ESTELIONATO! QUASE JORNALISTA...

Jouberto Uchôa de Mendonça – Reitor * ESTELIONATÁRIO

Rua Lagarto, 264, Centro - Aracaju/SE * Assunto: Diploma de Conclusão de Curso.

Senhor Reitor.

Nos idos de 1971 concluí os estudos de segundo grau sem estar certo do que me reservava o futuro.

Hoje, mais que presente, esse futuro ratifica o que os mais velhos, experientes, e até otimistas vaticinavam: “este País não tem jeito”.

Futebol, praia, frescobol, carnaval, nada disso me servia mais como elementos propulsores do Brasil rumo ao país do futuro, paraíso tropical da ordem, do progresso, da justiça social.

Passei a procurar outros sentidos nas coisas. Aracaju, uma cidade acanhada e, como até hoje, importadora de culturas e trejeitos, onde o meu arroubo não encontrava eco.

Em incontáveis oportunidades vi o Parque Teófilo Dantas ficar coalhado de gente durante julgamentos históricos, que transformavam o pequeno Fórum Gumercindo Bessa no metro quadrado mais disputado do Estado, comparado apenas às procissões do Senhor Morto.

Os cortejos comemorativos da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo partiam da Catedral Metropolitana da Aracaju, guiados por um pálio dourado confeccionado em fustão acetinado, destinado a sinalizar e abrigar a imagem do Cristo pós-sacrificado.

O aparato, sustentado por voluntários que se revezavam nas seis hastes niqueladas que o mantinha armado, descia a Rua Santa Luzia arrastando justos e pecadores. Rezas e cantorias ecoavam. Véus e velas acesas tremulavam pelas Avenidas Barão de Maruim e Ivo do Prado revelando a flamejante fé do exército dos excluídos.

De volta ao Parque a multidão frenética respondia a Dom José Vicente Távora, que perguntava: “Cristo salva”? A multidão, com as jugulares pulsando esperança na salvação eterna, e esforçando-se para ser ouvida pelos céus respondia: “salva”! Don Távora prosseguia o rito da catarse: Cristo reina”? Já com as cordas vocais aquecidas, fiéis não mediam tom para responder: “reina”! Por fim a sentença derradeira. Repetida ano-a-ano sem demonstrar sinais de cansaço o questionamento provocava o frenesi da massa: “Cristo impera”? Ficava assim posta a última chance do Criador atender ao clamor por dinheiro, paz e prosperidade. As mulheres, principalmente, com os véus já descansados sobre os ombros a absorver o suor que lhes brotava dos semblantes purificados pela luz divina, eram as mais ensimesmadas em responder: “impera”!

Finalizado esse ato a multidão procurava repor as energias consumindo o que lhe passasse à frente. Roletes de cana eram bem apreciados.

Os mais radicais no cumprimento do dever religioso superavam o jejum enfrentando as intermináveis filas, que se formavam com destino ao interior da Catedral, para devotar seu tributo à imagem do Senhor Morto, ressuscitado do descanso eterno para emprestar o corpo em gesso à profusão de ósculos, arrependimentos, promessas.

Pelo visto, as fervorosas manifestações não serviram, não servem e temo que nunca servirão para nos aproximar de Deus. Caso contrário o Brasil não teria conquistado o lugar de campeão mundial de analfabetismo, da miséria, da injustiça social, da má distribuição de renda, da corrupção e da impunidade. Sem falar da violência.

Descobri durante as procissões, pra onde era levado a reboque pela minha mãe, novidades como o policrômico algodão de açúcar, e a pipoca cor-de-rosa, que não tardaram a sofrer concorrência da maçã-do-amor. Muito depois é que apareceu a pipoca Lírio do Vale, produto híbrido que até hoje ninguém sabe o que é. Tinha de chocolate!

Para se somar à tradição da Sexta-feira da Paixão vinha o flagelo final. A fila do cachorro-quente de Seu João custava ao suplicante do milagre a penitência de engalfinhar-se em diabólica disputa pelas duas fatias de pão batizadas com batatas, carne moída e confeitadas com alface cortada bem fininha para ajudar a conter o recheio, e aplacar o calor fumegante emanado da sua aromática ebulição. Sem dúvidas um divino alento para paladares ávidos e estômagos famintos após longas horas de peregrinação.

No dia seguinte, maledicentes propalavam que as constantes idas de Seu João à pequena cozinha no fundo do barraco deviam-se à necessidade de o ancião coçar a ferida crônica incrustada em uma das pernas, versão que nunca foi confirmada, tampouco afastou a clientela que se manteve fiel até o progresso invadir o Parque, decretando o fenecimento da Barraca Sagrado Coração de Jesus.

