AMORPOESIASABEDORIA
AmorPoesiaSabedoria - Edgar Morin
SÍNTESE
Prólogo: o gênero humano não só é 'sapiens', mas também é 'demens', porque a demência engloba emoções brutais que todos temos. Vivemos um paradoxo: a sabedoria e a loucura se encontram no sentido sublime do amor e este não se manifesta senão por meio da poesia. Tanto quanto a tríade homo-sapiens-demens corresponde à impetuosidade-equilíbrio-racionalidade, simultaneamente, estes têm íntima correspondência com amor-poesia-sabedoria; até mesmo como sinônimos.
O complexo de Amor: Conceituar ou definir o amor é deparar-se com outro paradoxo porque ele é constituído de mitos e de realidades, do imaginário e da manifestação física e, a relação amorosa se envolve, ao mesmo tempo que está envolvida na complexa rede de palavras, de silêncio, de animosidade e de racionalidade, nos ritos sagrados de adoração, e na experiência mística com o outro. O Amor ultrapassa as fronteiras das regras sociais e dos valores hierárquicos, impostos pelo convívio em grupos e, desconhecendo as convenções, faz originar o encontro sublime entre a loucura e a sabedoria (razão). Dois Seres que se amam, projetam-se e fundem-se, passando a dar existência a um termo poético, implícito e de posse recíproca.
A fonte da Poesia: A fonte da poesia está no estado poético ou estado segundo, formado num retrocesso à linguagem humana que é constituída pelo racional e pelo simbólico. As pinturas rupestres são manifestações poéticas, assim como os rituais religiosos em atividades cotidianas – o estado primeiro. A poesia não é apenas uma manifestação literária. Antes, é a contemplação do Amor, apesar do distanciamento que o desenvolvimento tecnológico faz parecer que seja apenas literatura. Ciência e poesia interagem e também buscam motivos para existir. Esses motivos são encontrados na sabedoria sobre, e no amor, com a sabedoria que lhe é apropriada.
Necessária e impossível sabedoria: A filosofia já foi separada da sabedoria pelo desgaste causado com o advento da evolução dos valores contemporâneos. O poder e a sabedoria voltam a encontrar sentido nos dogmas das ciências espirituais. Então, os mundos ocidentais e orientais se incorporam por meio de trocas: o ocidente cria a tecnologia e estabelece parâmetros de comportamento, enquanto o oriente preserva e oferece uma filosofia voltada para a interiorização do homem em busca de si. Assim, a sabedoria racional moderna tem o respaldo na sabedoria espiritual, aquela que é inerente ao Ser Humano – homo-sapiens-demens e também nas demais espécies. Forma-se outra tríade: ruminar-retomar-transformar, equivalendo ao filosófico-ético-cultural que significa o amor.
Conclusão: O Amor é um conjunto de sentimentos enigmáticos que não ocorrem somente dentre seres humanos, mas também em outras espécies, embora dependa também do nosso lado racional. Todavia, este atributo não nos faz nem mais e nem menos sábios que certos animais, considerando que o amor acontece independente da nossa capacidade de raciocinar. É num misto de sabedoria e de irracionalidade que o Amor sublime nasce e se mantém. E é por meio da Poesia que ele se manifesta, sendo um instrumento de reconhecimento da contemplação da vida com todas as suas redes de pensamentos e de emoções. Um sábio não é apenas aquele que detém conhecimento das ciências técnicas; é antes de tudo alguém que aceita conscientizar-se de suas emoções e reconhecer o Amor. A partir daí, deixa de ser um mero amor e passa a ser Sabedoria e com esta e aquele, faz-se a Poesia. Por mais avanços e complexidades que o desenvolvimento e a evolução humanos possam atingir, será a poesia ainda o nexo entre o Amor e a sabedoria, no sentido espiritual sem, contudo, dissociá-los. Melhor seria não tentar encontrar uma lógica; uma explicação coerente, porque as premissas que compõem esse tema estão entrelaçadas e percorrem, sem qualquer controle e posicionamento, o signo do infinito, interagindo-se.
Atividade apresentada para a disciplina: Literatura.
Marisa Silveira Bicudo -3º Semestre de Letras FALC
1º/10/11.