Há 15 anos meu Verdão Disputava o Mundial Interclubes

O dia era 30 de Novembro de 1999 uma terça-feira eu já havia dormido com o uniforme do Palmeiras. Acordei cedo, confiante fui para a aula de Matemática, na quarta série com a camisa do Verdão por baixo, o short também e os meiões. Depois da chamada a Professora me viu rezando e me perguntou o porque da minha reza eu respondi que era para o Felipão não fazer besteira.

Há 15 anos, Palmeiras jogava melhor que o Manchester United, mas perdia o título Mundial para mim foi o título que o Palmeiras mais mereceu vencer.

O Mundial Interclubes de 1999 foi um grande duelo. O Palmeiras, campeão da Libertadores, chegou para a disputa com um time forte, entrosado e com excelentes jogadores. Enfrentava um time fortíssimo, o Manchester United, que tinha vencido aquela final épica da Champions League, com uma virada nos acréscimos. O duelo foi equilibrado. Um confronto sem favoritismo do lado europeu, como foi se tornando comum à medida que o tempo passou. O meu Palmeiras mostrou força, encarou, mas acabou perdendo em uma falha individual, na minha opinião pelo então zagueiro Júnior Baiano.

O Palmeiras tinha Alex como camisa 10, o craque do time. Tinha jogadores importantes como Marcos, Arce, César Sampaio e Zinho, além de Paulo Nunes e Asprilla – este último um reforço para o Mundial, não estava no time campeão da América no primeiro semestre do ano. Comandado por Luis Felipe Scolari, o time chegava forte à disputa. O Palmeiras chegava forte, mas teria do outro lado um adversário com prestígio e com força, que jogava junto há muito mais tempo.

O Manchester United era o mesmo time campeão da Champions League, com exceção do goleiro Peter Schmeichel, que se aposentou após a conquista. O titular foi Mark Bosnich e os Diabos Vermelhos atuaram com o meio-campo recheado, em vez dos dois atacantes de costume: Mark Bosnich; Gary Neville, Mikael Silvestre, Jaap Stam e Denis Irwin; Nicky Butt, Roy Keane, Paul Scholes, David Beckham e Ryan Giggs; Ole Gunnas Solskjaer. Dwight Yoke, que era titular, estava no banco. Andy Cole ficou fora, machucado.

O gol de Roy Keane, aos 35 minutos, veio depois de uma jogada de Ryan Giggs pelo lado esquerdo. O galês chegou à linha de fundo, cruzou alto, Marcos não achou nada e o meio-campista irlandês chegou para tocar de pé direito para o fundo da rede e marcar. Depois do gol, o Manchester United viu o Palmeiras jogar, pressionar e tentar muitas vezes o gol. Alex, que já tinha perdido uma chance no começo do jogo, foi o nome em foco. Fez um gol anulado por impedimento, que não estava e deu muito trabalho ao goleiro australiano Bosnich, que teve que trabalhar muito para impedir o gol alviverde. Asprilla e Oséas, que entrou no segundo tempo, tiveram suas chances.

A pressão foi tanta que Luiz Felipe Scolari tirou o volante Galeano com nove minutos do segundo tempo para colocar Evair. O time não perdeu o meio-campo e dominou a segunda etapa. A BBC, relatou a situação assim: “O time de Ferguson pareceu estar jogando consigo mesmo, contente em deixar os sul-americanos darem o entretenimento aos espectadores japoneses. Bonisch salvou com três defesas do mais alto nível antes do apito final. Primeiro, defendeu uma cabeçada de Oséas à queima roupa no reflexo, depois ele parou um contra-ataque do rápido Júnior antes de finalmente espalmar um voleio espetacular de Alex de fora da área, seria um golaço digno de ser lembrado por muitos e muitos anos. O ataque violento só foi parado quando o árbitro alemão Hellmut Krug apitou o fim do jogo”.

O site do Manchester United relatou o jogo ressaltando o quanto a atuação do goleiro australiano foi decisiva para a conquista daquela taça. Uma taça que, é importante lembrar, foi o primeiro Mundial de um time britânico, algo que o próprio técnico Alex Ferguson valorizou na época.

“Jogado em Tóquio diante de 53.372 torcedores, o jogo não foi um clássico do padrão do Manchester United. Na verdade, o goleiro Mark Bosnich foi obrigado a fazer um grande número de ótimas defesas e poderia facilmente ter sido nomeado o jogador da partida (Ryan Giggs ganhou esse título… E as chaves de um carro novo)”.

O Palmeiras de 1999 chorou no vestiário uma derrota sofrida em um jogo que fez o suficiente para ao menos empatar o jogo. Pelo futebol apresentado, não seria nenhuma surpresa se o time de Felipão tivesse empatado ou mesmo virado a partida. Alex, que jogou uma grande partida, teve ao menos três chances que quase marcou, além do gol anulado por impedimento. O Palmeiras foi gigante em Tóquio e conseguiu se impor diante de um Manchester United histórico. Não venceu, mas participou de um grande jogo, que fica marcado na história das duas equipes. É com histórias assim que o Palmeiras se tornou o grande clube que é.

Sei que existe a história de que o importante é competir, na minha vida, em qualquer aspecto não se aplica, acredito que o importante é vencer.

Na época eu me identificava com o Palmeiras devido a garra do time, não se entregar, como em momento algum daquele ano de 1999, foi inesquecível para qualquer torcedor independentemente do time. Os jogadores tinham garra, determinação, pelo menos mostravam isso, não é o que eu infelizmente vejo hoje em campo.

Vinicius Moratta
Enviado por Vinicius Moratta em 01/12/2014
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