Era uma vez uma menina...

Era uma vez uma menina inocente, que acreditava em tudo que diziam, era difícil ver um sorriso estampado em seu rosto tão lindo, puro, tinha um olhar sempre triste, é como se sempre tivesse faltado algo para ela. Mesmo sem entender o quer era, pois ainda era muito nova, mas sabia que existia um vazio dentro de si. Vivia com os seus pais e seus dois irmãos, a convivência nunca foi boa, sempre com agressividade, não existia diálogo, apenas gritos, desrespeito, claro que não era todos os dias assim, mas na maioria das vezes sim. Ela não tinha liberdade de brincar com seus irmãos em casa, pois seu pai quando estava em casa não gostava de barulho, queria descansar para ir trabalhar, era difícil para ela entender porque tinha que ficar sempre em silêncio. E tinha que esperar ele sair ao trabalho para brincar como queria, ela só queria brincar. Mas na maioria das vezes não conseguia, pois existia um homem que morava na frente de sua casa que a chamava e obrigava ela a fazer coisas que é melhor não falar, até mesmo porque nem ela lembra direito, era muito novinha. É melhor enterrar tudo aquilo, ela só não sabia que aquilo iria permanecer para sempre no seu psicológico, ela mal sabia o que era tudo aquilo...os dias foram passando...meses...anos...ela foi crescendo...ficando mais esperta, ouvindo, vendo e entendendo melhor tudo que se passava. Começou então, por ouvir as conversas de seu pai no telefone, ela se interessava porque achou um pouco estranho todos os dias ele conversar com alguém e contar o que se passava, ele parecia flutuar quando falava com aquela pessoa ao telefone...até sua voz mudava, ficava mais suave, não gostando daquilo, então resolveu contar para sua mãe, onde não deu muita importância, dias se passaram, meses, sua mãe começou a desconfiar, e decidiu seguir seu pai, viu que ele entrava num motel, ela entrou também e foi até o quarto, quando bateu na porta, ele abriu, ela viu aquela mulher que escondia seu rosto com o lençol do prazer, ficou descontrolada, querendo entrar lá para ter certeza de quem ela já desconfiava, mas não restava dúvida, pois ela já tinha investigado ligações, números, a voz da pessoa, tudo se encaixava naquela pessoa, ela só não conseguia acreditar que realmente era ela, logo ela, considerava como uma irmã, mas tudo se esclareceu, e seu pai foi embora de casa. A dor era muito forte, sua mãe sofria tanto, tanto, elas se uniram e rezaram todos os dias o Terço para se libertar daquela dor. Depois que seu pai saiu de casa muita coisa mudou...ela e seus irmãos tiveram mais liberdade de fazer o que não faziam pois ele proibia muita coisa. Mas de uma coisa ela não podia reclamar, o relacionamento dela e de seus irmãos com seu pai melhorou 100% depois que ele saiu de casa, ficaram mais unidos. Foi muito difícil para ela aceitar seu pai com aquela mulher, não conseguia perdoar, então não ia na casa de seu pai, e não ia para os mesmos lugares onde ela estava, acabou ficando distante de seu pai, porque não aceitava ele com aquela mulher, era muito confuso e doloroso para ela ter que aceitar aquela mulher de sua família, sua prima com seu próprio pai, não dava. Passaram anos e anos...a ferida foi cicatrizando, a menina realmente cresceu, já era uma mulher, estava fazendo faculdade, namorando, mas sempre sentindo um vazio, na verdade ela sempre foi uma menina problemática, nunca foi uma ótima aluna, sempre com dificuldade no aprendizado, concentração, baixa-estima, sentia uma escuridão sem fim. Nunca se amava de verdade. Passaram-se anos...ela foi passar o ano novo de 2007-2008 no litoral, na praia como ela sempre gostou, música, bebidas, dançando, se divertindo...estava livre, tinha terminado seu namoro há pouco tempo, mas já se sentia bem. Começou a trocar olhares com um homem, diferente de todos que ela já havia paquerado, ele tinha algo que chamou muito a atenção dela e ela não parava de dançar e de olhar para ele, era como se parasse o tempo e só existissem eles dois naquela praia em um dia de luar, madrugada chegando, já era 2008, ele se aproximou dela, e a partir daquele momento eles eram um