desdobramentos, mas há uma característica que distingue o escritor romântico de todos os outros, ou seja, o gosto pela expressão dos sentimentos, dos sonhos e das emoções que agitam seu mundo interior, numa atitude individualista e profundamente pessoal. Embora essa característica possa ser encontrada em qualquer ocasião, é no século XIX que ela atinge sua maior intensidade, convertendo-se num elemento identificador do Romantismo como estilo de época.
No Brasil o Romantismo desenvolveu-se ainda no século XIX, constituindo-se no período do verdadeiro nascimento da nossa literatura, pois nele a poesia enriqueceu-se admiravelmente, criaram-se o romance e o teatro nacionais e formou-se um razoável público leitor, completando-se o circuito autor, obra e público, tão necessário ao estímulo da vida literária. O espírito de renovação lingüística é uma contribuição importante do Romantismo e foi retomado, bem mais tarde, pelos modernistas.
- Realismo
A segunda metade do século XIX presenciou, na verdade, o surgimento de três tendências literárias; o Realismo, na prosa, e o Parnasianismo e o Simbolismo, na poesia.
O Realismo teve início na França, em 1857, quando o escritor Gustave Flaubert publicou o romance sob o título Madame Bovary; no Brasil, seu início é assinalado pela publicação dos romances Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O Mulato, de Aluísio Azevedo, em 1881.
Constituindo uma oposição ao idealismo romântico, o Realismo propõe uma representação mais objetiva e fiel da vida humana. O romance não é mais visto como distração e sim como meio de combate e de crítica às instituições sociais decadentes. Enquanto o Romantismo exalta os valores burgueses, o Realismo os analisa com impiedosa visão crítica, denunciando a hipocrisia e a corrupção da classe burguesa, focalizando principalmente suas duas instituições básicas; o casamento e a igreja.
No Brasil, a literatura realista encontrou boa expressão nas obras dos seguintes autores: Machado de Assis, Raul Pompéia, Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha, Domingos Olímpio, Manuel de Oliveira Paiva e Inglês de Sousa.
- Parnasianismo
A inspiração inicial do Parnasianismo veio da França, onde, em 1866, publicou-se uma antologia poética intitulada O parnaso contemporâneo.
No Brasil, os principais poetas parnasianos são; Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Vicente de Carvalho.
Em 1878, ocorreu, em jornais cariocas, uma polêmica em versos que ficou conhecida como Batalha do Parnaso, em que a poesia romântica foi atacada. Em 1882, Teófilo Dias publicou o seu livro de poesias, Fanfarras, considerado o marco inicial do Parnasianismo brasileiro. Começava, assim, um movimento de reação à poesia chorosa e basicamente sentimental do Romantismo.
Enquanto a prosa realista representou uma reação contra a literatura sentimental e extremamente subjetiva dos românticos, a poesia do final do século XIX significou a rejeição total da linguagem declamatória e coloquial do Romantismo. Valorizando o emprego da palavra rara e da frase rebuscada, teve origem, nessa época, o Parnasianismo, movimento que fez do cuidado formal sua característica básica, freqüentemente em prejuízo da própria qualidade da expressão poética.
Desejando evitar os exagerados derramamentos sentimentais dos românticos, os parnasianos acabaram caindo muitas vezes no extremo oposto transformando a poesia numa exibição de técnica e preciosismo formal.
- Simbolismo - a valorização da música
No último decênio do século XIX tomou impulso outro movimento que, apesar de não abafar o Parnasianismo, constituiu ponto de partida para a recuperação da musicalidade de expressão poética.
Temos assim a valorização do ritmo, das sensações, das sugestões, do indefinível. Enquanto o Parnasianismo compara o poeta a um ourives, o Simbolismo o aproxima de um músico, que, ao invés de sons, trabalha com palavras que têm o poder de evocar sentimentos e emoções, mas não o sentimentalismo choroso e superficial dos românticos e sim os profundos anseios e angústias que atormentam o espírito sensível do poeta.
Origens do Simbolismo
O movimento simbolista é de origem francesa e seu marco inicial no Brasil é a publicação, em 1893, de dois livros de Cruz e Souza : Missal ( poemas em prosa ) e Broqueis ( poesias ).
Por seu subjetivismo, o Simbolismo apresenta algumas semelhanças com a poesia romântica, porém a grande diferença reside na linguagem bem mais trabalhada dos simbolistas, que procuram obter variados efeitos rítmicos e sonoros. Além disso, os simbolistas manifestam acentuado gosto pelo vocabulário litúrgico e religioso, o que dá a seus textos um ar de misticismo e espiritualidade ausente do Romantismo.
Os nomes mais destacados do Simbolismo brasileiro são: Cruz e Sousa, Alphonsus de Gimaraens, Pedro Kilkerry, Dario Veloso e Emiliano Perneta.
Uma das características marcantes do Simbolismo é a preocupação formal que se revela na busca de palavras de grande valor conotativo e ricas em sugestões sensoriais; o simbolista não pretende descrever a realidade, mas sugeri-la.
Como escritor procuro conciliar as minhas atividades jornalísticas, com os compromissos acadêmicos, sem prejuízo do lazer, uma vez que da minha agenda constam algumas excursões já programadas. Assim sendo, caso obtenha sucesso nessa pretensão, é minha intenção trazer a este espaço literário, outros esclarecimentos que melhor elucidem a literatura, em sua essência.
Fonte: Estudos de língua e literatura, de autoria de Douglas Tufano.