Escolha das Provas
Estamos vivendo a experiência da vida no corpo material com objetivo de nos purificar e esclarecer, para atingirmos a perfeição.
As dificuldades que encontramos nesse trajeto é provocada pela nossa imperfeição, nossas escolhas através do Livre Arbítrio.
Como Espíritas Cristãos e estudantes da doutrina de Kardec, temos maturidade para entender que as provas pelas quais passamos, foram escolhidas por nós mesmos.
É um fato que estamos num mundo de provas e expiações. Precisamos entender o porquê e o que é “prova”. O que é expiação?
Emmanuel, no livro “O Consolador” explica:
"A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime.
A prova é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual." O Consolador” questão 246.
Trata-se da escolha consciente das próprias necessidades de aprendizado, pela vontade de evoluir. Ocorre que um determinado Espírito escolhe reencarnar lado a lado com um Espírito amigo e por amor, ajuda-lo a evoluir.
A Terra é planeta escola, onde as provas e expiações são benefícios ao nosso desenvolvimento na longa trajetória à perfeição. Nascemos aqui porque nosso grau de adiantamento é compatível com esse planeta e as possibilidades oferecidas aqui são totalmente pertinentes às lições que deveremos aprender.
Quando estamos desencarnados, nossa consciência é muito mais clara do que quando estamos no corpo.
No Plano Espiritual reconhecemos nossas falhas, nos vemos exatamente como somos. Não existe juiz mais severo do que nossa própria consciência. Retiramos os véus das aparências.
Antes de cada nova encarnação, analisamos os tesouros morais adquiridos, as faltas que cometemos, onde e como falhamos e quais são as virtudes que deveremos conquistar.
No livro “Renúncia” Chico Xavier/Emmanuel, cap I observamos um grupo de Espíritos conversando sobre a data da reencarnação que se aproxima e as virtudes que eles esperam adquirir, bem como os erros que desejam reparar. Num diálogo entre várias personagens desse livro, eles relatam e nos ensinam as dificuldades que encontram quando estão vivendo num corpo.
Dois personagens Polux, um espírito comprometido com as Leis Divinas e Alcione, espírito elevado, por seu merecimento, em encarnações anteriores se uniram por laços de amor sincero e Alcione, se propõe a voltar a vida na matéria para dar apoio a Polux.
Então nem tudo são dificuldades escolhidas, podem ser missões ou, encarnações em benefício de outros.
Será que todas as tribulações foram escolhidas por nós?
Sim. Escolhemos o gênero da prova, mas não os detalhes. Escolhemos as circunstâncias e o ambiente necessário para vivenciarmos determinada situação. Livro dos Espíritos, questões 258, 258ª e 259 Vale à pena diferenciarmos que em algumas vezes decidimos que desejamos aprender algo e noutras, estamos colhendo o que plantamos. Não podemos esquecer que toda ação gera uma reação, que pode ser imediata ou, colheremos em encarnações futuras os resultados de nossas más ações na atualidade.
Sempre somos nós que provocamos nossas dificuldades, pelas nossas ações, nessa ou em encarnações anteriores ou porque escolhemos.
E os Espíritos primitivos e ignorantes?
Eles ainda não têm conhecimento necessário para decidir sobre o gênero das provações, então Deus, não os deixa sozinhos, permitindo que Espíritos elevados os ajudem nas escolhas, aconselhando-os. As provas são simples, adequadas ao entendimento desses Espíritos que estão ensaiando as idéias da vida. Livro dos Espíritos questão 262.
Conforme vão aprendendo e desenvolvendo a inteligência e compreensão, gradativamente fazem uso do Livre Arbítrio. Quando mais “solto” maiores as possibilidades de caírem nas tentações do mundo material. Religião dos Espíritos – lição “Examinadores” Chico Xavier/Emmanuel.
Um Espírito vindo de um planeta mais atrasado que a Terra, ou oriundo de um povo atrasado, nascendo na civilização poderão extraviar-se, sentir-se deslocados, propiciando o triste espetáculo da ferocidade. Livro dos Espíritos questão 272
Por exemplo: Um Espírito pode escolher nascer em meio a total pobreza, ou entre malfeitores, para suportar as carências corajosamente, a fome, a residência sem conforto, ou vencer a criminalidade. Tudo depende das lições que deverão aprender e qual ambiente que melhor ofereça essas oportunidades de aprendizado.
O orgulho, o egoísmo, o ciúme são emoções que geram inúmeros erros e mazelas na Terra. Podemos chamar de “queda do Espírito” O Consolador, Chico Xavier/Emmanuel – questão 248.