Merino, filho de Seu João e herdeiro da milagrosa receita, ainda tentou uma conciliação com os novos tempos mas seu destino estava mesmo predestinado a repousar no passado.

Quanto aos julgamentos no Fórum Gumercindo Bessa, especialmente os dos assassinos de Euclides Paes Mendonça, Carlos Firpo, Torres Júnior e outros famosos, alertaram-me para a face criminosa da história, e, mais que tudo, cientificar-me da tarefa de assumir posições.

Apaixonado pela mistura brasileira, dava-me prazer em ver Lídio Bessa invadir aquele mesmo Fórum, cujo nome homenageia o seu avô, trajando saia, sutiã e gravata pendurada no pescoço. Lídio bebericava a mamadeira de cachaça descansada no carrinho de bebê que empurrava. A cara pintada recebia proteção da sombrinha desprovida do pano, com a qual ensaiava passos do mais legítimo frevo pernambucano, mesmo sem o auxílio da música.

Faltava-me encontrar a profissão que calasse fundo nas paragens dos meus ideais. Embalado por muitas elucubrações senti o momento de agir. Juntei alguns quilos de livros, um programa da Universidade Federal de Sergipe e me inscrevi, já nos últimos dias, para prestar vestibular. O intento me rendeu o ingresso para o mundo universitário, com destacada classificação para o Curso de Direito.

Já nas primeiras lides me dei conta do quão enfadonha seria a rotina nos tribunais, e o quanto exige descrever uma trajetória vencedora dentro dos meandros da ciência jurídica. Esse fato, longe de amedrontar, revelou meu pouco pendor para o sacerdócio, insistindo minha natureza bravia em enveredar por caminhos outros na busca de formas alternativas de vida, na Floresta Amazônica, na Cordilheira dos Andes e em vários Estados do Brasil. Onde plantei sementes da tribalização globalizada, como precursor de uso de brincos na orelha já em 1974.

Num fim-de-ano em São Paulo, já satisfatoriamente instalado, vi amigos e parceiros migrar na direção de seus velhos ninhos, e de novas conquistas. As casas da Vila Madalena, sempre enfeitadas de planos e de gente, ficaram vazias, funestamente impregnadas de mofo, e de frieza. Acabavam-se assim os dias de ginástica hercúlea para esticar o tempo e cumprir a variada agenda de atividades culturais.

Diante da irresistível iminência de ser mais um estranho no ninho, procurei escapatória. Os voos lotados. Na rodoviária, encontrei uma última passagem num ônibus que cobria a linha São Paulo/Natal, onde, aqui, em Aracaju, embarcaria novo passageiro até o destino final.

Cheguei numa manhã ensolarada. O peito estufado com o sentimento de que “o bom filho à casa torna”, e ansioso para saber de que maneira a experiência dos anos idos haveria de me abrir caminhos.

Dias depois, numa festa meio heterogênea na casa de Amaral Cavalcante, dividi um banco com duas pilhas de jornais mal impressos, em cujos cabeçalhos se lia: Folha da Praia nº 001, e na outra pilha, Folha da Praia nº 002. Uns 1.500 (mil e quinhentos) exemplares com datas há muito vencidas dormitavam encostados à parede fria, descascada e de cor indecifrável da sala de visitas, compondo o ambiente etílico/psicodélico de vertiginosa decadência. Um esperdício! Imediatamente promovi a sua distribuição gratuita. Assim começou o sucesso do Folho da Praia.

Trazia comigo o vigor de brocar e encoivarar roçados na Floresta Amazônica, onde tinha a opção de chegar em casa açoitado por cipós, para evitar dar a volta pela pinguela sobre o Igarapé Rio de Ouro, que circundava o tapiti coberto por palhas de jarina, e com as amplas janelas eternamente abertas para o céu.

Tudo que havia feito durante os anos em que estive por aí foi redobrar a vigília em relação aos valores que marcam a minha conduta, e fortalecer as defesas com as quais haveria de resistir à política de um País que deságua no oceano da iniquidade e da mais deslavada falta de respeito pela dádiva maior da natureza: avida.

Ter às mãos um instrumento de comunicação, embora embrionário, que falava em defesa do meio ambiente, com linguagem inovadora, órfão de pai e mãe, era tudo aquilo que nós, eu e Folha da Praia, precisávamos para celebrarmos a união.

