FILOSOFIANDO IDÉIAS - SOBRE ÉTICA - ROBERTA LESSA
PEQUENAS BASES EPISTEMOLÓGICAS DA ÉTICA HUMANA
Opera enquanto geração de uma teoria de conceitos (conhecimentos) em contraposição ao sistema clerical que enfatiza conceitos gerados pelo sobrenatural, por uma entidade superior ao homem; dignificando a ética enquanto posturas relacionadas às potencialidades do ser humano enquanto ser racional e provido de desenvolvimentos de conceitos e atos éticos operando no meio que vive de forma racional e consciente libertando-se da apropriação de seu ser enquanto produto social. A humanidade do indivíduo há de ser considerada naturalmente e essa natureza é fonte de modificação de conceitos éticos operantes, voltando-se o homem o centro do pensamento e ética humana. Estabelece-se uma teoria de oposição à teologia e à metafísica, propondo substituição de padrões éticos, morais , políticos, gerando conceitos filosóficos voltados à valorização histórica e contextual do ser humano, para que haja maior compreensão dessa sua historicidade (afetiva, racional).
METODOLOGIA PARA COMPREENSÃO DA ÉTICA MODERNA
Determinadas metodologias oportuniza estabelecer hábitos sociais e desenvolvimento de características valorativas de conceitos que influenciarão na formação do caráter do indivíduo e suas ações no coletivo através de conceitos a serem avaliados gradual e sistematicamente de acordo com os valores por eles concebidos. O método restringe condutas direcionando-as de acordo com os conceitos e direcionamento sociais vigentes. Na modernidade a investigação re significa os valores dessa conduta enquanto fundamento reflexivo, investigativo gerando dessa forma uma consciência embasada na ciência, em métodos que priorizam a formação de juízos éticos que evidenciam a crítica contínua e constante. Com a modernidade a metodologia volta-se para a individualização das prioridades filosófica, ocorrendo a dessacralização da cultura, da religiosidade e do conhecimento desenvolvido, bem como tecendo crítica à teorias epsitemológicas, ocorrendo dessa forma o surgimento de novos conceitos científicos voltados ao desenvolvimento tecnológico para sanar as emergências sociais que eram ocultadas pelos dogmas usuais que estagnavam o desenvolvimento dos saberes e da sociedade. Ao se desenvolver novas metodologias de pensamentos éticos para a solução de tais questões rompe-se a estrutura vigente o que permite aos indivíduos gradativamente a oportunidade de se estabelecer novas buscas conceituais de saberes, rompendo também o monopólio gerado pela epistemologia operante no período pré moderno que tinha enquanto base conceitos de origem divinais e metafísicos. Tais métodos, criticamente falando também geraram crises existenciais que direcionaram à negação de uma provável dignidade pessoal que busca uma sociedade utópica e tão esperada pelo coletivo (a salvação, o homem perde sua estrutura mítica que elevava a esperança num futuro bem vindouro); gerou também regimes totalitários nessa período moderno, foram aproximadamente duzentos anos de adaptação para que houvesse aceitação da transição desses novos conceitos, por parte da ciência;operacionalizando a ruptura da hegemonia dominante e eclesiática. Paralelo a isso um fervor se instalava e que direcionava a humanidade a novos saberes, novas conquistas em diversos segmentos sociais. Métodos adjacentes e voltados à ética e à filosofia eram implantados que estabeleceram critérios e tentativas de conscientemente romper com o sistema aristotélico tomista (monopólio do período até então), tal método dedutivo, indutivo se preocupava em garantir segurança ao conhecimento objetivo e crítico da realidade.
DIFERENÇA: ÉTICA RACIONAL, EMPÍRICA E CRÍTICA
ÉTICA NO RACIONALISMO
Empregando a lógica para se concluir um fato enquanto verdadeiros, falso ou provável voltando-se sempre para questões referentes ao interesse do coletivo, dessa forma direciona a ética para padrões organizacionais da sociedade onde o Estado (liberalismo) é influencia operante e que direciona os padrões dessa ética para resolução da problemática da economia, urbanismo, gerando soluções eficazes e tecnicamente avaliadas intelegivelmente antes de sua implantação no sistema social e cartesiano, tendo como base encontrar certezas sustentadas pelo conhecimento gerados pela razão.
ÉTICA NO EMPIRISMO
Tendo como base o experimento enquanto ferramenta para o desenvolvimento dos saberes enquanto ciência, o empirismo desvia seu olhar para questões referenciadas em idéias natas, sendo os saberes e padrões éticos um desenvolvimento oriundo das percepções das coisas, suas causas e efeitos, gerando métodos para tal ato de observação, negando a intuição e a fé estabelecida enquanto verdade no medievo. A ética é pré estabelecida enquanto tal, através do emprego de “leis científicas”, haja vista considerações a respeito da inexistência de saberes pré existentes no recém nato, e os saberes são construções através de percepções do coletivo, de experiência do sensível, formando assim idéias e conceitos correlatos aos saberes e à ética de forma sistemática Locke considerava o ser humano enquanto construção de saberes e comportamentos e através de experiências isso ocorreria, inicialmente pela compreensão de idéias simples e depois correlacionando-as o que tornariam idéias mais complexas ocasionando o desenvolvimento de conceitos de diferenciado substanciamento. Esse indivíduo torna-se independente da opressão que a fé divina tecia em seu comportamento e repensa a sociedade enquanto relação para um caminho de ação. A ética dessa forma, no empirismo ocorre sendo a mesma formatada gradualmente tecendo-se análises sistemáticas e metódicas tendo como fonte o cientificismo e desprovido de ambigüidade.
ÉTICA NO CRITICISMO
Os valores são avaliados critica e metodologicamente oportunizando maior conhecimento racional do fato sendo ele fonte de reflexão filosófica afim de estruturar-se os saberes e neles inserir questões éticas concernentes ao conhecimento da verdade tal qual ele é, superando o empirismo e o racionalismo operante. Kant é uma das expressões máximas que direciona o pensamento para a superação da dicotomia dos conceitos existente até então unindo saberes sensíveis (matéria ética) e seu entendimento (forma ética), tendo consciência da limitação da mente humana para o conhecimento da essência das coisas.