Redação do Enem 2014: Coma espinafre, leia um livro, beba água, brinque ao ar livre

Coma espinafre, leia um livro, beba água, brinque ao ar livre

“Compre batom”. “Eu tenho, você não tem”. Nos anos 90, dois comerciais destinados ao público infanto-juvenil que continham essas duas frases fizeram bastante sucesso. Enquanto o primeiro divulgava uma marca de chocolates; o segundo, uma de tesouras com personagens da Disney. Na época, não chegaram a gerar polêmica, algo bem diferente do que se nota hoje quando se comenta sobre a propaganda infantil.

O contexto vigente no Brasil fere a liberdade de expressão ao passo que praticamente proíbe a propaganda destinada ao público em pauta. A medida pode resultar em uma série de consequências, que vão desde menos ofertas na área de publicidade até aos prejuízos de diversas empresas que dependem desse tipo de divulgação. O grupo Mauricio de Souza, por exemplo, tem como sua principal renda os produtos licenciados da Turma da Mônica, que precisam da exposição nos mais diversos meios de comunicação.

Outro problema gerado pela proibição será a diminuição de atrações voltadas para o público infantil na televisão. Isso já é notado atualmente, visto que são poucas as redes de tv aberta que dedicam parte de sua programação a essa faixa etária. Assim, as crianças tendem a migrar para programas que não são adequadas para elas, o que leva a um amadurecimento precoce, algo que prejudica o desenvolvimento de meninos e meninas. Nada de Malhação, Chaves é bem melhor.

Outro ponto que merece atenção é o fato de o Estado estar mais uma vez assumindo um papel que não é necessariamente de seu protagonismo ou exclusividade. Se a propaganda é realmente abusiva, quem deve agir no combate à influência que ela tem sobre as crianças? Primeiramente, a família, que deve travar com sua prole constantes diálogos sobre a necessidade ou não de um brinquedo novo, por exemplo. Além disso, também é papel da escola levar para a sala de aula temas do tipo e discuti-los amplamente.

Vale também a própria mídia agir. Nos Estados Unidos, por exemplo, o desenho animado do marinheiro Popeye, que ficava forte após consumir espinafre, aumentou o interesse das crianças pelo vegetal. Assim, comerciais em que se exalte o consumo de legumes, frutas e verduras devem ser feitos e veiculados nos intervalos das atrações preferidas da criançada. Além disso, novelas podem apresentar personagens infantis que incentivem a leitura e a prática de outros hábitos saudáveis, como o consumo adequado de água, e as brincadeiras ao ar livre em contraposição aos videogames; pique-pega no lugar de Playstation.