As Leis Divinas esperam o resgate, o aprendizado, sem pressa, mas o Espírito de má vontade, preguiçoso que poderá não entender seus entraves, então uma existência de expiações poderão ser-lhe impostas quando Deus considerar útil a sua purificação e adiantamento.
Acontece de alguns Espíritos reencarnarem em meio a grandes aflições, não porque cometeram erros, mas sim, porque já estão em condições de assimilar virtudes sublimes. Recebem, os parentes difíceis e os amigos complexos, os adversários gratuitos e os irmãos desafortunados, são corações amadurecidos, procurando adquirir as virtudes do amor e sabedoria, para alcançarem altas esferas de adiantamento. Religião dos Espíritos – lição “Examinadores” Chico Xavier/Emmanuel
Nós poderemos pensar: eu certamente escolheria a provação da riqueza, da fama, do sucesso! Pensamos assim porque estamos encarnados e vemos somente esse momento das nossas vidas. Uma das provas mais difíceis é exatamente a do poder, da riqueza.
Não existem garantias de que não iremos sucumbir nas malhas do possuir, na avareza, egoísmo e orgulho desregramentos de toda ordem.
Tal o viajante que, no fundo de uma vale ensombrado por espesso nevoeiro, não vê a extensão, nem os pontos extremos do caminho por onde vai. Mas, chegando ao cume da montanha, abrange com o olhar o caminho percorrido e quanto lhe resta dele por percorrer, vê o seu final, os obstáculos que ainda terá que transpor e pode então escolher com mais segurança os meios de o atingir. O Espírito encarnado é como o viajante no sopé da montanha. Desembaraçado dos laços terrestres, sua visão tudo domina, como a daquele que atingiu o pico. Para o viajante, a meta é o repouso após a fadiga; para o Espírito, é a felicidade suprema, após as tribulações e as provas”.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V aprendemos que podemos procurar meios para abrandar as provas, assim como um doente deve procurar remédios que o passam curar, “As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência e a resignação”. Assim será desenvolvida a inteligência, a paciência e a resignação.
Se as aflições e a dor fazem parte do aprendizado, provoca-la, causar danos ao próprio corpo não traz o mesmo resultado. Basta que perguntemos: qual é o benefício que esta dor traz a mim? E ao próximo? A Deus basta que superemos os obstáculos com humildade e resignação. A vida na Terra já oferece as dores suficientes às nossas necessidades.
O mesmo não se dá àquele que se sacrifica em benefício de outro. Aquele que se apieda do sofrimento do próximo e pratica ações para aliviar seu fardo, está cumprindo a Lei de Amor, Universal. Nossa prova pode ser a de aliviar as provações
e expiações de outro. Conhecer a Lei da Ação e Reação não deve endurecer nosso coração. Cada um tem o que merece, mas será falta de amor permanecermos indiferentes se podemos levar soluções e alívio àquele irmão que sofre.
E abrandar as provas do próximo?
Somos irmãos, é da Lei Divina amar ao próximo, se tivermos os meios de ajudar um irmão a passar pelas dificuldades e diminuir seus sofrimentos é um dever.
“Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer que cesse esse sofrimento; se não me deu a mim, também como prova, como expiação talvez, deter o mal e substitui-lo pela paz."
Um Espírito encarnado ao fraquejar nas suas lutas jamais poderá se expor propositadamente a perigos, para abreviar a vida. Essa é uma forma de suicídio e comprometerá o desenvolvimento moral e intelectual desse Espírito. Totalmente diferente da pessoa que corre um perigo para salvar a vida de outro, aí existe mérito, se o objetivo é apenas de devotamento e amor.
Assunto polêmico: Eutanásia.
Não conhecemos as provas escolhidas antes da encarnação, não sabemos o que aquela pessoa decidiu aprender! Quem garante que os momentos de sofrimento, antes do desencarne, não sejam de profunda reflexão! Oração sincera a Deus!
Arrependimento! A eutanásia é contra a Lei de Deus.
Mas o Espírito liberto da matéria vê as coisas por ângulos mais profundos, mais reais, pois a verdadeira vida não é a do corpo, mas sim a do Espírito. E com esse olhar, nós podemos perceber os fins e as maneiras para atingir o objetivo.
