Condenado pela consciência

Competência associada: Dignidade

(*Pedro Pereira Fernandes Neto)

Dia desses, um tigre atacou um garoto num zoológico. Uma sequência de erros, permissões exageradas, descaso, pais relapsos, povo que filma, enfim! Mas ninguém tomou providências, e as consequências todos conhecem.

Um dia depois, a mídia e as outras pessoas alheias à situação, já condenavam a família do rapaz, pelo simples fato de condenar, óbvio! De quem é a culpa? – Dos pais, diriam muitos. Logo o povo se preparou para condená-los, pois afinal, por culpa deles acontecera tal tragédia. Não sei para que. Pois afinal, aquela família já havia sido condenada (e pior!) ...... pela consciência.

Essa experiência não é nunca foi e jamais será única. Pese qualquer ação que se faça, de forma boa ou má, haverá sempre a necessidade de prestar contas a nós mesmos, na hora de dormir: quando colocarmos a cabeça sobre o travesseiro. Essa é a hora mais difícil. A consciência cobra, insiste em remoer, em perturbar. Está correta. E dela jamais escaparemos!

Se voltarmos na bíblia, veremos que Pedro se lembrou das palavras que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente (Mateus, 26:75). Fora condenado pela consciência.

Foi assim, também, com Dona Joana. Pobre, sem condições de criar seus filhos, viu-se obrigada a permitir o trabalho deles na fase da adolescência. E mais ainda: em trabalhos pesados, próprios e dignos de pessoas com mais expertise, que não era o caso dos seus meninos! Um dos seus filhos virara carvoeiro, trabalho duro, outro havia virado padeiro e sua filha mais velha, aos treze anos, era garçonete. De uma forma geral, tudo ia bem. Mas o senso de mãe da Dona Joana não a deixava descansar e ela vivia perturbada. O fato de não poder proporcionar uma vida melhor para seus rebentos, evitando que trabalhassem quando parte da turma estava estudando, era algo desesperador para ela. - Por que, será meu Deus, que meus filhos tão novos têm que trabalhar? Estava desde há muito tempo, condenada pela consciência.

Dias depois, naquela cidadezinha onde dona Joana vivia, uma família estava destroçada. Um dos filhos dela trabalhava desde muito moço, e um acidente na carvoaria havia roubado um braço do rapaz. Seus pais estavam inconsolados. Era aquela a situação desesperadora que a Dona Joana nunca ousou imaginar que poderia acontecer com um dos seus, por permitir que trabalhasse ainda jovem “antes da hora”.

Dona Joana recolheu-se, passou a sofrer, envelheceu, perdeu o gosto pela vida, morrendo pouco tempo depois, de desgosto.

Fora condenada pela pior das justiças: a sua.

Assim, não devemos condenar ninguém por algo que fira sua dignidade. De repente, essa pessoa já está condenada pela sua consciência e você poderá estar aumentando a dor daquela pessoa, proporcionando uma morte (a mais) antes da hora!

Pense nisso!

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*Pedro Pereira Fernandes Neto, (e-mail: pdr.pereira@gmail.com), formação na área de exatas (Engenharia Civil e Matemática, com especialização em Gestão Empresarial e logística), é um iniciante na arte de escrever sobre gestão de pessoas.

PPereira
Enviado por PPereira em 23/09/2014
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