Um olhar indeterminado

Assim caminha o olhar, indeterminado na sua tarefa de ver, recuado, cuidadoso e profundo.

No seu abrir, tudo é misturado, e o que é re-conhecido, não conseguimos perceber ou dar conta do seu significado na totalidade. Por isso adotamos o superficial, e a troca, que nos alimenta na tarefa de ver o outro, se esvai nas ideias, que contaminadas pelos interesses, perde a investigação do ser, que carrega a codificação mistica da alma.

Sobremaneira, hoje eu vi alguns olhos, e eles, no seu visar calado, diziam que queriam ser vistos, pois, o ser visto era o mesmo que ser encantado e encantar. Entretanto, a missão que o olho se coloca, de ver e ser visto, de contemplar e ser contemplado, não parece tão claro a respeito da sua finalidade.

Mas se uma das finalidades do homem é ver e sentir, já que está posta no corpo, como os outros sentidos por exemplo, então é sinal de que ver o outro é a completude que nunca cessa, das almas que nunca se satisfazem por deleitar-se com os momentos vida, ou de outro modo, das almas que se demonstram sedentas por não ver o suficiente, ver então, na percepção cronológica do tempo, é missão divina e eterna que tende a infinito.

Deve ser por isso que o olho vê, que a alma se capacita, que o individuo se diz inteligível, e parece ser por isso que a contemplação, para ação, entrega sua matéria as tarefas lógicas da vida.

Pingado
Enviado por Pingado em 23/10/2014
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