Sustentada no meu dorso e impulsionada pelo meu ímpeto desbravador, que continua acreditando na força da criatividade e do bom senso para direcionar os empreendimentos, sem auxílio dos expedientes espúrios que enfraquecem o espírito e ensurdecem o coração, o Folha da Praia estabilizou-se como o veículo alternativo de maior importância da imprensa sergipana.

O Jornal ganhou o mundo, abrindo espaço para a variedade de mídia impressa segmentada que hoje se prolifera para atender nichos específicos, desenterrando a viabilidade econômica e a potencialidade de um mercado cada vez mais exigente.

Assim, ficou selada a sorte da Folha como tribuna livre para protestos, e estandarte da cultura, da arte, da literatura e da cidadania. Enfim, veículo de tudo que emanasse que emanasse do povo, como forma de quebrar preconceitos e de lhe garantir o direito de participar da sociedade como catalisador das suas próprias aspirações.

Pouco a pouco o envolvimento foi minando minhas resistências, até que um dia me dei conta de que estava contaminado pelo vírus da comunicação.

Passei a ser referencial. Contato de pessoas que que clamavam por justiça através de denúncias, e por transformações a partir de disseminação das suas ideias. Um universo deslumbrante.

Nunca aspirei a ser âncora de noticiários, foca, editor de qualquer veículo da mídia impressa ou eletrônica, em Sergipe, ou outro lugar qualquer no planeta. Meu negócio era jornalismo investigativo e uma rede que dividisse comigo o calor da mulher que amaria até a morte. Entrar de cabeça no que pudesse me interessar. Saber porque já não gostava, dede criança, da parte do filme em que o rei, com arco flecha, abatia o faisão em pleno voo. Continuo ainda por entender o Massacre da Candelária e do Eldorado do Carajás.

Estava em meio à elaboração do meu plano, à reorganização das minhas vontades e possibilidades, quando se tornou evidente a necessidade de retomar os estudos, sobretudo para ter acesso ao Diploma de Curso Superior em Comunicação Social, com especialização em Jornalismo.

Vivia as voltas com calendários, livros, apostilas, fichas de inscrição, programas, procurações etc., disposto a prestar vestibular para Jornalismo no Rio de Janeiro. Numa dessas conversas de rua alguém insistiu, infelizmente, que eu procurasse a Faculdade Tiradentes, pois lá estavam aceitando alunos egressos de outras Instituições de Ensino Superior, e lá oferecia o curso que me interessava.

Assim fiz. Daí em diante foi rápido e fácil. Orientado por Uchôa apresentei o Histórico Escolar trazido da UFS e fui matriculado, mesmo não sendo mais aluno de lá, pois meu vínculo havia se desfeito há 11 (onze) anos. Com o dinheiro na frente me matriculei, e comecei a frequentar as aulas.

O tempo foi passando até que cheguei à reta final. Faltando 1 (um) mês para a conclusão do Curso, certamente ao analisarem a documentação dos que concluiriam, deram por falta do documento que teria sido o passaporte para o meu ingresso na Tiradentes: VESTIBULAR, TRANSFERÊNCIA ou DIPLOMA (portador de diploma). Não existia nenhum deles.

Recebi a infortunada notícia pela voz do Professor Ailton. Mesmo assim, em dezembro de 1991, já hospitalizado, finalizei e entreguei a monografia intitulada Cachaça. Uma oração a Deus e ao Diabo.

Convidado para reuniões com o Diretor Uchôa, fui vítima de acusações que tentavam amputar a mim a culpa de a matrícula haver sido efetuada de maneira irregular, sem a devida documentação necessária, sendo, por esse motivo, castigado com a impossibilidade de Colar Grau, e participar das Cerimônias de Formatura.

Naquelas oportunidades o diretor da Associação Sergipana de Administração, além de me tachar de chantagista, ressaltava haver sido amigo do meu pai, à época já falecido, como se, do além, ele pudesse enviar plasma para a materialização do meu Diploma.

Dali em diante a desfaçatez passou a ser a palavra de ordem eleita pela FIT para protelar o cumprimento dos compromissos assumidos com alunos no momento da efetivação do vínculo.

Todo esse dissabor, coincidentemente ou não, desencadeou em mim severo quadro de lesão espontânea na coluna vertebral. Submetido a cirurgia, imperou a incompetência da equipe médica que quase conseguiu me tirar definitivamente do ar.

Se bem conheço a essência das relações de poder, sou capaz de apostar que, durante os 30 (trinta) dias de “hospedagem” na UTI do Hospital São Lucas, e dos meses no apartamento visitado por amigos mais próximos e curiosos mais intrépidos, o alto comando das ASA/FIT chegou a escalar quem levaria as flores ao meu funeral, em agradecimento a Deus por haver-se livrado de tamanho incômodo.