É por esse motivo, para chegarmos mais rapidamente a uma vida mais feliz que aceitamos, que imploramos a Deus para superarmos as provas de dor e sacrifício, por isso não pedimos uma existência suave, pois a dor, os problemas, e nossa busca pelas maneiras para superá-los e a coragem para aceita-las com resignação, nos dá o impulso para evoluirmos. Emmanuel Chico Xavier/Emmanuel cap XXXII.
Assim somos nós quando estamos sem o corpo, nossa consciência é plena.
Mas podemos errar na escolha das provas, podemos sucumbir em muitas dificuldades, por diversos motivos. E se escolhemos uma vida tranquila e ociosa, não atingiremos nem um degrau na evolução.
Quando voltarmos ao Plano Espiritual, faremos um reajuste nas escolhas.
Mas não lembramos das experiências vividas no passado.
Temos um esquecimento quase total das encarnações anteriores. Porque?
Imaginemos que tenhamos sido orgulhosos, altivos, aí nascemos numa condição bastante humilde.... Ou beijar o filho amado sabendo que já foi nosso inimigo...... ou conviver com uma pessoa sabendo que a prejudicamos gravemente?
A lembrança total das encarnações passadas poderia nos pôr a perder e ainda gerar novos erros, novos rancores......
O esquecimento temporário é uma benção que Deus nos deu, e é parcial, temos uma vaga recordação, as vezes sonhamos, ou temos a sensação de que já vivemos ou já vimos aquele cenário. Emmanuel, Chico Xavier/Emmanuel – cap. XXXII.
Lição aprendida, ou seja, virtude conquistada não será jamais perdida. Faz parte da bagagem que levamos conosco.
Se em determinada encarnação desenvolvemos uma aptidão, uma vocação que nos fez muito bem e também ao próximo, poderemos escolher novamente aquela atividade, pelo bem da coletividade e de nós mesmos.
É por esse motivo que um Espírito adiantado pode nascer entre os primitivos. Pode tratar-se de uma missão, ou de uma provação, que será útil para todos. O Espírito adiantado servirá de exemplo para os primitivos se orientarem, ou desenvolverem uma certa tecnologia.
Quando estamos desencarnados solicitamos dificuldades que julgamos proporcionais à nossa capacidade de suportar e superá-las. Mas vestidos do corpo, sentimos que todo o peso do mundo está sobre nossos ombros.
O que podemos fazer se no mundo material, (encarnados), as provas se tornaram demasiadamente difíceis?
Jesus, no Sermão do Monte proferiu as Bem Aventuranças. Bem Aventurados os aflitos, os que choram, os que sofrem. Jesus nos fala de dias melhores? Não nos deu esperança? Resignação? Exemplificou a resignação. Ele próprio orou ao Pai, da mesma forma que nos ensinou.
O que é resignação?
Resignar-se é aceitar os sofrimentos sem nada fazer?
No Dicionário Aurélio, sim. Significa: “submissão paciente aos sofrimentos da vida”.
Na Doutrina Espírita compreendemos que as dificuldades são necessárias para nosso desenvolvimento moral, espiritual e intelectual.
Pode também ser consequência das nossas atitudes em outras vidas.
O Espírita Cristão passa pelas aflições com paciência e atuando para melhor superá-las, sem revolta ou lamentações de forma responsável.
Sabemos que escolhemos passar por essas dores.
O aceitar, por haver compreendido, pelo esclarecimento da razão e do coração.
Mas podemos abrandar nossas lágrimas através da oração. Se queremos cumprir até o fim todas provações, a oração nos dará coragem, nos fortalecerá. S
Nenhuma oração é inútil, pois Deus fará chegar aos nossos pensamentos as ideias para superação e sucesso!
Conclusões:
As provas que nos parecem muito difíceis, não estão além das nossas possibilidades;
A escolha de semelhantes provações é uma questão de preferência individual;
Quando estamos encarnados nossa consciência está limitada pelo corpo e não conseguimos ver a imortalidade e a grandeza da criação Divina, Seus propósitos de perfeição para nós.
Quando estamos desencarnados refletimos acertadamente sobre a verdade;
A vida espiritual é a verdade;
Desejamos adquirir méritos para desfrutarmos da vida espiritual;
Sabemos suportar: riqueza sem desregramentos;
Mesa farta sem gula;
Posse de bens sem egoísmo;
Bem estar com interesse pela sorte dos outros.
Essa reflexão nos faz entender porque a maioria da humanidade escolhe reencarnar em situações difíceis, para garantir o patrimônio de aquisições espirituais, que serão o alicerce da felicidade na imortalidade.
Emmanuel – Chico Xavier/Emmanuel – cap. XXXII