só, sorrisos, beijos, abraços, muita bebida, total sintonia, estavam ali dançando, conversando, curtindo aquele momento tão empolgante, amanhecendo ela tinha que ir embora, os dois já estavam bêbados, começaram a se despedir, moravam em cidades diferentes, eles não queriam se separar, ela sentia uma dor, mas não entendia como sentia algo tão forte por alguém que tinha acabado de conhecer, foi quando deram seu beijo de despedida e prometeram que iriam manter contato, que não acabaria ali. Passaram dias, eles se falaram por telefone, coração acelerado, mão gelada, voz trêmula, ela o queria tanto, uma pena, eles estavam distantes, em cidades diferentes, mas isso não dizia nada, o sentimento era mais forte, estavam consumidos pela paixão, precisavam se encontrar novamente, sentir o cheiro, o gosto do beijo, o tocar, os olhares que pareciam eternos. Passaram dias, ele foi visitá-la, e se entregaram loucamente aquela paixão...não conseguiam mais ficar distante um do outro...trocavam mensagens e se falavam todos os dias, aquele sentimento foi aumentando cada vez mais, então decidiram morar juntos, ela nunca pensara em deixar um dia sua família, onde ela tinha grande apego, mas o que sentia por aquele homem era tão forte que fez com que ela deixasse tudo e todos para amanhecer e adormecer todos os dias ao seu lado. A saudade da família era grande, o relacionamento com todos eles ficou mais de união, até com seus irmãos onde brigaram tanto quando moravam juntos, ficou com uma sintonia muito grande. Tudo parecia perfeito, dias se passaram, meses, ela começou a colocar coisas em sua cabeça onde eram bem mais forte do que ela, passou a desconfiar de seu marido constantemente, sem que ele desse motivos, mas aqueles pensamentos estavam dominando sua cabeça, ela não sabia mais o que fazer, estava tornando sua vida a dois num verdadeiro inferno, surgiram as brigas constantes, ela se sentia dependente dele de uma forma que mal conseguia respirar, aquilo sufocava ela, mas ela não conseguia parar. Anos se passaram e continuavam a viver da mesma forma, dias alegres, dias tristes, e a desconfiança dentro dela permanecia. Ela não conseguia tirar aquilo de dentro dela, ela lutava, lutava, lutava, mas lá estava a desconfiança com toda força. Esse homem ensinou muitas coisas que ela ainda desconhecia...ela amadureceu muito depois que o conheceu, é tanto que já conseguiu perdoar a mulher de seu pai, ela pensou consigo que não valia a pena ficar distante de seu pai por causa daquela mulher, e passou a aceitar o relacionamento deles, hoje vive bem mais leve com tudo isso. Ela foi começando a se aproximar cada vez mais de DEUS, para se fortalecer, ser uma pessoa melhor, com sentimentos, coração, pensamentos novos, ela precisava de restauração em sua vida. E teve...já está casada há 7 anos, muitas coisas aconteceram durante todos esses anos, moraram em várias cidades diferentes por conta do trabalho dele, com isso ela nunca conseguiu um trabalho de verdade, ela ainda não conseguiu se focar em algo, mas está lutando para ter foco, quer muito ser uma mulher independente, e assim eles vão vivendo sua vida, agora morando no exterior onde tudo realmente funciona de verdade, é o primeiro mundo, tudo é maravilhoso, está tendo dificuldade apenas com a língua, o inglês, mas com o tempo quem sabe ela tire de letra tudo isso. O importante é não desanimar. Até hoje ela não faz seu marido feliz, por conta de suas inseguranças, desconfianças, dependência, mas ele também não desiste dela, ele luta para que ela mude, seja uma mulher independente, segura, com autoestima, ele só não sabe até quando aguentar toda essa instabilidade dela, mas continua tentando...

E assim é sua vida, buscando um dia ter orgulho de si própria e dar orgulho as pessoas que ama...deseja muito que sua família seja feliz, viva em paz, se cuidando sempre, e quer fazer muito seu marido feliz.

Então vou ficando por aqui, vamos deixar mais alguns anos passarem para que ela volte a me contar mais de sua história tão especial...

Até breve...

Lua pluma
Enviado por Lua pluma em 29/07/2014
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