Impossibilitado de Andar, numa cidade pouco aparelhada para facilitar a vida dos que usam cadeiras de rodas como meio de locomoção, fiquei com as atividades de paraplégico iniciante significativamente limitadas. Nem por isso deixei de usar, insistentemente, o serviço telefônico, e aproveitar as oportunidades nas quais as correntezas da vida me arrastaram na direção do começo da Rua Lagarto, para cobrar da FIT o bem pelo qual despendi significativa parcela do meu orçamento, e preciosos anos da minha vida: o Diploma.

Após quase dois anos da conclusão do curso, sendo evitado com embromações e soluções evasivas, o diretor da Tiradentes me orientou a encaminhar solicitação para, em local, data e hora predeterminados, realizar a Cerimônia de Colação de Grau no Curso de Comunicação Social com especialização em Jornalismo. Todo o trâmite veio embrulhado em guias e mais guias de pagamento de taxas e os mais devidos que nunca acabavam.

Sendo assim, no dia 14 de agosto de 1993, após os juramentos de praxe, o Diretor Uchôa comprometeu-se a dedicar penhorado interesse para a expedição imediata do reclamado Diploma.

Esse compromisso surtiu algum efeito – foi expedido o Atestado de Conclusão do Curso de Graduação em Jornalismo, em 27 de setembro daquele mesmo ano. Documento provisório enquanto aguardava o Diploma, em fase de registro (esse Registro é a Título Precário, tendo validade de 1 (um) ano. Se o Diploma não for apresentado até o fim deste prazo o Registro TORNA-SE INVÁLIDO).

De posse do Atestado, dei entrada ao requerimento para Registro Profissional junto à Delegacia Regional do Trabalho, deferido e homologado sob o nº 597/SE., constante das folhas 21, verso, do livro 04, isso já em 05 de dezembro de 1993.

Munido da Carteira Profissional com o devido Registro solicitei afiliação ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe, entidade de classe que não tardou a acatar a soberana decisão da DRT.

Depois disso cheguei a imaginar que, enfim, havia chegado o momento de investir todas as forças na consecução do tão ninado Projeto Continuar Estudando.

Em 1995, após muita resistência, a Faculdade Tiradentes emitiu o DIPLOMA. Enviado para a Universidade Federal de Sergipe para REGISTRO, a UFS questionou a FIT qual teria sido a modalidade de INGRESSO do aluno, que poderia ter ocorrido de 3 (três maneiras): 1 – Por VESTIBULAR / 2 – Por TRANSFERÊNCIA / 3 – Como PORTADOR DE DEPLOMA. A Tiradentes nunca respondeu, nem a mim nem a UFS, permanecendo lá o DIPLOMA sob o regime de Solução de Continuidade.

A Faculdade Tiradentes deu um NÓ em todo mundo!

Passaram-se os dias, os meses, o século, o milênio. Os projetos, como num prolapso, não se sustentaram, pela impossibilidade de apresentação do famigerado Diploma, e expuseram o meu avesso enganado, sangrando, dilacerado.

Fiquei impedido de seguir a trajetória rumo à especialização com Mestrado, Doutorado, em Jornalismo Investigativo, como também de prestar concursos para empresas públicas, privadas e universidades, além de pleitear bolsas de estudo em países que entendem a educação como elemento primaz na formação de cidadãos.

Lá, por aí, em volta do mundo, eternamente me esperam: Lívia Souza, na Inglaterra; Antonieta Santos Luhring, na Alemanha; Antônio Breves, na Austrália, e um tanto gente amiga disposta a entapetar as minhas possibilidades de continuidade dos estudos, desde quando referendado pelo Diploma, que nunca saiu.

Mesmo trabalhos menores dormiam na prateleira. Como o Registro Profissional na DRT é a título precário, tendo validade de um ano até a apresentação do Diploma para a sua efetivação, havia caducado. A partir daí, atuar como jornalista seria exercício ilegal da profissão.

A Faculdade Tiradentes deu um NÓ em todo mundo!

As adversidades e dificuldades impostas por não poder comprovar o meu grau de instrução amontoaram-se como barreiras intransponíveis, e me transformaram num montículo calcinado de planos, projetos e sonhos, enquanto as Faculdades Integradas Tiradentes eram promovidas a Universidade Tiradentes, para, iluminada pela luxúria de nababescos e milionários candelabros de cristal continuar navegando a velas enfunadas na direção de ampliar seus horizontes, hoje tão bem demarcados no mapa empresarial de Sergipe.

A determinação dos que comandam essa Instituição de Ensino Superior, somadas aos inestimáveis serviços prestados – não só a Sergipe, mas também a estados circunvizinhos – alavancaram e consolidaram seu estrondoso crescimento. Não posso deixar de acreditar, entretanto, que eu também tenha contribuído para esse crescimento com as minhas parcelas mensais, enquanto a Tiradentes cometia a deselegância de não servir papel-higiênico nos seus sanitários, numa tresloucada contenção de despesas que feria os protocolos de saúde pública. Descarga só de vez em quando.

Durante anos a fio paguei as minhas mensalidades. Quando atrasadas, com juros tão escorchantes que provocavam sucessivas contendas jurídicas, protestos, condenações, liminares, mandados de segurança, e abandono de curso por impossibilidade financeira de alguns continuarem pagando valores astronômicos.

Muitos alunos, coitados, perdiam o investimento realizado enquanto acalentavam o sonho de melhoria de vida, e eram imediatamente substituídos por nova leva de esperançosos jovens que continuam, como Tiradentes, sendo enforcados, esquartejados, e tendo as suas partes espalhadas pelas ruas e praças Brasil afora, onde a educação virou artigo de luxo, e o mau caráter bilhete de entrada para o mundo dos bons negócios.

Fato é que os dezessete anos - se somados os que estive cursando aos que estou esperando o Diploma – só têm servido para me transformar num cidadão que parece, mas que não é!

A mirabolante engenharia existencial aqui relatada tem nascentes, primeiro, na obediência aos impulsos que buscam o equilíbrio através da realização profissional, depois, na perseverança de assegurar sobrevivência a mim e ao meu filho Pedro, que dormiu no meu colo durante aulas dos professores Jurandir, Paulo Roxo, Marum, Wilma nas raras oportunidades que não tive com quem deixá-lo.

Recentemente, por recomendação expressa do otorrinolaringologista da família, fui obrigado a incinerar enorme coleção de recortes de jornais e de revistas (em vários idiomas) com avisos, editais, fichas de inscrição etc., para cursos, concursos, bolsas de estudo, licenciaturas, enfim, material para credenciamento em todo tipo de oportunidades que o Diploma me facultaria.

Coligidos ao longo dos anos de espera pelo Diploma, os recortes transformaram-se em hospedaria para rebanhos de ácaros, fungos diversos, traças, mofo, e toda sorte de vida que passei a alimentar nos pastos da nostálgica coleção. Sem querer, me transformei num grande fazendeiro de pequenos a microscópicos animais. Esse amor à natureza foi contestado pelo otorrino, causando o aniquilamento do foco que provocava o malefício aos quantos respiram o ar desta modesta casa aqui na Rua Do Socorro/ 170, em Aracaju.

Os males a mim causados por esse desastroso incidente administrativo, de responsabilidade civil e de autoria dessa Instituição de Ensino Superior, são de proporções catastróficas. Sendo assim, convoco o bom-senso dos que comandam UNIT para honrar sua parte no Contrato de Prestação de Serviços celebrado quando do ato de me haver convidado, e me matriculado nestas condições na Associação Sergipana de Administração.

A essa altura dos acontecimentos a vida já me ensinou outras alternativas de sobrevivência. Todas honestas, é bom frisar. Contudo, faço questão de aproveitar as raríssimas chances que ainda surgem, em razão dos quase cinquenta anos. A falta do Diploma continua sendo o grande precipício que me distancia da realidade.

O popular CANUDO nunca me chegou às mãos. Porém, continuo disposto a começar tudo de novo em busca de extrair a verdadeira essência da vida, e de explorar o que de melhor a natureza possa ter me dotado.

Garantir a minha qualificação profissional e a sobrevivência, minha e da minha família, dentro dos padrões que elegi, tendo para tal confiado na seriedade dessa IES, é o objetivo que persigo. Não posso é me render ao jugo do autoritarismo e da irresponsabilidade.

Solicito a pronta Expedição do Diploma de Conclusão do Curso de Jornalismo, na oportunidade em que desejo muito sucesso à Universidade Tiradentes na caminhada em direção aos muitos espaços que ainda haverá de conquistar.

Atenciosamente,

Ronald Cabral Simas Simas

Quase Jornalista (Informações com a Unit)

Publicitário - DRT 36/SE

Ronald Cabral Simas
Enviado por Ronald Cabral Simas em 06/11/2014
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